Concentração em candidato único x pulverização e
popularidade x rejeição são os dois principais dilemas a serem resolvidos
Mais conformada com a possibilidade de o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
concorrer ao Planalto como o principal adversário do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), a oposição terá que fazer escolhas importantes nos
primeiros meses do ano eleitoral.
Além de bater o martelo sobre o principal representante do
bloco, os caciques dos partidos devem decidir se apostam em juntar as forças em
um único nomes desde o início ou se terão vários nomes nas urnas (e nos
debates) para minar Lula.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), ainda é o favorito de vários caciques do Centrão e da direita,
além de parte importante do empresariado brasileiro. O ex-ministro, no entanto,
não será candidato se Flávio for às urnas. Por ser considerado um dos nomes
mais fortes e governar o estado com o maior PIB do país, onde é amplo favorito
à reeleição, Tarcísio só tentará o Planalto com o aval e apoio do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL).
Por ora, o capitão da reserva está convicto na indicação do
filho mais velho e tem conseguido convencer líderes de direita que o senador é
a melhor opção.
Neste caso, o Palácio dos Bandeirantes ficaria praticamente
assegurado para o bloco, e Tarcísio seria um dos principais palanques de
Flávio.
Outros governadores de direita, no entanto, tendem a manter
suas candidaturas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), o mais
bem avaliado do país, segundo pesquisa Atlas, disse publicamente que
mantém sua pré-candidatura ao Planalto. Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, e Romeu
Zema (Novo), de Minas Gerais, também estudam concorrer à Presidência.
Enquanto bloco, direita e Centrão precisam decidir qual
estratégia seria mais eficaz: concentração de apoio em um candidato único desde
o início, fortalecendo, de cara, um nome para rivalizar com Lula, ou pulverizar
as candidaturas e sufocar o petista nos debates e propagandas negativas contra
o governo.
Com aval da Faria Lima e visto como mais moderado, Tarcísio
teria mais poder para fazer os demais se unirem em prol de sua candidatura, uma
vez que vários nomes da direita já querem se descolar do bolsonarismo que,
apesar de popular, tem muita rejeição e é considerado radical por boa parte do
eleitorado e dos tomadores de decisão.
Os objetivos pessoais dos potenciais candidatos também devem
ser levados em conta: para líderes partidários, Ratinho, Caiado e Zema, mesmo
com pouquíssimas chances contra Flávio e Lula em 2026, poderiam sair na frente
na disputa por 2030 em caso de vitória do petista, uma vez que ficariam mais
conhecidos nacionalmente durante a campanha.
O cenário é inverso para Tarcísio: líderes da direita
acreditam que o governador de SP largaria na frente em 2030 se não concorrer ao
Planalto esse ano, uma vez que é mais conhecido nacionalmente que seus pares,
além de ser visto por parte do eleitorado como “herdeiro natural” dos
bolsonarismo. A consolidação de um trabalho bem-avaliado em SP também
Alta popularidade x rejeição baixa: o dilema da direita
Apesar de ter ganhado força na última semana, a
pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, antes vista como blefe, ainda está longe
de ser unanimidade. No centro do debate entre os defensores do filho de
Bolsonaro contra os apoiadores de Tarcísio, estão as pesquisas.
Com crescimento acentuado nos últimos levantamentos, o
senador tem a força do nome e do discurso mais radical do pai. Para os
críticos, no entanto, tem um “teto” mais baixo, pois, junto com a popularidade,
carrega também a rejeição ao capitão reserva, derrotado em 2022 apesar de estar
no comando da máquina pública.
No caso de Tarcísio, os números mostram o contrário. Sai de
um “piso” mais baixo que Flávio, mas, por ter rejeição muito menor, pode
alcançar um pico maior que o senador. Os apoiadores de Tarcísio também destacam
que o apoio do empresariado e o discurso mais pragmático e moderado por atrair
tanto eleitores de centro, quanto os desiludidos com a recente polarização.
O fator “paixão”, no entanto, pesa contra o governador. De
acordo um líder do PL ouvido pela reportagem, apenas a família Bolsonaro tem o
poder de “mobilização espontânea” dos eleitores conservadores, em especial na
internet. Segundo essa análise, os eleitores de direita trabalharam para
converter mais votos para Flávio do que para qualquer outro candidato.
JP

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