O ministro
da Educação, Abraham Weintraub, durante exposição aos
deputados no plenário da Câmara — Foto:
Fernanda Calgaro / G1
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Abraham
Weintraub disse que prioridade é ensino básico, fundamental e técnico. Ele foi
convocado no mesmo dia das manifestações de protestos contra o bloqueio de
verbas no setor.
O ministro da
Educação, Abraham Weintraub, disse nesta quarta-feira (15), em sessão no
plenário da Câmara dos Deputados, não ser responsável pelo atual contingenciamento (bloqueio) de
verbas no setor.
Ele afirmou
ainda que a prioridade do governo é o ensino básico, fundamental e técnico.
"Não somos
responsáveis pelo contingenciamento atual", afirmou, atribuindo a culpa ao
governo da petista Dilma Rousseff, que tinha Michel Temer como vice. "Este
governo, que tem quatro meses, não é responsável pela situação", disse.
Weintraub
afirmou que a educação apresentou uma "involução" nos últimos anos,
declaração que provocou aplausos de deputados aliados do governo e vaias de
oposicionistas.
"O
orçamento atual foi feito pelo governo eleito Dilma Rousseff e Michel Temer,
que era vice. Nós não votamos neles. Não somos responsáveis pelo desastre da
educação brasileira. O sonho das pessoas é colocar os fihos na educação
privada, não na pública", declarou.
Convocado para
falar sobre os bloqueios no orçamento das universidades, Weintraub afirmou que
o ensino superior é uma área onde o país "está, entre aspas, bem".
"Não estou
querendo diminuir o ensino superior. Ao que a gente se propõe? Cumprir o plano
de governo que foi apresentado. Prioridade é ensino básico, fundamental,
técnico", afirmou.
Weintraub disse
ainda que não há corte de recursos. Segundo ele, o governo está
"obedecendo a lei". "Não tem corte. Se você pegar o orçamento
total, a gente está obedecendo a lei", declarou.
Em outro
momento da audiência, o ministro declarou não haver “revanche” ao comentar o
contingenciamento de verbas para as universidades e que sabe “do papel
republicano do cargo de ministro”.
Em relação a
críticas de que o bloqueio de verbas prejudicará pesquisas no país, afirmou que
a pasta analisará “pesquisa a pesquisa” para liberar verba e que isso será
feito com “diálogo e transparência”.
“Algumas áreas
de, entre aspas, pesquisas que são feitas podemos postergar para um segundo
momento”, disse.
Tumulto
A sessão, que
durou seis horas, transcorreu em clima tenso entre o ministro e deputados da
oposição.
Parlamentares
oposicionistas o acusaram de ter declarado que comunista merecia "levar
bala na cabeça" e de ser próximo a banqueiros.
Weintraub disse
que iria responder sobre as questões "fúteis e superficiais", que,
segundo ele, representavam um "desrespeito" a quem paga impostos.
"Quanto à
bala na cabeça, eu não tenho passagem na polícia por ameaça, agressão, não
tenho processo trabalhista. Minha ficha é limpíssima. Não tem um ato. Tiveram
que voltar 30 anos para achar um boletim ruim. Bala na cabeça quem prega não é
este lado aqui", afirmou.
E acrescentou:
“Quem ligou para o Santander na Espanha para pedir a cabeça de uma colega minha
porque ela disse que, se a Dilma fosse eleita, o real ia cair e o dólar ia
subir. Foi o Lula, que hoje está na cadeia [...]. O amigo de banqueiro é o
Lula”, declarou. Ele se referiu ao episódio
da demissão de uma analista do Santander que, em 2014, enviou a
clientes uma nota sugerindo que a reeleição da então presidente Dilma Rousseff
provocaria uma piora na economia.
Deputados de
oposição protestam contra o ministro Abraham Weintraub em sessão na Câmara
As declarações
do ministro provocaram confusão no plenário. Deputados de oposição passaram a
gritar "demissão, demissão".
O deputado
Marcos Pereira (PRB-SP), vice-presidente da Câmara, que conduzia os trabalhos,
pediu aos deputados e ao ministro que se restringissem ao tema da comissão
geral, os bloqueios na educação.
Iniciada às 15h
com um plenário cheio, a sessão foi se esvaziando à medida que se aproximava do
final. Cinco horas depois do início, o ministro falava a um grupo menor de
deputados, principalmente do PSL e de partidos de oposição.
Mesmo com o
quórum mais baixo, o clima voltou a esquentar na sessão quando o deputado André
Janones (Avante-MG) subiu à tribuna e, em tom exaltado, insistia para que o
ministro olhasse para ele enquanto falava.
"Eu vou me
recusar a falar. O ministro é um moleque, o senhor é um moleque. O senhor é um
moleque, não merece respeito. Não olha para nós quando estamos falando porque o
senhor não sabe o que é conviver numa democracia”, afirmou. Weintraub o ignorou
e continuou conversando com a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann
(PSL-SP).
Confusão no
plenário durante sessão com o ministro da Educação, Abraham Weintraub
Começou, então,
novo tumulto no plenário. Aliados do governo, incluindo o deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP), que é filho do presidente, protestaram. Bolsonaro gritou
para Janones: “Respeita o ministro, seu palhaço”. A gritaria só acabou quando
acabou o tempo a que Janones tinha direito e o microfone foi cortado.
No entanto, a
calmaria durou pouco. Logo depois, teve um intenso bate-boca no plenário, que
descambou para briga e alguns parlamentares precisaram ser contidos por colegas
e seguranças legislativos.
Tocando
incessantemente a campainha para pedir silêncio, o vice-presidente da Câmara,
Marcos Pereira (PRB-SP), que conduzia os trabalhos, ameaçou encerrar a sessão
antes das 21h, horário previsto para o término.
Com a confusão
formada no plenário, a sessão chegou ser suspensa por alguns minutos. De um
lado, o Delegado Éder Mauro (PSD-PA) gritava com Glauber Braga (PSOL-RJ). De
outro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) gritava com Talíria Petrone
(PSOL-RJ). Os ânimos só arrefeceram após a intervenção de colegas.
Protestos
A sessão foi
convocada para o mesmo dia das manifestações contra o contingenciamento
de verbas anunciado pelo Ministério da Educação (MEC). Houve atos de
protesto em pelo menos 149 cidades de todos os estados e no Distrito Federal.
Universidades e
escolas também fizeram paralisações após convocação de entidades ligadas a
sindicatos, movimentos sociais e estudantis e partidos políticos.
Convocação
Weintraub é o
primeiro ministro do governo Jair Bolsonaro a ser convocado para uma
"comissão geral", sessão realizada no plenário, com todos os
deputados, em vez de numa comissão, com um grupo restrito de parlamentares.
Logo no início
da sua fala na tribuna, o ministro agradeceu a oportunidade para esclarecer
"uma série de informações que foram distorcidas e estão gerando mal estar
na sociedade”.
A convocação do ministro foi aprovada na
terça-feira (14) por 307 votos a favor e 82 contra, o que evidenciou a
falta de articulação do governo para barrar a sua vinda.
Descontente com
a articulação política, a maior dos partidos orientou as bancadas a votarem a
favor da convocação. Somente o PSL, partido de Bolsonaro, e o Novo foram
contrários.
Há cerca de 40
dias no cargo, Weintraub causou polêmica ao anunciar o corte de verba de três
universidades que tinham sido palco de manifestações públicas. Diante da
reação, ele estendeu o bloqueio de 30% para todas as universidades e todos os
institutos.
De forma
reservada, auxiliares próximos do
presidente Jair Bolsonaro ouvidos pelo Blog do Camarotti avaliam
que o discurso mais incisivo do ministro da Educação acabou estimulando os atos
desta quarta.
Nesta
quarta-feira, nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os
manifestantes que protestam contra o bloqueio de verbas da educação são "idiotas úteis" e "massa de
manobra". Estudantes reagiram
à fala do presidente.
Por Fernanda Calgaro, Fernanda Vivas e Mateus
Rodrigues, G1 e TV Globo — Brasília
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