© Paulo
Fridman/Bloomberg e Adriano Machado/Reuters Wesley e
Joesley Batista: J&F, holding que congrega
os negócios dos irmãos
brasileiros, também
está sendo investigada nos Estados Unidos
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O governo do
presidente americano Donald Trump destinou 62 milhões de dólares em auxílio
financeiro à JBS USA,
subsidiária da companhia brasileira dos irmãos Joesley e Wesley Batista, segundo documentos obtidos pelo jornal The
New York Daily News.
O dinheiro veio
de um fundo de 12 bilhões de dólares destinado pelo governo dos Estados Unidos para auxiliar
agricultores e pecuaristas no país afetados pela guerra comercial com a China.
Segundo o Daily News, parte desse auxílio
financeiro está sendo repassado para os irmãos “pilantras” donos da JBS.
“O tamanho dos
pagamentos alimentou a indignação de membros da indústria, que questionam como
subsidiar uma empresa brasileira de capital fechado ajudaria os agricultores
nos Estados Unidos”, diz o artigo.
Segundo os
documentos obtidos pelo jornal, o Departamento de Agricultura americano fechou
um contrato em janeiro para comprar 22,3 milhões de dólares em carne suína da
JBS USA, que opera no Colorado.
Desde então, a
administração de Trump já destinou outros dois montantes à empresa, um de 14,5
milhões em fevereiro e outro de 25,6 milhões no início deste mês, ambos em
troca da venda de carne de porco, como parte do programa de auxílio financeiro.
Joesley e
Wesley Batista foram presos em setembro de 2017 e libertados no primeiro
semestre de 2018. A JBS, que se tornou a maior empresa processadora de carne do
mundo, é alvo de cinco operações da Polícia Federal, que investigam pagamento
milionário de propinas a agentes públicos.
Os dois irmãos
firmaram acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR),
mas foram posteriormente acusados de omissão de informações em seus
depoimentos.
A J&F,
holding que congrega os negócios dos Batista, também está sendo
investigada nos Estados Unidos, sob acusações de possíveis violações da Lei de
Práticas de Corrupção no Exterior, que pune empresas que corrompem políticos em
outros países.
No final de
2018, Joesley e Wesley foram interrogados por funcionários do Departamento de
Justiça americano em Brasília. Os irmãos não podem deixar o Brasil, mas
negociam acordo de leniência com as autoridades dos Estados Unidos.
Críticas
Americanos
envolvidos no mercado de pecuária americano ouvidos pelo New York Daily
News contestam o repasse de dinheiro público a uma empresa
estrangeira, cujos donos são investigados por corrupção.
Segundo os
especialistas, a JBS USA não está sendo prejudicada pela guerra comercial entre
Estados Unidos e China. A empresa, na verdade, viu suas exportações para o país
asiático crescerem em pelo menos 3% em 2018, levantando ainda mais questionamentos
sobre a necessidade do auxílio financeiro.
“Esta empresa
não parece estar enfrentando dificuldades ”, afirmou Tony Corbo, da organização
sem fins lucrativos Food & Water Watch, ao Daily News. O
lobista observou que a companhia brasileira registrou um lucro líquido de 273
milhões de dólares no primeiro trimestre de 2019.
Um caso similar
ao da JBS USA foi registrado no ano passado, quando um contrato de auxílio
financeiro para a Smithfield Foods, que pertence ao grupo chinês Shuanghui, foi
cancelado após membros do Congresso pressionarem o governo. Os legisladores
argumentaram que o dinheiro destinado aos agricultores americanos estava
acabando nas mãos de estrangeiros.
A deputada
republicana pelo estado de Connecticut Rosa DeLauro apresentou um projeto de
lei no início de 2019 que busca restringir o programa de ajuda do governo
americano para a agricultura a empresas americanas.
Ao Daily
News, a JBS afirmou que, apesar de ser de propriedade estrangeira, está
“orgulhoso de fazer parceria com agricultores e fazendeiros da família
americana, ajudando a criar oportunidades econômicas em centenas de pequenas
cidades rurais”.
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