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Reuters/Reuters LUIGI DI MAIO: seu partido, o movimento
5 Estrelas, foi o grande vencedor das eleições
deste domingo
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Roma – O
Movimento 5 Estrelas (M5S) se tornou nas eleições deste domingo o maior partido
da Itália. O país, no entanto, poderá ser governado pela Liga,
formada em dezembro a partir do partido separatista Liga do Norte.
Tanto um quanto
o outro são hostis ao euro e às reformas introduzidas nos últimos seis anos de
governos “técnico” e de centro-esquerda.
A coalizão de
centro-direita, da qual faz parte a Liga, obteve o maior número de cadeiras
tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, segundo projeções com base na
metade da contagem dos votos.
As urnas se
fecharam às 23 horas de domingo (19 horas em Brasília), a contagem ainda está
em andamento, e as projeções são dificultadas pelo novo sistema misto de
votação, pelo qual um pouco mais de um terço dos votos é dado pelo sistema
majoritário e o restante, proporcional.
De acordo com o
Consórcio Opinião Itália, contratado pela emissora pública Rai, a aliança de
centro-direita elegeu entre 247 e 257 dos 618 deputados. Portanto, não
governará com maioria absoluta, se for mesmo convocada pelo presidente Sergio
Mattarella a formar coalizão.
O M5S obteve,
segundo esses cálculos, entre 230 e 240 cadeiras na Câmara, chegando portanto
muito perto da centro-direita. Fundado em 2009, sob a liderança do comediante
Beppe Grillo, como um movimento contrário aos partidos tradicionais, o grupo
veio crescendo, e conquistou a prefeitura de Roma no ano passado.
Eles
reivindicam serem escolhidos por Mattarella para tentar formar governo, como o
partido individualmente mais votado. E de fato pelo sistema italiano o
presidente tem bastante autonomia para indicar quem deve articular a composição
de um governo. Ele pode chamar até mesmo alguém de fora do Parlamento, o que
introduz mais uma pitada de imprevisibilidade.
O candidato a
primeiro-ministro do M5S é Luigi Di Maio, atual vice-presidente da Câmara, com
apenas 31 anos. Ele é considerado mais moderado e pragmático do que Grillo.
Nessa campanha, o M5S não incluiu no seu programa a saída da Itália da zona do
euro, por exemplo.
A coalizão de
centro-esquerda, liderada pelo Partido Democrático, no governo, foi a grande
derrotada nas urnas. Na Câmara, as projeções indicam que ela terá entre 104 e
110 cadeiras.
Nas eleições de
2013, a coalizão elegeu 344 deputados, contra 124 da centro-direita e 108 do
M5S. O partido social-democrata Livres e Iguais (LeU), que poderia se aliar à
centro-esquerda, obteve entre 11 e 19 cadeiras.
No interior da
aliança de centro-direita, a Liga foi a vencedora, com 115 a 123 cadeiras, de
acordo com as projeções. Com uma bancada de 99 a 105 deputados, a Força Itália,
do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, ficou pela primeira vez em segundo lugar
dentro dessa coalizão, que antes liderava.
O partido
nacionalista Irmãos pela Itália (FdI), que tem atualmente 12 deputados, também
cresceu, passando para 24 a 32, e o cristão-democrata Nós com a Itália (NcI)
terá de 2 a 4 cadeiras.
No Senado, a
centro-direita deve ficar com 128 a 140 das 309 cadeiras, também não atingindo
a maioria absoluta. Aqui também a Liga lidera a contagem dos votos, com 18%,
enquanto a Força Itália tem 15%, o FdI, 4% e o NcI, 1%. O M5S deve eleger entre
109 e 119 senadores e a centro-esquerda, entre 47 e 55. O LeU obteve de 7 e 11
senadores.
A aliança de
centro-direita tem um acordo, pelo qual o mais votado indicaria o
primeiro-ministro. A vitória da Liga aponta para a indicação de seu líder,
Matteo Salvini.
O partido
também não incluiu no seu programa a realização de um referendo sobre a
retirada da Itália da zona do euro, mas abriga economistas que defendem essa
saída.
A Liga prometeu
a eliminação do gatilho que prevê a elevação da idade mínima de aposentadoria
(atualmente 65 anos) conforme aumenta a expectativa de vida dos italianos.
No lugar disso,
propõe um mínimo de 100 anos da soma da idade e dos anos de contribuição. De
maneira que alguém com 60 anos de idade e 40 de contribuição poderia se
aposentar.
Berlusconi, por
sua vez, propôs a criação de um imposto único, que segundo economistas
reduziria a carga tributária principalmente das empresas e dos mais ricos.
Primeiro-ministro
quatro vezes, ele está inelegível até o ano que vem, por uma condenação por
fraude fiscal. Na quinta-feira, Berlusconi indicou o presidente do Parlamento
Europeu, Antonio Tajani, para ser o primeiro-ministro, caso a Força Itália
fosse a mais votada e a centro-direita vencesse.
Já o M5S
ofereceu um benefício de 780 euros para os 9 milhões de italianos mais pobres.
Pelos cálculos
do Observatório das Contas Públicas Italianas (da Universidade Católica do
Sagrado Coração, de Milão), as promessas da Liga e da Força Itália gerariam
gastos de 136 bilhões de euros e receitas de apenas 82 bilhões, deixando um déficit
de 54 bilhões.
No caso do M5S,
seriam 103 bilhões de euros de gastos e 39 bilhões de receitas, criando um
buraco de 64 bilhões. Isso, numa situação em que a Itália tem uma dívida
pública de
131,5% e
déficit de 1,5% do PIB. Esses dois números já representam ligeiras melhoras,
frutos dos ajustes da centro-esquerda: 2016 havia fechado com 132% de dívida e
2,5% de déficit.
As reformas
previdenciária, trabalhista e fiscal do governo do ex-primeiro-ministro Matteo
Renzi, entre 2014 e 2016, vão na direção certa, segundo os economistas e o
mercado. Mas não tiveram efeitos positivos na economia a tempo de darem
dividendos políticos.
Renzi renunciou
em dezembro de 2016, depois da derrota em um referendo sobre uma reforma que
concentraria os poderes na Câmara e diminuiria os do Senado, para facilitar a
votação de mais reformas. Ele voltou como líder do PD nessa eleição, mas agora
deve ter de voltar para casa novamente.
Os eleitores
italianos se cansaram do alto desemprego, de 11% (31% entre os jovens de 15 a
24 anos), e do baixo crescimento econômico, de 1,5% (embora subindo), somados à
intensa imigração, que a centro-direita promete conter. É muita tentação.
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