Defesa de
Lula apresentou diversos recibos para comprovar
pagamento
sob suspeita (Foto: Reprodução)
|
Procuradores
desconfiam que recibos sejam fraudulentos. Defesa diz que não há erro e que
eles provam pagamento de aluguéis.
O juiz federal
Sérgio Moro determinou nesta segunda-feira (9) que a defesa do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva esclareça se possui os originais dos recibos que comprovam o pagamento de aluguéis de
um apartamento vizinho ao que o petista mora, em São Bernardo do Campo. Caso
eles existam, o juiz determinou que eles sejam entregues.
A propriedade
do apartamento faz parte da denúncia apresentada pelo Ministério Público
Federal (MPF), que acusa o político de receber propina da Odebrecht. De acordo
com a denúncia, o imóvel foi comprado por Glaucos da Costamarques, a pedido do
pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
O apartamento é
alugado pela família do ex-presidente há vários anos e abriga atualmente os
seguranças que fazem a escolta pessoal do petista.
Para os
procuradores, Costamarques comprou o apartamento com dinheiro da Odebrecht. A
denúncia afirma que a compra do imóvel seria um pagamento de propina ao
ex-presidente, em decorrência dos contratos que a empreiteira mantinha com a
Petrobras.
Para contestar
a versão, a defesa de Lula apresentou os recibos, para comprovar que a família
de Lula paga os aluguéis regularmente. As datas são de 2011 a 2015. Alguns dos
recibos possuem erros de grafia semelhantes, além de datas que não constam no
calendário.
A defesa de
Glaucos da Costamarques, que também é réu no mesmo processo, afirmou ao juiz
Sérgio Moro que o cliente assinou
todos os recibos em um único dia, a pedido do advogado de Lula, Roberto
Teixeira, no fim do ano de 2015. Naquela ocasião, Costamarques estava internado
em um hospital de São Paulo, para fazer um tratamento cardíaco.
O MPF, por sua vez, contesta a originalidade
dos documentos. Os procuradores abriram um incidente de falsidade
criminal, procedimento para investigar a origem de provas anexadas a um
processo. Os procuradores querem que seja feita uma perícia nos originais dos
recibos. Eles acreditam que há indícios de fraude na confecção dos documentos.
Na decisão,
Moro apenas determinou aos advogados de Lula para que apresentem os originais
dos recibos, caso eles estejam disponíveis. Ele diz que ainda não é o momento a
se determinar a perícia.
"Há
dúvida, tratando-se de suposto falso ideológico, quanto à adequação de perícia
técnica para a solução da controvérsia. Não obstante, trata-se de questão a ser
analisada em seguida", afirma.
Outro lado
Em nota, o
advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, diz que apoia a realização
de perícia nos recibos, porque "eles são idôneos e foram emitidos
regularmente pelo proprietário do imóvel com declaração de quitação".
A defesa diz
que vai ajudar na análise dos recibos. "Temos segurança de que esses
documentos são íntegros e colaboraremos para a realização da perícia caso ela
seja deferida", diz.
O advogado
também reclama de um pedido semelhante que fizeram a Moro, no dia 1º de
setembro, em que questionam a validade de provas apresentadas pelos
procuradores. Segundo eles, até o momento, o juiz ainda não liberou a perícia.
"Há nos autos, por exemplo, duas versões do mesmo documento, um com uma
única assinatura e outro com duas assinaturas", diz.
Veja a
íntegra da nota da defesa de Lula
A realização
de perícia nos recibos relativos à locação contratada por D. Marisa irá
confirmar inequivocamente que eles são idôneos e foram emitidos regularmente
pelo proprietário do imóvel, com declaração de quitação. Temos segurança de que
esses documentos são íntegros e colaboraremos para a realização da perícia caso
ela seja deferida.
Em 1º/9 a
defesa do ex-Presidente Lula havia pedido ao juiz Sérgio Moro investigação em
relação a documentos apresentados pela Força Tarefa da Lava Jato. Há nos autos,
por exemplo, duas versões do mesmo documento, um com uma única assinatura e
outro com duas assinaturas. Nenhuma providência foi tomada até o momento.
Para
observar a igualdade, esperamos que o juiz Sérgio Moro autorize a realização de
perícia também nos documentos que o MPF apresentou e que tiveram a idoneidade
questionada pela defesa do ex-Presidente Lula.
Cristiano
Zanin Martins
Por G1 PR, Curitiba
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