Oposição fará protesto contra a
posse dos mais de 500 deputados eleitos para redigir uma nova constituição para
o país. Ledezma retornou para a prisão domiciliar.
O presidente venezuelano, Nicolás
Maduro, conduz nesta sexta-feira (4) a posse de sua Assembleia Constituinte,
apesar das dúvidas sobre a transparência de sua eleição, o amplo repúdio
internacional e os protestos opositores que denunciam o fim da democracia
na Venezuela.
Dotados de poderes ilimitados por
tempo indefinido, mais de 500 constituintes ligados ao governo começarão os
trabalhos no Salão Elíptico do Palácio Legislativo, dominado pela maioria
opositora.
A oposição, por sua vez, anunciou
uma marcha em Caracas, o que faz aumentar o temor de novos episódios de
violência. Nesta sexta, o Vaticano
pediu que "se evite ou suspenda" a Assembleia
Constituinte, de acordo com a France Presse.
"Que não haja provocações,
nem se caia em provocações", pediu Maduro na noite de quinta-feira, ao
assegurar que tudo está pronto para a Constituinte começar a funcionar.
Começa na Venezuela uma nova etapa
simbolizada na volta, ao Palácio Legislativo, dos retratos do falecido
presidente socialista Hugo Chávez (1999-2013), que a oposição tirou quando
assumiu o controle do Parlamento em janeiro de 2016.
A Procuradoria venezuelana, por
sua vez, já pediu à Justiça para
anular a instalação, já que é alvo de uma investigação por fraude.
A solicitação foi feita por dois
procuradores a um tribunal de controle pelo "suposto cometimento de crimes
durante o processo eleitoral", depois da denúncia da Smartmatic - empresa
que deu suporte tecnológico às eleições - de que houve "manipulação" dos dados de
participação fornecidos pelo Comissão Nacional Eleitoral.
Segundo o órgão eleitoral, votaram
oito milhões de pessoas, mas, de acordo com o cálculo da Smartmatic, votou um
milhão a menos, o que foi rechaçado pela presidente do CNE, Tibisay Lucena,
como uma afirmação "sem fundamento".
O dado de participação era chave
para a legitimidade da Constituinte, depois que a oposição assegurou ter obtido
7,6 milhões de votos contra a iniciativa em um plebiscito simbólico, realizado
em 16 de julho.
A oposição, que qualificou a
denúncia de "terremoto", assegura que compareceram apenas três
milhões de eleitores.
Na quarta-feira, a
procuradora-geral, Luisa Ortega, havia anunciado uma investigação sobre dois
reitores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) por suposta fraude nas eleições,
o que considerou um "fato escandaloso".
"Estamos diante de um fato
inédito, grave, que constitui delito", disse à rede CNN Ortega, chavista
que se rebelou contra Maduro, a quem acusa de ter uma "ambição
ditatorial".
Mas o governo sustenta, no
entanto, que a Constituinte vai recuperar a paz e resgatará a combalida
economia do país petroleiro, castigado por uma severa escassez de alimentos e
medicamentos, e uma inflação brutal. Segundo a Cepal, o PIB cairia 7,2% este
ano.
Opositor volta à prisão
domiciliar
O ex-prefeito de Caracas, o
opositor Antonio Ledezma, retornou
para a prisão domiciliar na madrugada desta sexta-feira, após passar
três dias preso, informou sua esposa Mitzy Capriles no Twitter.
"Informo ao país que há
poucos minutos, surpreendentemente, o Sebin (serviço de inteligência
venezuelano) trouxe Antonio para a nossa residência", escreveu Capriles,
que está em Madri.
Ledezma, de 62 anos, e o líder opositor
Leopoldo López, de 46 anos, foram levados para a prisão militar de Ramo Verde
(nos arredores de Caracas) na madrugada de terça-feira, logo depois que o
Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) revogou a prisão domiciliar, acusando-os de
planejar fugir.
Os dois fizeram campanha contra a eleição da Assembleia
Constituinte.
Agentes do Sebin haviam tirado
Ledezma de sua casa de pijama e com grande agressividade, entre os gritos de
socorro de uma vizinha, segundo imagens publicadas nas redes sociais, que
provocaram indignação. A prisão dos dois líderes opositores causou forte
condenação internacional.
Ledezma foi detido em 19 de
fevereiro de 2015 acusado de uma suposta conspiração contra o presidente -
ainda em julgamento. Dois meses depois foi colocado em prisão domiciliar por
razões de saúde.
Já López foi colocado em prisão
domiciliar em 8 de julho, após passar três anos e cinco meses em Ramo Verde,
onde cumpria uma condenação de quase 14 anos por supostamente instigar a
violência nos protestos contra Maduro em 2014, que deixaram 43 mortos.
Por France Presse
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