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BRASÍLIA - Um dia após usar a
votação da reforma da Previdência e da agenda econômica do governo na Câmara
como forma de pressão, partidos do Centrão ameaçaram, nesta quinta-feira, 10,
não barrar uma eventual segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República
(PGR) contra o presidente Michel Temer. O grupo quer que o governo redistribua
os cargos na administração federal que estão nas mãos dos chamados “infiéis”
para os que votaram majoritariamente para barrar a primeira denúncia por
corrupção passiva contra o peemedebista na Câmara, na semana passada.
Lideranças do PP e PSD, os dois
maiores partidos do Centrão, dizem que será muito difícil “segurar” suas
bancadas caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente uma
segunda denúncia contra Temer no atual cenário de “desorganização” da base.
Janot deixará o cargo no dia 17 de setembro e, nos bastidores, procuradores e
parlamentares dão como certo de que, antes de sair, ele apresentará denúncia
por obstrução da Justiça contra o presidente, com base na delação de executivos
da JBS.
“Pode ser mortal. Se chegar (uma
segunda denúncia) num cenário desses, é o fim da linha para o presidente”,
afirmou ao Estadão/Broadcast o líder do PP na Câmara, Arthur
Lira (AL).
Para o deputado, o governo não
pode continuar dando as mesmas “regalias” a fiéis e infiéis. “O governo não se
comunica, não se articula, não conversa, não prestigia. Não dá para estar na
mesma base quem vota contra e quem vota a favor, com as mesmas regalias, sejam
ela grandes ou pequenas”, disse. Segundo Lira, as críticas são generalizadas na
bancada.
O líder do PSD na Câmara, Marcos
Montes (MG), avalia que uma eventual segunda denúncia da PGR, no atual momento,
pode ser “perigosa” para Temer. “Votamos pela permanência dele para não ter uma
turbulência política que contaminasse a retomada do desenvolvimento econômico.
(...) Agora ele tem que dar um freio de arrumação. Se não der, essa
desorganização política volta e o mercado vai embora. Não adianta ele ficar e
continuar com a desordem política.”
Na avaliação do deputado mineiro,
cabe ao governo evitar o “tumulto” político. “É isso que precisa ficar claro. É
cargo que faz ter essa calmaria política, se for, resolva o problema dos
cargos. Não, são as emendas impositivas. Resolva as emendas impositivas”,
disse.
Previdência. Nesta
quinta-feira, 10, líderes do Centrão avisaram a Temer que não pretendem votar a
reforma da Previdência no plenário da Câmara até que o governo reorganize a
base aliada. Nos bastidores, integrantes do grupo se dizem dispostos até a
paralisar ou derrotar toda a agenda econômica que tramita no Congresso. O
primeiro alvo seria a medida provisória que cria o Refis, programa de
parcelamento de dívidas de contribuintes com o Fisco com o qual o governo
espera aprovar para fechar as contas públicas deste ano.
A estratégia será ignorar a
negociação que o governo vem tentando fazer e trabalhar para aprovar o texto do
relator, deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), considerado mais benéfico
para as empresas. O deputado modificou a versão enviada pelo governo ao
Congresso e, com isso, a previsão de arrecadação caiu de R$ 13 bilhões para R$
420 milhões com o programa.
A principal crítica do Centrão é
ao PSDB, legenda que comanda quatro ministérios, mas que saiu dividida da
votação da primeira denúncia na Câmara. PSD e PMDB, por exemplo, reivindicam a
pasta das Cidades, comandado pelos tucanos.
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