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por AFP Muitos duvidavam de seus dotes acrobáticos,
mas Michel
Temer completará um mês fazendo malabarismos
na corda bamba
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Muitos duvidavam de seus dotes
acrobáticos, mas Michel Temer completará um mês fazendo malabarismos na corda
bamba. O presidente vem superando vários obstáculos e parece disposto a
enfrentar com firmeza o novo que se apresenta: uma denúncia formal por
corrupção, que poderá afastá-lo do cargo.
Superada a prova de fogo do TSE na
semana passada, Temer concentra suas energias agora no Congresso, seu principal
aliado desde que assumiu o poder em 2016 depois do afastamento de Dilma
Rousseff.
O Procurador-Geral da República,
Rodrigo Janot, deve apresentar ao STF nos próximos dias uma denúncia formal
contra o chefe de Estado, investigado por corrupção, obstrução da justiça e
organização criminosa.
Mas se o caso avançar no STF, a
denúncia deverá ser validada por dois terços da Câmara de Deputados, uma
possibilidade relativamente remota, já que, apesar de impopular, o presidente
mantém uma maioria sólida no Congresso.
Sua blindagem que é reforçada pelo
fato de que os escândalos de corrupção investigados pela "Lava Jato"
também perseguem dezenas de políticos.
É uma situação de extrema tensão
que, paradoxalmente, acaba por favorecer Temer.
"Estamos vendo como a base do
governo está se organizando para tentar rejeitar a denúncia de forma rápida, de
enterrar a proposta. Um dos fatores que dá força é a situação criminal do
presidente, que é muito semelhante a de alguns parlamentes, que tendem a se
solidarizar com ele", declarou à AFP o deputado Alessandro Molon (REDE-RJ)
Molon, um dos congressistas que
apresentou um pedido de 'impeachment' contra Temer, assegura que o presidente
busca sua vitória "de todas as formas" e desbloqueou nas últimas
semanas vultuosos orçamentos destinados aos parlamentares.
- Aritmética -
Temer está lutando - até agora com
sucesso - para sobreviver desde que, em 17 de maio, veio à tona a gravação de
Joesley Batista, um dos donos da JBS, em que o empresário menciona o pagamento
do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, com
a suposta anuência do presidente.
O presidente nomeou recentemente
dois juízes para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um movimento que os
analistas destacam como fundamental para a apertada vitória de (4-3) que evitou
a cassação da chapa que compôs com Dilma Rousseff - e a perda de seu mandato -
sob acusações de abuso de poder e financiamento ilegal de campanha.
Apesar de partidos menores terem
abandonado rapidamente o governo, Temer conseguiu que seu principal aliado, o
PSDB, se mantivesse ao seu lado.
A relativa proximidade das
eleições de outubro de 2018 está nos cálculos dos partidos políticos, obrigados
pelo sistema eleitoral a fazer estranhas alianças para governar. A perplexidade
é ainda maior uma vez que até mesmo Aécio Neves, presidente afastado do PSDB,
está na mira da Justiça.
"O governo tem instrumentos
aritméticos para desacelerar o avanço desta crise, mas como ele tem pouquíssimo
apoio social (...), a crise pode se estender de forma crônica", acredita
Alon Feuerwerker, analista político da FSB Comunicação.
- À espera das reformas -
Enquanto se concentra em salvar a
própria pele, Temer deixa em segundo plano sua bandeira de governo: as reformas
para tirar o Brasil da pior recessão de sua história.
Isso tem custos aos quais o
mercado está muito atento, apesar do tímido crescimento econômico do primeiro
trimestre do ano, do qual Temer tenta tirar crédito.
O desgaste político do presidente
poderá impedir que concretize a aprovação da reforma trabalhista e da
Previdência, esperadas ansiosamente pelo mercado, mas que dividem o Congresso
por sua impopularidade.
Além disso, o Planalto continua
assombrado pelo fantasma de possíveis novas delações comprometedoras de detidos
importantes, como o ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures; de Lúcio
Funaro, o operador financeiro de Eduardo Cunha; ou do próprio Cunha.
"A situação na qual nos
encontramos, de uma resistência às reformas com as incertezas produzidas por
[possíveis] delações premiadas é extremadamente grave", declarou o ex-ministro
da Fazenda, Delfim Netto, ao jornal Valor.
Em um mês de crise, Temer parece
"um pouco mais fraco, mas não o suficiente para cair", conclui
Feuerwerker.
AFP
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