A
procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega (Foto: Reuters)
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Luisa Ortega, considerada uma
chavista histórica, se tornou uma dura adversária do presidente Nicolás Maduro.
Disciplinada e firme de caráter, a
procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, a quem o Supremo Tribunal
autorizou julgar, é uma chavista histórica que protagonizou polêmicas acusações
contra a oposição e hoje se tornou uma dura adversária do presidente Nicolás
Maduro.
Esta advogada de 59 anos, acusada
de supostas "faltas graves" no cargo, denunciou a "ruptura da
ordem constitucional" por parte do governo do presidente Nicolás Maduro.
Loira, de olhos claros e sempre de
óculos, Ortega também dirigiu suas críticas contra o Poder Eleitoral e os
militares, considerados pilares do governo Maduro junto ao Supremo.
Ortega confrontou Maduro
diretamente ao rejeitar a Assembleia Constituinte que propõe para modificar a
Carta Magna de 1999, promovida pelo então presidente, Hugo Chávez (falecido em
2013), ao considerar que ela viola a democracia.
O deputado chavista Germán Ferrer,
com quem é casada há 18 anos, a descreve como uma "pessoa muito disposta,
valente e honesta".
"Enfrentaria qualquer coisa
para defender seus valores. Ela é a fiadora da legalidade no país, está
cumprindo com seu dever", disse à AFP.
A reação governista à rebelião de
Ortega foi tal que o deputado Pedro Carreño pediu ao Supremo sua destituição
por "insanidade mental", o congelamento de seus bens e a proibição de
sair do país.
O divórcio
Segundo Ferrer, sua esposa começou
a se desencantar com o governo Maduro a partir de 2016, por discordar da prisão
de alguns líderes opositores.
Este distanciamento ficou claro
quando o Supremo emitiu, no final de março, uma decisão que retirava as
prerrogativas do Parlamento, dominado pela oposição, o que Ortega qualificou de
"ruptura da ordem constitucional".
Desde então, o abismo só aumentou:
Ortega pediu a anulação da Constituinte, julgamento de alguns juízes do Supremo
e também criticou a "repressão" dos órgãos de segurança aos protestos
deflagrados em 1º de abril para exigir a saída de Maduro.
Chamada de "traidora"
pelos chavistas, Ortega, a quem Maduro agora qualifica de "líder da
oposição", sempre militou na esquerda, sendo ligada a Chávez desde a
campanha presidencial de 1998, quando trabalhava como advogada no estado de
Aragua (norte).
Ortega foi nomeada procuradora
para Caracas em 2002, e em 2007, com o aval de Chávez, assumiu a
procuradoria-geral para um período de sete anos, sendo reeleita em 2014 pelo
Parlamento, então controlado pelo chavismo.
Apesar de o atual mandato de
Ortega prosseguir até 2021, funcionários do governo já marcaram a data de sua
destituição: 30 de julho, quando se elegerá a Assembleia Constituinte, um
"suprapoder" controlado pelos chavistas.
"Sagaz e com faro
político"
Ortega é lembrada por denunciar os
policiais que a Justiça condenou por participação no golpe de Estado contra
Chávez em 2002, e também por promover a condenação, a quase 14 anos de prisão,
do líder opositor Leopoldo López em 2014, acusado de incitar à violência nos
protestos contra Maduro que deixaram 43 mortos.
O cientista político Nicmer Evans,
chavista crítico de Maduro, considera que o papel de Ortega será essencial para
"reinstitucionalizar o país". "Representa o chavismo digno,
democrático, diante das pretensões totalitárias do madurismo".
Analistas como Félix Seijas
consideram que Ortega pode ser a "ponte" entre o chavismo crítico e a
oposição.
Um jornalista que a conhece há dez
anos garante que Ortega "é muito sagaz e tem grande faro político".
Ortega não tem filhos, mas
denuncia ameaças contra familiares e responsabilizou o governo por qualquer
coisa que possa lhe ocorrer.
"Até meu último suspiro
defenderei a Constituição", prometeu Ortega na segunda-feira em um
discurso com tom político para um grupo de funcionários da Procuradoria que
saiu às ruas para apoiá-la.
Por France Presse
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