© DANIEL
TEIXEIRA/ESTADAO Presidente do TSE,
Gilmar Mendes
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BRASÍLIA - O presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, criticou nesta
quinta-feira, 9, o Ministério Público Federal (MPF) e afirmou que os
procuradores adotam a prática de considerar toda e qualquer doação eleitoral
como propina.
“Assistia esses dias na televisão
a esses vídeos elaborados nesta última delação (da JBS), e aparentemente houve
uma combinação dos delatores com o próprio Ministério Público para falar que todas
as doações eram propina. Por quê? Porque essa é a linguagem que o Ministério
Público adotou para todos os fins”, disse Gilmar.
Para Gilmar, dizer que caixa 2 é
propina virou “um mantra comum” dos integrantes da Lava Jato. “Os abusos são
tão notórios que pediu-se inclusive um inquérito por doações da campanha de
1994, envolvendo o FHC”, disse.
O ministro-relator Herman Benjamin
rebateu: “Essa análise eu não faço presidente. Não vou até aí”. E Gilmar
continuou: “Quem está fazendo sou eu. No caso da JBS”.
O embate se deu quando os
ministros estavam tratando da discussão sobre caixa 2. Nesse debate, os termos
caixa 1, caixa 2, caixa 3 e propina foram exaustivamente repetidos ontem.
O vice-procurador-geral eleitoral,
Nicolao Dino, defendeu sua instituição. Segundo ele, o órgão diferencia, nos
acordos de colaboração, conceitos de caixa 2, propina e doação eleitoral. “A
PGR nunca confundiu esses conceitos e essas categorias”, afirmou Dino.
Em um dos momentos mais inusitados
do julgamento, os ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira defenderam que a
“fase Odebrecht” não deveria fazer parte do processo de cassação da chapa
porque a petição inicial do PSDB não pedia para discutir o uso de caixa 2 –
recursos não contabilizados oriundos ou não de propinas – na campanha de 2014.
As declarações foram rebatidas por
Benjamin, que defendeu que o uso de recursos ilícitos estava registrada na
petição inicial ajuizada pelos tucanos. Em tom irônico, o relator desejou “boa
sorte” para os ministros que iriam analisar apenas o chamado “caixa 1”, ou
seja, o dinheiro doado oficialmente para a campanha. “Para analisar caixa 1,
não precisamos de TSE”, afirmou.
Odebrecht. A discussão
sobre caixa 2 começou logo pela manhã, quando Gonzaga enfatizou que o seu voto
se limitaria “a recebimentos de doações oficiais de empresas contratadas pela
Petrobrás” e que, como os delatores ligados à Odebrecht haviam se referido a
recursos não contabilizados, ele não teria como analisar esses fatos.
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