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MARCELINO/ REUTERS E DANIEL
TEIXEIRA/ESTADÃO
Gilmar
Mendes e Herman Benjamin
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BRASÍLIA - O segundo dia de
julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) escancarou um duelo entre o
presidente da corte, Gilmar Mendes, e o ministro Herman Benjamin, relator da
ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Em uma vaidosa
batalha, com muita “modéstia às favas”, discussões sobre “fama” e “glamour”
intensificaram os ataques entre os magistrados.
Dono de uma verve tão famosa
quanto afiada, Gilmar até agora encontrou em Benjamin um esgrimista à altura,
porém de estilo diferente. Enquanto o primeiro abusa da contundência, o relator
adota um estilo mais moderado, mas com uma retórica repleta de fina ironia e
alguns apelos à emoção dos colegas.
O primeiro embate se deu quando
Gilmar chamou de “falacioso” o argumento de Benjamin de propor a inclusão na
ação de delações da Odebrecht na Lava Jato. Na reação, o relator recorreu às
contradições de seu oponente e lembrou de um voto de Gilmar de 2015, quando
Dilma ainda era presidente, no qual ele defendeu a observância sobre os fatos revelados
pela força-tarefa.
Gilmar então interrompeu Benjamin
enquanto ele explicava seu posicionamento sobre vazamento de delações – para o
relator, as provas são lícitas. O presidente, apesar de “encantado” com a fala
do colega, pediu para que ele fosse mais sucinto. Benjamin demonstrou
irritação. “Vossa Excelência pode estar encantado, mas eu não estou. Quem está
falando sou eu. Com o desgaste de minha saúde, não posso falar muito”, afirmou.
O relator está resfriado. Julgamento que segue.
Já no fim da sessão, Gilmar voltou
à provocação e disse que o processo não foi engavetado em razão de seu esforço.
“Eu digo sempre: essa ação só existe graças ao meu empenho, modéstia às favas”,
afirmou. Por não ter sido a ação engavetada, então, deveria Benjamin agradecê-lo
pela fama, uma vez que ele “só estava brilhando em todo o Brasil, na televisão”
por ser o relator.
Benjamin, conhecido por ser
vaidoso, disse preferir o “anonimato”: “Não escolhi ser relator. Preferia não
ter sido. Mas tentei cumprir aquilo que foi deliberação do tribunal”. E
completou: “É bom um esclarecimento aqui, presidente: processo em que se
discute condenação, em qualquer natureza, não tem e não deve ter nenhum glamour
pessoal.”
Gracejo. Apesar das
divergências, eles se engraçaram. Benjamin provocou risos do plenário e deixou
colegas surpresos ao usar a expressão “inferninhos” para se referir a casas
noturnas citadas em denúncias de lavagem de dinheiro na campanha de 2014.
Gilmar entrou na brincadeira.
“Vossa Excelência não teve de fazer investigações (nestes locais)?”
Benjamin respondeu que, nesse caso, não usou os “poderes de provas”. “Não
expandiu, então?”, continuou Gilmar. A resposta então do relator foi ainda mais
desconcertante: “Não, mas se Vossa Excelência quiser propor...” Diante do
silêncio, disse: “Imagino que não.”
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