Trabalhador
de frigorífico (Paulo Whitaker/Reuters)
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Após redução das atividades da
empresa após delações, criadores de Mato Grosso, maior produtor de gado do
país, têm dificuldade para vender os bois
Um grupo de pecuaristas de Mato
Grosso, maior produtor de gado do país, está se articulando para criar uma
cooperativa para reativar até 15 frigoríficos do Estado. As conversas ainda
estão em estágio inicial, mas ganharam força nas últimas semanas, depois que
vieram à tona as delações dos irmãos Batista, controladores da JBS.
A crise na empresa que se seguiu
às delações provocou uma grande desarrumação no mercado de
bovinos. Pecuaristas passaram a temer vender gado à prazo para a JBS, e
começaram a procurar outros compradores. Mas as opções são restritas – a JBS
concentra cerca de 50% do abate no Estado. Por conta desse desarranjo, o preço
do gado bovino acabou caindo.
Com isso, ganharam força as
conversas entre os pecuaristas para assumirem frigoríficos fechados. A ideia,
segundo Luciano Vacari, diretor executivo da Associação de Criadores do Mato
Grosso (Acrimat), já vinha desde que foi deflagrada, em março, a Operação
Carne Fraca, que investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da
Agricultura em esquema de corrupção, mas agora foi acelerada. “A abertura de
uma cooperativa é uma das possibilidades. Podemos atrair investidores de fora,
mas tudo está em discussão ainda”, disse.
Fazem parte desse pool de
pecuaristas os irmãos Fernando e Eraí Maggi, primos do ministro da Agricultura, Blairo
Maggi, donos do grupo agropecuário Bom Futuro. A família Maggi é uma das
maiores produtoras de soja no Brasil. “Estamos em conversas com o governo do
Estado de Mato Grosso”, disse Fernando Maggi. A ideia é que essas unidades
possam se tornar exportadoras.
Fernando Maggi é hoje um dos
maiores fornecedores de gado para o Marfrig, o segundo maior frigorífico
brasileiro. O pecuarista também foi, há dois anos, cliente do JBS, mas decidiu
romper o contrato. Maggi negou que a família, por meio do grupo Bom Futuro,
pretenda abrir seu próprio frigorífico.
Mato Grosso tem, no total, 22
frigoríficos desativados, boa parte por conta do movimento de concentração do
setor. Desses, de seis a oito podem ser reabertos nos próximos meses, disse
Ricardo Tomczyk, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado. Na
terça-feira, o Minerva, terceiro maior frigorífico do país, anunciou que vai
reabrir a unidade na cidade de Mirassol D’Oeste. O Marfrig também avalia
reativar duas unidades.
Pedro de Camargo Neto,
vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, apoia a iniciativa dos
pecuaristas e diz que as unidades reabertas têm condições de atender à demanda.
No entanto, lembra que a habilitação para exportação não é tão rápida. “A
inspeção para exportar para Ásia e União Europeia, por exemplo, demora de seis
meses a um ano.”
(Com Estadão Conteúdo)
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