Agentes
chegaram à sede de Furnas por volta
das 6h30
(Foto: Cristina Boeckel / G1)
|
Investigação partiu de
informações obtidas na delação do ex-senador Delcidio do Amaral. Polícia
encontrou indícios de corrupção envolvendo a compra de uma empresa, na qual o
ex-deputado federal Eduardo Cunha estaria envolvido.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro
está nas ruas para cumprir mandados de busca e apreensão em um desdobramento da
Operação Lava Jato na manhã desta quinta-feira (8). A investigação da Delegacia
Fazendária mostrou indícios de corrupção em contratos firmados por Furnas, mais
precisamente na compra de ações da Hidrelétrica Serra do Facão. O responsável
seria o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A ação é considerada a primeira
fase da Lava Jato em âmbito estadual. As operações anteriores realizadas no Rio
foram para cumprir mandados na esfera da Justiça Federal e foram comandadas
pela Polícia Federal. A ação desta quarta foi batizada como "Barão
Gatuno", referindo-se ao termo usado no século XIX para quem enriquecia de
forma irregular a partir do envolvimento com agentes públicos.
Os agentes chegaram à sede da
empresa, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, por volta das 6h20. Os agentes
cumprem 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e oito em São Paulo
sobre lavagem de dinheiro, corrupção e desvio de verbas de Furnas. Em São
Paulo, são cumpridos mandados em um prédio comercial da Avenida Nove de Julho,
região central da capital paulista.
A investigação das autoridades
partiu de informações obtidas no termo de colaboração do ex-senador Delcidio do
Amaral. Como um dos envolvidos é o ex-deputado federal Eduardo Cunha, que
perdeu o foro privilegiado, a investigação ficou a cargo da Delegacia
Fazendária da Polícia Civil do Rio.
A operação envolve 15 delegacias
no Rio de Janeiro, além do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de dinheiro
da Polícia Civil, e uma delegacia em São Paulo. A ação conta com a participação
de cerca de 120 agentes que buscam, principalmente, documentos que demonstrem
as fraudes em Furnas.
Entenda como funciona o esquema
A investigação se baseou na compra,
por parte de Furnas, da totalidade das ações da Serra do Facão Participações
após mudança na legalização proposta por Cunha.
Segundo as investigações, no ano
de 2007, Furnas possuía 49,9% das ações da Serra do Facão, sendo o restante de
posse do Fundo de Participações Oliver Trust Servicer e outras empresas. Neste
mesmo ano, Furnas desistiu da preferência de compra da totalidade das ações
devido ao impedimento legal, já que empresas ligadas à Eletrobrás não poderiam
ter participação majoritária em sociedades que tivessem concessão ou
autorização de geração de energia.
Com isso, os 50,1% da Oliver e de
outras empresas foram vendidas para a Companhia Serra da Carioca II por R$ 7
milhões. No entanto, em fevereiro de 2008, Cunha conseguiu, através de uma medida
provisória, retirar o impedimento da Lei, permitindo, meses depois, que Furnas
adquirisse o lote de ações pelo valor de R$ 80 milhões.
Segundo Delcidio, Cunha era ligado
a sócios da Carioca II e está ligado aos esquemas de corrupção e lavagem de
dinheiro envolvendo a construção da Hidrelétrica Serra do Facão, assim como
teria ligação direta com ex-funcionários de Furnas. Segundo a polícia, todos se
beneficiaram por meio da prática de atos de corrupção, além de desviarem e
lavarem capitais.
Por Cristina Boeckel, G1 Rio
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!