O quadro 'O
Beijo', de Rubens Gerchman, foi apreendido
pela PF na casa de Suzana Neves (Foto:
Divulgação/MPF)
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Policiais encontraram em imóveis
de Suzana Neves objetos como o quadro 'O Beijo', de Gerchman, e camisa de Pelé.
Ela nega que tenha lavado dinheiro para ex-marido e ex-governador do RJ
A Polícia Federal cumpriu, nesta
segunda-feira (8), buscas e apreensões em duas residências que pertenceriam a
Suzana Neves, ex-mulher do ex-governador Sérgio Cabral. Ao todo 48 obras foram
apreendidas na operação desta segunda. O G1teve acesso a fotos de parte
do material aprendido: há quadros como 'O Beijo', de Rubens Gerchman', e até
uma camisa do Santos autografada por Pelé.
Ainda esta semana, peritos irão em
Itaipava (RJ) e em São João Del Rei (MG) para avaliar os móveis, quadros e
objetos de antiguidade encontrados nas casas. A força-tarefa da Lava Jato no
Rio suspeita de que Susana tenha adquirido bens com o dinheiro da propina
recebido pelo grupo liberado por Cabral.
A ida a esses locais foi motivada
a partir de buscas ocorridas nas operações Calicute e Eficiência, fases
anteriores da Lava Jato no Rio. Nessas ações, identificou-se que Suzana Neves
teria comprado em nome de sua empresa, a Araras Empreendimentos Consultoria e
Serviços Ltda, um imóvel em São João del Rei por R$ 600 mil sem que, aparentemente,
tivesse recursos de origem lícita compatível.
As investigações também apontam
que Suzana utilizou sua empresa para ocultar a origem ilícita de R$
1.266.975,00. Entre outubro de 2011 e dezembro de 2013, foram identificadas 31
transferências bancárias de recursos vindos do grupo de empresas da empreiteira
FW Engenharia, através da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, que realizou
pagamentos à Araras Empreendimentos a título de serviços de consultoria em
valor quase duas vezes maior que a sua renda bruta declarada.
A Polícia Federal ainda encontrou,
nessas fases anteriores da Lava Jato, uma nota de uma empresa de mudanças para
esses dois endereços. Informantes relataram que, nos meses de janeiro e
fevereiro de 2017, houve o descarregamento de um “container de quadros” na
casa. Essas suspeitas levaram o Ministério Público Federal a solicitar buscas
ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
Na casa de São João Del Rei, em
Minas Gerais, os policiais encontraram 61 itens, sendo 29 quadros. Entre eles,
"O Beijo", de Rubens Gershman. Os agentes ainda encontraram na
residência, uma camisa do Santos, emoldurada, com dedicatória do craque do
século, Pelé – o G1 não conseguiu contato com o ex-jogador.
No local, de dois andares, os
policiais encontraram uma grande quantidade de móveis antigos. Por não terem
conhecimento dos valores, os investigadores pediram a ida ao local de peritos
que farão a avaliação.
Enquanto isso não for definido,
Suzana Neves foi escolhida como fiel depositária dos bens evitando o risco que
eles sejam danificados durante a remoção das casas. A medida tem como objetivo
garantir a preservação das obras.
Em Itaipava, na Região Serrana do
Rio, os policiais encontraram 19 itens, a maioria quadros.
A investigação da Polícia Federal
mostra que a sede da empresa de Suzana é a própria residência dela, no bairro
da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Não há ninguém contratado no
empreendimento.
Quase 50% dos valores recebidos
pela Survey da FW no período analisado pela investigação foram repassados logo
em seguida para a empresa de Suzana Neves. Toda a movimentação levantou
suspeita para a lavagem de dinheiro pago como propina à organização criminosa
em contratos que o Governo do Estado do Rio de Janeiro firmou com a FW
Engenharia.
Operações anteriores à de
segunda-feira resultaram em apreensões que indicam o pagamento de propina pela
empreiteira FW Engenharia.
Um dos contratos firmados com a
empresa FW, no valor de R$ 35 milhões, pretendeu a elaboração de projeto
executivo e a execução de obras complementares de urbanização no Complexo de
Manguinhos, na Zona Norte do Rio, comunidade beneficiada pelo Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) das Favelas.
A contratação foi financiada com
recursos da União provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento.
As oito denúncias já apresentadas
pela Força Tarefa da Lava Jato revelam como Sérgio Cabral instituiu, ao assumir
o Governo do Rio de Janeiro, em 2007, um esquema de cartelização de empresas e
favorecimento em licitações, mediante pagamento de propina de cerca de 5% em
todas as grandes obras públicas de construção civil contratadas junto ao ente
público, quase sempre custeadas ou financiadas com recursos federais.
As investigações demonstraram que
a organização desviou mais de US$ 100 milhões dos cofres públicos. Suspeita-se
que parte do dinheiro obtido irregularmente tenha sido enviado para o exterior.
O que diz a ex-mulher de
Cabral?
A defesa de Suzana afirmou que ela
jamais escondeu obras de arte ou qualquer outro objeto em sua propriedade.
"A defesa destacou ainda que o imóvel localizado em Araras não é dela,
pertence à sua mãe e ao seu falecido pai, desde a década de 70. Susana está à
disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários à
investigação."
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