Para tentar evitar tumulto durante
o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro,
previsto para ocorrer nesta quarta-feira, 10, em Curitiba, a Justiça do Paraná
proibiu acampamentos na cidade e restringiu a circulação de pedestres e
veículos em áreas próximas à sede da 13.ª Vara Federal, local onde será
realizada a audiência. Caravanas organizadas por movimentos sociais, sindicatos
e partidos políticos já estão a caminho da capital paranaense. Após um apelo de
Moro, grupos antipetistas, porém, desistiram de acompanhar o depoimento
“in-loco”.
Nesta segunda-feira, 8, em decisão
liminar, a juíza Diele Denardin Zydek determinou multa diária de R$ 50 mil para
quem montar estruturas ou acampamentos em ruas e praças da cidade. Também será
aplicado multa aos pedestres e veículos que ultrapassarem as barreiras que
serão montadas ao redor da sede da Justiça Federal. Moradores, trabalhadores e
comerciantes que atuam em um raio de 150 metros do prédio tiveram que fazer um
cadastro para poder ter acesso à área.
Na decisão, a juíza relatou que,
pela análise dos documentos apresentados pela Prefeitura de Curitiba, autora da
ação, aproximadamente 50 mil pessoas devem ir à cidade acompanhar o depoimento.
A magistrada argumentou que esse fato, por si só, já exigiria a necessidade de
planejamento “a fim de evitar invasão de bens públicos e privados, o tumulto e
confronto entre os manifestantes".
Integrantes de movimentos que se
posicionam contra Lula, como o Vem Pra Rua, #Nas Ruas e Revoltados Online
afirmaram nesta segunda-feira que decidiram não ir a Curitiba para evitar
“confrontos e desvio de foco”. A decisão foi tomada após Moro divulgar um vídeo
no sábado, 6, pedindo para que apoiadores da Lava Jato não se deslocassem até a
capital paranaense. Eles, no entanto, devem promover uma série de manifestações
pelo País, incluindo atos em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em
Brasília.
De acordo com fontes oficiais
ouvidos pelo Estado, porém, a previsão é de que, mesmo assim,
haverá embates entre os grupos contra e a favor de Lula. Por isso, o esquema
policial montado deve envolver de 8 mil a 12 mil agentes – civis, militares e
federais. O número exato não foi confirmado pela Secretaria de Segurança
paranaense.
Além de isolar o local, a polícia
também vai separar os manifestantes em dois blocos. Os apoiadores de Lula
permanecerão na rua XV de Novembro e os oponentes no Centro Cívico.
Empresários da região próximo à
sede da Justiça Federal reclamaram do transtorno causado pelo depoimento, mas
afirmam que o forte esquema de segurança será necessário para impedir mais
transtornos. Nesta segunda-feira, alguns já se preparavam para colocar tapumes
e evitar que vidros fossem quebrados.
“Provavelmente não iremos abrir,
não sei o que esperar, se vai ter algum tumulto, alguma bagunça”, afirmou o
empresário Dênis Augusto, que tem uma loja na região.
Em nota, o presidente do PT, Rui
Falcão, criticou a decisão judicial de restringir acampamentos e o acesso ao
local. A Defensoria Pública impetrou um pedido de habeas corpus contra a
medida, alegando que determinação fere o direito de ir e vir.
Petistas. Deputados e
senadores do PT também se preparam para desembarcar em Curitiba e acompanhar o
depoimento. Nesta terça-feira, 9, integrantes da Executiva Nacional da legenda
devem realizar uma reunião na cidade. A caravana petista está sendo organizada
pela senadora Gleisi Hoffman (PT), que é do Paraná. Em artigo publicado nesta
segunda, ela acusou Moro de ter “lado” e de “liderar uma torcida”. /
JULIO CESAR LIMA, ROBERTO GODOY, GILBERTO AMENDOLA e ERICH DECAT
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