Kim Jong-Un participa de desfile militar que marca o 105º aniversário do nascimento do fundador do país, Kim Il Sung, em Pyongyang, neste sábado (15) (Foto: AP Photo/Wong Maye-E) |
Governo norte-coreano revela
suposto plano de assassinato do líder do país que teria sido orquestrado por
Estados Unidos e Coreia do Sul.
A escalada nas tensões entre Estados Unidos e Coreia do Norte ganhou um
novo capítulo nesta sexta-feira, quando o governo norte-coreano acusou
os EUA e a Coreia do Sul de orquestrarem um "plano" para matar o
líder Kim Jong-un.
O suposto plano, segundo um comunicado norte-coreano, seria executado por
um homem identificado apenas como "Kim", também norte-coreano,
contratado pelos países "inimigos" para fazer o serviço.
O ataque seria feito com "substâncias bioquímicas", mas foi
"frustrado" antes de ser executado, diz a Coreia do Norte. Não se
sabe, porém, o paradeiro do homem chamado "Kim".
Até agora, nem a CIA, agência de inteligência americana, nem a Coreia do
Sul se pronunciaram sobre o assunto.
Mas analistas dizem que uma operação desse nível seria muito difícil de
planejar e executar, considerando-se o forte esquema de segurança em torno do
líder coreano.
O plano
O governo norte-coreano não forneceu provas das acusações nem detalhes
sobre como o plano teria sido descoberto.
Mas, em comunicado divulgado pelo Ministério de Segurança de Estado, diz
que a CIA e a inteligência da Coreia do Sul elaboraram um "plano perverso
para ferir o líder supremo (como os norte-coreanos se referem a Kim Jong-un) da
República Democrática da Coreia do Norte".
O texto alega que seria usada uma "bomba terrorista" para
alvejar o líder supremo durante um desfile militar ou em um evento no Palácio
Kumsusan do Sol, o mausoléu de Kim II-sung, o fundador do regime norte-coreano.
Segundo o comunicado, "Kim" teria recebido a orientação de que
o melhor método seria "usar substâncias bioquímicas, incluindo substâncias
radioativas e nanosubstâncias venenosas, cujos resultados apareceriam depois de
seis a 12 meses".
"Apenas a CIA poderia fazer algo desse tipo", diz o comunicado,
acrescentando que a Coreia do Sul teria ajudado a financiar o plano. Ainda de
acordo com o ministério, o homem norte-coreano contratado foi recrutado pelas
inteligências americana e sul-coreana enquanto trabalhava na Rússia, em 2014.
O ministério diz que foram feitos dois pagamentos a "Kim", de
US$ 20 mil, e mais outros dois de US$ 100 mil como "suborno" e para
pagar os equipamentos. O comunicado também menciona outros US$ 50 mil, mas não
fica claro se foram adicionais ao que já havia sido combinado.
Ao voltar para a Coreia do Norte, o homem teria sido instruído a
providenciar informações detalhadas sobre um possível local onde o atentado
poderia ser realizado.
O ministério disse que as "organizações de inteligência e de
conspiração dos imperialistas dos EUA e seus fantoches" seriam
"varridas".
Como o plano se desenvolveria?
O enredo divulgado pelo Ministério de Segurança norte-coreano, via agência KCNA
Junho de 2014: Um norte-coreano que trabalha em uma fábrica
de madeira no território de Khabarovsk, leste da Rússia, é "corrompido e
subornado" pela CIA e por agentes de inteligência da Coreia do Sul. O
homem - "Kim" - recebe o dinheiro e um "receptor e transmissor
de satélite" e volta a Pyongyang, capital da Coreia do Norte.
Janeiro, maio, agosto e
setembro de 2016: "Kim"
estabelece contato por satélite com agentes da Coreia do Sul e conversa sobre o
manuseio dos agentes bioquímicos e sobre os possíveis locais da tentativa de
assassinato.
Março e abril de 2017: "Kim" encontra um agente sul-coreano
na cidade de Dandong, na China, e recebe um novo transmissor e mais dinheiro.
As conversas se ampliam em abril. A última data que aparece nos registros
norte-coreanos são de início de maio, quando "Kim" deveria receber o
"equipamento necessário" em um "centro de ligação" que foi
montado com o dinheiro recebido dos dois países. Não foram divulgados mais
detalhes sobre a atual situação de "Kim", nem se ele foi preso ou se
foi encontrado.
Por BBC
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