© Estadão Joesley
delator diz que Lula pediu ajuda para o MST
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O empresário Joesley Batista,
delator da JBS, disse ao deputado Rocha Loures (PMDB/PR) que a última vez que
conversou pessoalmente com Lula foi no fim de 2016, mas contou que recentemente
recebeu uma ligação do ex-presidente com um pedido de ajuda ao Movimento dos
Sem-Terra (MST). "Ele me ligou esses dias, pediu pra mim [sic] atender os
sem-terra. Eu digo: 'ô presidente' (risos)... 'Joesley, eu tô aqui com o (João
Pedro) Stédile, não sei o que ele precisa falar com você'... 'Tá bom
presidente, manda ele vir aqui. Eu atendo ele, tá bom?'", relatou o
empresário ao deputado.
João Pedro Stédile, economista, é
o líder do MST. Joesley não disse se, afinal, encontrou-se com ele.
A conversa com Loures foi gravada
pelo próprio Joesley, já no curso da delação premiada que ele fechou com a
Procuradoria-Geral da República. O áudio tem uma hora e 14 minutos de duração e
foi anexado aos autos da Operação Patmos, que mira o presidente Michel Temer, o
senador Aécio Neves (PSDB) e o próprio Loures.
O encontro do delator Joesley com
o parlamentar – afastado do mandato por ordem do ministro Edson Fachin, do
Supremo Tribunal Federal -, ocorreu no dia 13 de março, apenas uma semana
depois que o executivo da JBS gravou a conversa com Temer. Na ocasião, Joesley
recebeu Loures em sua própria residência, no Jardim Euriopa, em São Paulo.
Aos procuradores da Lava Jato,
Joesley contou que abriu uma ‘conta-corrente’ de US$ 80 milhões no exterior
para atender ao ex-presidente. Ele disse que não tem amizade com o petista como
as pessoas imaginam.
“Sobre o Lula, eu acho assim,
primeiro, que eu não tenho amizade com ele igual o povo acha que eu tenho. Eu
conheci o Lula tem dois anos atrás, fim de 2013”, contou Joesley ao deputado
Loures.
Segundo ele, o parlamentar foi
indicado por Temer como uma pessoa de sua ‘estrita confiança’ para ajudar o
empresário em seus negócios. O deputado foi filmado pela Polícia Federal
pegando uma mochila com R$ 500 mil em propina viva, em São Paulo.
Loures comenta com Joesley que tem
‘boa relação’ com Lula. “Sempre me dei bem com ele, sempre fui não-ideológico,
mas prático. Agora, me parece que muito desse movimento (investigações da Lava
Jato) é para alcançá-lo, né Joesley, a ele e ao entorno”, disse o deputado.
“Com certeza”, respondeu o empresário. No diálogo, ambos concordaram que ‘a
única coisa que resta’ a Lula ‘é enfrentar’ a Lava Jato.
Curiosamente, foi nesse período em
que Joesley disse ter conhecido Lula pessoalmente que ganhou força o boato nas
redes sociais de que um dos filhos do ex-presidente, Fabio Luis Lula da Silva,
era sócio-oculto da Friboi, marca de frigorífico do grupo JBS. Ele e os irmãos
que são sócios da empresa sempre trataram os rumores com ironia.
Ao Ministério Público Federal,
Joesley disse que abriu duas ‘contas-correntes’ de propina no exterior que
seriam vinculadas a Lula e à ex-presidente Dilma Rousseff, para pagamento de
campanhas eleitorais. O saldo em ambas chegou a US$ 150 milhões, segundo o
delator. Esses recursos, afirmou o empresário, eram operados pelo ex-ministro
Guido Mantega (Fazenda) nos governos Lula e Dilma.
COM A PALAVRA, JOÃO PEDRO STÉDILE
A reportagem fez contato com a
assessoria do MST. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE LULA
Nota
“Verifica-se nos próprios trechos
vazados à imprensa que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não
decorrem de qualquer contato com o ex-Presidente, mas sim de supostos diálogos
com terceiros, que sequer foram comprovados.
A verdade é que a vida de Lula e
de seus familiares foi – ilegalmente – devassada pela Operação Lava Jato. Todos
os sigilos – bancário, fiscal e contábil – foram levantados e nenhum valor
ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente. Sua inocência também
foi confirmada pelo depoimento de mais de uma centena de testemunhas já ouvidas
– com o compromisso de dizer a verdade – que jamais confirmaram qualquer
acusação contra o ex-Presidente.
A referência ao nome de Lula nesse
cenário confirma denúncia já feita pela imprensa de que delações premiadas
somente são aceitas pelo Ministério Público se fizerem referência – ainda que
frivolamente – ao nome do ex-Presidente.”
Cristiano Zanin Martins e Roberto
Teixeira
COM A PALAVRA, DILMA ROUSSEFF
“A propósito das notícias a
respeito das delações efetuadas pelo empresário Joesley Batista, a Assessoria
de Imprensa da presidenta eleita Dilma Rousseff esclarece que são improcedentes
e inverídicas as afirmações do empresário:
1. Dilma Rousseff jamais tratou ou
solicitou de qualquer empresário, nem de terceiros doações, pagamentos ou
financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em
2014, fosse para si ou quaisquer outros candidatos.
2. Dilma Rousseff jamais teve
contas no exterior. Nunca autorizou, em seu nome ou de terceiros, a abertura de
empresas em paraísos fiscais. Reitera que jamais autorizou quaisquer outras
pessoas a fazê-lo.
3. Mais uma vez, Dilma Rousseff
rejeita delações sem provas ou indícios. A verdade virá à tona.”
Assessoria de Imprensa/Dilma
Rousseff
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