Oposicionistas
levam para protesto contra Maduro frasco
cheio de
fezes na Venezuela (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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Protestos de quarta-feira
marcaram estreia do uso de 'projéteis' com excremento nos embates com forças de
segurança; governo compara uso dessas 'bombas' ao de armas biológicas.
Em redes sociais e grupos de
WhastApp, os protestos de quarta-feira na Venezuela estão sendo chamados de
"marcha da merda".
O motivo são os coquetéis
"cocotov", a mais recente invenção dos opositores que promovem uma
onda de manifestações contra o presidente Nicolás Maduro no país.
Como o nome sugere, são potes,
frascos, garrafas, latas e sacolas plásticas com fezes. Foi lançando esses
projéteis que manifestantes reagiram às bombas de gás lacrimogêneo das forças
de segurança.
Entre os opositores, circulam
mensagens com instruções detalhadas e conselhos sobre como preparar as
"bombas de cocô".
Algumas mensagens dizem para
evitar frascos de vidro, para garantir que os coquetéis apenas
"humilhem" - e não machuquem.
Marielys Valdéz, do Tribunal
Supremo de Justiça, entretanto, alertou que os "cocotov" são
considerados "armas biológicas" - e que quem for utilizá-los corre o
risco de ser severamente punido.
"O uso de armas químicas,
neste caso, fezes de pessoas ou animais, geram consequências não só para quem é
o alvo da arma, mas para a população, pode contaminar as águas", destacou.
A apresentadora do canal estatal
VTV que entrevistava Valdéz qualificou o uso dos "cocotov" como
"bioterrorismo".
Há cerca de um mês e meio, o país
tem sido palco de protestos diários contra o governo do presidente Nicolás
Maduro. A oposição quer o adiantamento da eleição presidencial e a libertação
de presos políticos. Eles também rejeitam a convocação de uma Assembleia
Constituinte por Maduro em 1º de maio.
Mulher
escreve “Pelos presos políticos” em frasco cheio
de fezes, os chamados “cocotov”, durante
manifestação
na Venezuela (Foto: Christian Veron/Reuters)
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O governo acusa a oposição de
tentar dar um "golpe de Estado" e realizar "atos
terroristas". Desde que começaram essas manifestações, ao menos 39 pessoas
morreram.
As duas vítimas mais recentes
morreram na quarta-feira, nos hospitais em que estavam internadas após serem
feridas em protestos contra Maduro em duas cidades venezuelanas. As mortes de
Miguel Castillo, de 27 anos, em Caracas, e de Anderson Dugarte, de 32 anos, no
Estado de Mérida, no oeste do país, foram confirmadas pelo Ministério Público.
Ao menos 177 pessoas ficaram
feridas durante o ato promovido pela oposição em Caracas na quarta, segundo
informaram as autoridades.
Ainda que tenham sido emitidas
advertências no dia anterior quanto à ilegalidade dos coquetéis
"cocotov", jovens com os rostos cobertos e capacetes usaram elásticos
para lançar "bombas de cocô", pedras e coquetéis molotov.
"Estamos na rua e vamos ficar.
Não sairemos até que isso acabe, até que Maduro deixe o governo", disse
Luis Orta, um empresário de 52 anos.
O influente apresentador da TV
estatal Mario Silva disse em sua conta no Twitter que o uso dos
"cocotov" é um "ato de desespero, (...) de loucura".
Por BBC
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