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Divulgação Bormida, no norte da Itália,
tem apenas
394 habitantes
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Daniele Galliano, prefeito da
pequena cidade de Bormida, se surpreendeu com uma avalanche de mensagens nos
últimos dias, quando o povoado italiano capturou a atenção do mundo.
"Recebi 17 mil contatos no
Facebook. Fiquei acordado até as 3h30 da madrugada para atender todas as
demandas. Depois tive que fechar o perfil."
O município - localizado na
província de Savona, no norte do país, a duas horas de carro da fronteira com a
França - tornou-se famoso por conta de um grande mal-entendido na imprensa.
Veículos de diferentes partes do
mundo reportaram que a cidade de 394 habitantes doaria 2 mil euros (quase R$ 7
mil) para quem estivesse planejando se mudar para lá. Mas não é bem isso: por
enquanto, Bormida está apenas promovendo subsídios de aluguel, exclusivamente
para cidadãos italianos.
A pequena cidade da região da
Liguria sofre com um despovoamento gradual, daí a ideia de incentivar a vinda
de novos moradores.
Em julho de 2017, como já
aconteceu no passado, será possível alugar quatro apartamentos pelo valor de 50
euros por mês (R$ 171).
"É uma iniciativa que já foi
feita em 2014, mas não é aberta a todos: tem que ser cidadão italiano, ter uma
renda familiar de 10 mil euros e se inscrever no concurso público que vai ser
aberto."
O prefeito também tinha outra
ideia: dar um bônus de incentivo de 2 mil euros para quem quisesse comprar uma
casa na cidade. Foi daí que surgiu a confusão na imprensa.
"Foi apenas uma ideia que
quis propor aos líderes da região de Liguria", disse Galliano à BBC
Brasil. "Em vez disso, se espalharam declarações falsas. Recebemos
inúmeros pedidos de Brasil, Espanha, Peru, Chile e Grécia. As pessoas pensavam
que nós estávamos doando 2 mil euros por mês para viver aqui. Se tivesse esse
dinheiro disponível, não teria necessidade de atrair novos moradores."
Seria, portanto, apenas um bônus
de 2mil euros para a compra de uma casa e outro de 500 para o aluguel, no total
- algo que Galliano chama de "pequeno incentivo fiscal".
"Não posso oferecer dinheiro
às pessoas para viver aqui. Se fizesse isso, no dia seguinte haveria um mandado
de prisão (em meu nome) no Tribunal de Contas."
A notícia viralizou e muitos meios
de comunicação internacionais pintaram Bormida como um paraíso perfeito.
Nos escritórios da prefeitura,
houve um pequeno caos. "O telefone não para de tocar, todo mundo pedindo
trabalho. Que é exatamente o que nos falta", diz um funcionário.
"'Sinto muito', respondi para
um monte de pessoas do Brasil que me pediram um emprego ou uma casa. Não estava
procurando esse tipo de publicidade, não faz parte do estilo da nossa
cidade", reclama o prefeito.
O objetivo de Bormida é elevar a
população para 410 habitantes, 16 a mais do que no presente.
Na Italia é comum que os jovens
abandonem as pequenas cidades, forçados pela crise a buscar trabalho nas
metrópoles. Com isso, a arrecadação dos pequenos municípios cai.
"Às vezes até economizamos
nos gastos de gasolina ou recapeamento para fechar as contas. Meus colegas
prefeitos de cidades vizinhas me ligaram para perguntar como eu poderia estar
oferencendo 2 mil euros para os novos habitantes. Foi tudo um engano. Espero
que as pessoas não venham para Bormida a procura de dinheiro ou trabalho."
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