Benedicto Barbosa da Silva Junior (Foto: Reprodução) |
Planilha apresentada ao
Ministério Público por Benedicto Barbosa da Silva Junior mostra 642 pagamentos
sem declaração à Justiça Eleitoral; tabela descreve propósito dos repasses.
Uma tabela apresentada ao
Ministério Público pelo ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva
Junior detalha pagamentos que teriam sido feitos via caixa dois a 179
políticos. Entre 2008 e 2014, há registro de R$ 246 milhões em repasses
ilegais.
Entre os nomes citados, se
destaca, por exemplo, o do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, com
quase R$ 62 milhões em caixa dois. O atual governador, Luiz Fernando Pezão,
aparece como receptor de R$ 20,3 milhões.
O ministro da Ciência e
Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), consta na lista do delator como
beneficiário de R$ 21,2 milhões em recursos não declarados à Justiça Eleitoral.
No documento, Kassab aparece com os codinomes "Kibe", "Chefe
Turco" e "Projeto".
Conforme consta no documento, o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), teria recebido R$ 9,6 milhões
em pagamentos via caixa dois em 2010 e 2014. No detalhamento do propósito do
repasse, o documento informa que o tucano é defensor de concessões e privatizações.
O deputado federal Julio Lopes
(PP-RJ) aperece na lista com 91 pagamentos, totalizando R$ 15,6 milhões. No
documento, o parlamentar é apelidado de "Pavão", "Bonitão",
"Bonitinho", "Casa de Doido" e "Velho".
Entre os motivos que mais aperecem
na lista para justificar os pagamentos ilegais, está a disposição do político
para apresentar emendas ou defender projetos de interesse da empreiteira. Foram
60 doações desse tipo.
Na planilha apresentada ao
Ministério Público, há ainda 111 repasses a políticos que sequer estavam
concorrendo a cargos públicos nas eleições.
Em outro documento, Silva Junior
afirma que “todos os pagamentos constantes da planilha anexa, realizados por
pessoas ligadas diretamente a mim, só puderam ser efetuados a partir da minha
autorização, ainda que a definição de candidato e a negociação dos valores
tenha ficado a cargo de executivos da minha equipe”.
Benedicto Júnior é um dos
ex-dirigentes da empreiteira que fecharam acordo de delação premiada no âmbito
da Operação Lava Jato. As delações foram homologadas pelo Supremo Tribunal
Federal (STF).
Em sua defesa, o ministro Gilberto
Kassab emitiu um comunicado no qual diz que “confia na Justiça, ressalta que
não teve acesso oficialmente às informações e que é necessário ter cautela com
depoimentos de colaboradores, que não são provas. Reafirma que os atos
praticados em suas campanhas foram realizados conforme a legislação."
O governador Luiz Fernando Pezão
afirma que nunca recebeu recursos ilícitos e que nunca teve conta no exterior.
“As doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça Eleitoral”,
informou, por meio de nota.
Alckmin negou as acusações.
“Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política, nem autorizei que o
fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre
exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei”, disse.
O deputado Julio Lopes disse que
confia no trabalho das instituições e se coloca à disposição da Justiça para
colabrar com informações "que vão esclarecer todos os fatos". O
parlamentar ressaltou que todas as suas contas eleitorais foram aprovadas pela
Justiça.
Por G1, Brasília
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