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O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva negou as acusações de que teria pedido e recebido
dinheiro da Odebrechte afirmou que, se alguém provar que ele
tenha recebido “20 reais ilícitos na vida”, ele abandona a
política. O petista foi citado em mais de uma delação, inclusive do
ex-presidente da empreiteira Marcelo
Odebrecht, como beneficiário de recursos ilegais da empreiteira, tanto
para campanhas eleitorais do PT quanto para benefício pessoal ou de familiares.
“A vida continua, eu vou continuar
fazendo política. O dia que alguém provar um erro meu ou 20 reais ilícitos na
minha vida, eu paro com a política”, disse. Ele declarou, ainda, que
continua “desafiando qualquer empresário brasileiro, qualquer empresário, a
dizer que um dia o Lula pediu 10 reais para ele”. “E se alguém pediu em meu
nome, essa pessoa tem que ser presa, porque eu nunca autorizei ninguém a pedir
dinheiro em meu nome’, disse.
A entrevista foi dada à rádio
Metrópole, de Salvador, ao radialista Mário Kertész, que
também foi citado por delatores da Odebrecht na colaboração premiada firmada na Operação
Lava Jato – ele teria recebido caixa dois em sua campanha a prefeito
de Salvador pelo PMDB, quando foi derrotado por ACM Neto (DEM).
“Faz mais de dois anos que eu não
consigo passar um dia sem ver uma denúncia, uma insinuação, uma mentira, uma
leviandade. E estou conseguindo suportar isso com uma tranquilidade. A cada
depoimento, eu fico mais abismado com a qualidade das perguntas que eles
[membros da força-tarefa da Lava Jato] fazem, é uma coisa até sem nexo, eles
querem apenas encontrar um conteúdo para colocar dentro da tese deles”, afirmou
Lula.
Segundo ele, “houve mais um
absurdo” no depoimento de Marcelo Odebrecht ao juiz Sergio Moro. “A
delação do Marcelo Odebrecht eu até compreendo, ele já está preso há mais de
dois anos, até compreendo que ele tem família fora e que está comendo o pão que
o diabo amassou e que esteja tentando criar condições para sair da cadeia”,
disse.
De acordo com ele, as acusações
são inverossímeis. “É tão irreal que eu não vou nem rir e nem
chorar. Eu vou analisar corretamente, vou conversar com meus advogados,
ler cada peça do processo, para que a gente possa chegar no dia certo
[depoimento a Moro no dia 3 de maio] e dizer claramente o seguinte: a delação
tem de ser provada, não basta o cidadão falar, a pessoa tem que provar”,
afirmou.
Volta à Presidência
Lula afirmou que, nesse processo
de investigação, há algo “mais grave, mais escabroso” que uma eventual prisão
dele: a tentativa de barrá-lo da disputa eleitoral em 2018. “O que está por
trás disso tudo é ‘nós precisamos encontrar uma pulga para evitar que o Lula se
meta a ser candidato em 2018’. É isso que está em jogo”, afirmou.
O ex-presidente também criticou o
que chamou de coação da força-tarefa da Lava Jato ao manter investigados como
Marcelo Odebrecht presos por muito tempo e disse que os responsáveis pela
investigação tem obsessão por ele. “Há casos e mais casos de pessoas que
vão depor e me dizem: ‘só querem saber do senhor. E o Lula? E o Lula? E o
quatro dedos, ele está metido nisso?’. Todo mundo que vai prestar depoimento é
assim”, disse.
Ele também negou irregularidades
numa eventual destinação de dinheiro à empresa Touchdown, de seu filho caçula,
Luis Claudio Lula da Silva -“é um patrocínio” -, e ao seu irmão, Frei Chico,
acusado de receber uma mesada de cinco mil reais da Odebrecht. “O meu
irmão nunca pediu um real para mim’, disse.
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