Soldado
ficou com marcas no corpo após agressões
(Foto: Arquivo Pessoal)
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Homem diz que foi amarrado e
agredido com pedaços de madeira por superiores dentro de alojamento. Vítima entrou
com ação judicial contra a União.
A Justiça aceitou a denúncia
contra oito militares do exército acusados de torturar um soldado. O jovem
tinha acabado de entrar nas forças armadas e foi brutalmente agredido durante
um trote, em maio do ano passado.
Depois das agressões, o soldado do
27º Batalhão de Infantaria Paraquedista decidiu não seguir em frente na
carreira militar. Apesar do caso ter ocorrido em maio de 2016, uma ação
judicial, aberta pelo advogado da vítima, ainda tramita na Justiça Federal.
Na época, um grupo de cabos
convocou o calouro para passar por um trote. Ele foi levado para o alojamento
de seus superiores onde diz ter sido imobilizado, derrubado e, em seguida,
agredido. Os momentos de terror foram relatados pelo soldado e, segundo ele,
eram diários.
“Teve um dia que eu tentei fugir
do trote e me levaram para o alojamento deles. Chegando lá tinha cerca de 15 a
18 cabos. Me amarraram, fecharam as janelas e portas, e quando eu caí no chão
começaram as agressões. Eu gritei muito, mas não foi motivo para eles pararem.
Eu fui agredido na frente de outro soldado e ele desmaiou (...) Isso já é
conhecido por lá. Eles pegam os soldados aos poucos. Todos que se formam sofrem
esse trote. Os que se formaram comigo também passaram por isso”, disse a vítima
das agressões.
O advogado do soldado, Marcelo
Figueira, afirmou que os agressores usaram pedaços de madeira, fios cortados e
cordas. Os golpes e a tortura resultaram em uma cirurgia onde o soldado teve
que retirar um dos testículos.
Após ser submetido ao procedimento
cirúrgico, o soldado recebeu alta médica. Ele disse que foi obrigado a voltar a
prestar seus serviços. A experiência de reencontrar os agressores no Exército
causou uma instabilidade psicológica no soldado. Na época, a vítima chegou a
ser perseguida e ameaçada pelos superiores.
“Depois que eu recebi alta da
cirurgia, eu tive que voltar para lá, eu convivi com os agressores diariamente.
Eu sofri pressão psicológica. Eles me perseguiam, ameaçavam. Foi quando eu
comecei a ter acompanhamento psiquiátrico. O meu psiquiatra pediu para que eu
fosse afastado. Comecei a tomar medicamento controlado (...) Desde a agressão,
eles falavam que eu não podia falar com ninguém, falavam que caso alguém visse
era pra falar que fui assaltado, falava para usar a farda no corpo inteiro para
tampar as marcas”, contou o soldado.
Por G1 Rio
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