São Paulo - Vista como a salvação
para as ameaças de rachas no PT, a possível indicação do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva à presidência do partido se tornou motivo de divisão entre
as diferentes forças internas da legenda.
Desde terça-feira Lula disse a
pelo menos três interlocutores diferentes que não quer ser presidente do PT mas
está sendo pressionado pela corrente majoritária Construindo um Novo Brasil
(CNB), à qual pertence.
Na semana passada Lula autorizou
que uma comissão formada por integrantes da CNB e pelo presidente nacional do
PT, Rui Falcão (da tendência Novo Rumo), ouvisse todas as demais forças do
partido sobre sua possível indicação à presidência da legenda.
Segundo integrantes da comissão,
as correntes que integram o Muda PT, movimento que congrega mais da metade da
bancada petista na Câmara Federal além das correntes Mensagem ao Partido (a
segunda maior), Articulação de Esquerda, Militância Socialista e Avante já se
posicionaram contra a ida de Lula para a presidência do partido.
Estas correntes argumentam que
Lula deve se dedicar a construir as condições para sua candidatura à
Presidência de República em 2018 e que acumular as funções de candidato e
dirigente é incompatível.
"É um equívoco muito grande.
Ele próprio já disse que não quer. O que existe é uma pressão, uma chantagem da
corrente majoritária", disse o deputado estadual Raul Pont (PT-RS).
"O que Lula expressa é a manifestação para ele voltar à Presidência da República.
Ele vai assumir a administração do PT? Vai assinar cheques? Lula tem que estar
na rua", completou Pont.
Das correntes ouvidas até agora,
além da CNB, Movimento PT, Novo Rumo e Esquerda Popular Socialista (EPS) se
manifestaram a favor da indicação de Lula para dirigir o partido. É mais do que
suficiente para garantir a eleição do ex-presidente mas está longe da
unanimidade pretendida pelos defensores da ideia de que Lula assuma o
partido.
Além disso, Novo Rumo e EPS já
trabalham, ao lado do Muda PT, pela candidatura do senador Lindbergh Farias
(PT-RJ) à presidência da legenda.
Em texto publicado em seu blog,
Valter Pomar, líder da Articulação de Esquerda, disse claramente que a
tendência é contrária à tese de Lula na chefia do partido e apoia a candidatura
de Lindbergh. No texto, Pomar diz que a pressão sobre Lula é a
alternativa que a CNB encontrou para solucionar um problema interno da legenda,
incapaz de construir uma candidatura unitária.
No início da semana o PT do Rio
Grande do Sul organizou um grande ato de apoio ao senador do qual participaram
toda a bancada federal, quase todos deputados estaduais além de lideranças como
Tarso Genro, Olivio Dutra e Miguel Rossetto. Outros atos estão marcados em
Santa Catarina, Minas Gerais e Bahia.
Nos últimos dias, defensores da
ida de Lula para a presidência do PT que até sexta-feira dava como certa a
manobra, mudaram de discurso e passaram admitir que adotaram a estratégia
errada. O maior equívoco, segundo eles, foi escolher uma comissão formada
prioritariamente pela CNB. Isso irritou as demais correntes. Diante da
possibilidade de o plano Lula ir por água abaixo, setores da CNB articulam a
candidatura de Marcio Macedo, atual tesoureiro do partido, à presidência do
PT.
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