Atacante, empresa de sua família,
Barcelona e Santos responderão por irregularidades na transferência, iniciada
em 2011 e oficializada em 2013
A Procuradoria da Audiência Nacional da Espanha confirmou nesta
segunda-feira os processos contra o atacante Neymar e o Barcelona por corrupção
na transferência do jogador, iniciada em 2011 e concretizada em 2013. A
denúncia aberta pela empresa DIS, que detinha 40% dos direitos econômicos do
atacante, será levada a julgamento, ainda sem data prevista. A sentença será
definitiva e, portanto, não caberá recurso.
Além dessas resoluções, o tribunal divulgou mais cedo a confirmação dos
processos contra o clube catalão, a mãe do jogador, Nadine Gonçalves, a empresa
familiar N&N e o Santos, todos processados juntos com o atual presidente do
Barcelona, Josep Maria Bartomeu, e seu antecessor, Sandro Rosell.
A principal alegação de Neymar é ter ficado à margem dos negócios desde
que era menor de idade até atingir a maioridade, “se dedicando exclusivamente a
jogar futebol, depositando sua absoluta confiança, cega, em seu pai, para
qualquer aspecto diferente”.
Os magistrados observaram que esse argumento é idêntico àquele
apresentado pelo amigo Lionel Messi em processo semelhante, pelo qual foi
julgado e condenado a 21 meses de prisão (penas menores que dois anos por
crimes não violentos podem ser cumpridas sob liberdade condicional na Espanha)
e ao pagamento de dois milhões de euros de multa por crime fiscal.
De acordo com o tribunal, os argumentos expostos por Neymar deverão ser
esclarecidos no julgamento, já que “não se discute sua assinatura nos contratos
investigados.” O Barcelona pediu o arquivamento dos processos que o afetam ao
considerar que “não se demonstra a existência de um fato delitivo” próprio do
clube nem crimes imputáveis a uma pessoa jurídica, alegação que o tribunal não
aceitou.
Apesar da mãe de Neymar argumentar em recurso que não participou “de
nenhuma negociação sobre nenhuma matéria relacionada a essa investigação, o
tribunal afirma que as atuações de Nadine Gonçalves, que divide com o pai do
atleta o comando da N&N, “apontam para sua possível responsabilidade
penal”.
Entenda o caso
O atacante Neymar e Sandro Rosell do Barcelona
O atacante Neymar e Sandro Rosell do Barcelona (Europa Press/Getty
Images/Getty Images)
Neymar e seus familiares são alvos de processos na Espanha e no Brasil.
O caso que pode levá-lo à prisão, tratado pela imprensa espanhola como “Neymar
2”, se refere à quantia que o fundo de investimento DIS teria direito a receber
com a transferência, pois detinha 40% dos direitos do jogador.
Neymar assinou contrato com o Barcelona para que o clube adiantasse 10
dos 40 milhões de euros da sua transferência, no dia 6 de dezembro de 2011,
nove dias antes de Neymar der derrotado pelo próprio Barcelona na final do
Mundial de Clubes pelo Santos. Mas apesar do pré-acordo milionário, o jogador
garantiu que a escolha pelo clube catalão só foi tomada em 2013, quando o
negócio foi oficializado.
Inicialmente, o Barcelona informou que o negócio custou ao clube 57,1
milhões de euros (cerca de 249,5 milhões de reais na época). Oficialmente, o
Santos recebeu 17,1 milhões de euros (cerca de 74,8 milhões de reais). Depois,
o clube catalão admitiu que gastou 86,2 milhões de euros (pouco mais de 364
milhões de reais). Mas o clube espanhol alega que pagou 40 milhões de euros de
indenização à empresa N&N, da família de Neymar.
Inicialmente, o tribunal concluiu que o dinheiro que a DIS reclamava
representava salários e bônus acertados, e não o valor da transferência. O
grupo, no entanto, manteve as denúncias contra Barcelona, Santos, Neymar e seus
familiares.
O DIS pediu, então, uma indenização de até 195 milhões de euros (700,3
milhões de reais). O fundo de investimentos solicitou ainda que o brasileiro
seja condenado a cinco anos de prisão, enquanto os promotores do Ministério
Público da Espanha querem dois anos de prisão e 10 milhões de euros (35,9
milhões de reais) de multa para o atacante. O DIS ainda pede oito anos de
prisão para o atual presidente do Barcelona, Josep María Bartomeu, e seu
antecessor, Sandro Rosell. Neymar e seus familiares também respondem à Justiça
brasileira a acusações de fraudes fiscais.
(Com agência EFE)
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