Carro da
Polícia Federal no Rio de Janeiro
(Sergio
Moraes/Reuters)
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Os investigadores suspeitam que o
dinheiro foi usado para pagar propina a políticos no esquema de corrupção no
FI-FGTS
Delatado pelo ex-vice-presidente
da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto, o esquema de corrupção no FI-FGTS usou
os serviços da mesma consultoria empregada pela Engevix para pagar propina ao
almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, preso
pela Polícia Federal, na semana passada, na Operação Pripyat, um desdobramento
da Lava-Jato.
Em 2013, o FI-FGTS aprovou um
aporte de 400 milhões de reais na Brado, uma gigante do setor de logística.
Segundo Fábio Cleto, a transação rendeu propina a ele e a seu padrinho
político, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou à presidência da
Câmara. Cleto, o operador, diz que recebeu 80.000 reais, mas não especificou
quanto Cunha, seu chefe, embolsou.
VEJA colheu indícios de que a
propina pode ser sido bem maior do que sugere o valor citado pelo delator.
Durante a tramitação do processo no FI-FGTS, a Brado contratou duas empresas
para acompanhar o caso. Juntas, elas receberam 9,4 milhões de reais e, conforme
informação prestada pela atual direção da Brado à cúpula da Caixa, nenhuma
delas prestou um mísero serviço sequer. Teriam sido contratadas apenas para
fazer com que dinheiro passasse do caixa do corruptor ao bolso do corrompido.
Uma das contratadas foi a Link
Participações e Projetos Ltda, que recebeu 1, 4 milhão de reais. A Link é velha
conhecida das autoridades. Em delação premiada, seu dono, Victor Sergio
Colavitti, admitiu que pagou 765.000 reais, a pedido da Engevix, a uma empresa
do almirante Othon da Silva. Às autoridades, declarou que não sabia que os
valores se referiam a propina paga pelas obras de Angra 3, como descobriu a
força-tarefa da Lava-Jato. Procurado por VEJA para comentar o caso Brado,
Colavitti não retornou as ligações. Ele é proprietário de outras empresas. Numa
delas, tem como sócio Milton Lyra, notório operador de propinas em outros
esquemas de corrupção.
A outra contratada pela Brado foi
a Porte Projetos Terraplanagem e Construções. Remunerada com 8 milhões de
reais, também não quis comentar o caso. Por meio de nota, a Brado disse que
está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. "Os
fatos levantados pela reportagem são anteriores à mudança de controle e de
gestão da companhia, sendo que a nova gestão está à frente da Brado há apenas
12 meses. Quando a atual gestão assumiu a empresa, achou por bem instaurar uma
auditoria interna para avaliar o conjunto de contratos da companhia, a qual encontra-se
ainda em curso." O deputado Eduardo Cunha nega que tenha recebido propina.
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