Irmã de Amanda Bueno diz que
recebeu imagens no velório: 'Desrespeito'. Ela diz que pretende processar a
instituição do RJ por danos morais.
A família da dançarina de funk Amanda Bueno, de 29 anos, morta na casa em
que morava, no Rio de Janeiro, está revoltada com o vazamento de imagens
da vítima quando passava por necropsia no Instituto Médico Legal (IML) de Nova
Iguaçu (RJ).
“Isso era uma coisa privada, que
não podia sair lá de dentro, foi um desrespeito. Não podiam sair passando essas
fotos de mão em mão. Por isso, vamos entrar na Justiça”, disse ao G1a
irmã da dançarina, Valsirlândia Lopes Sena, 34.
Segundo a irmã, a família ficou
muito abalada ao ver as fotos em que Amanda aparece nua e com ferimentos na
cabeça.
“Elas chegaram na gente no momento
do velório dela, apesar de toda a dificuldade que estávamos tendo, a dor de
perda, a tristeza. A gente não queria que as pessoas vissem como ela estava e
até pedimos para que o caixão não fosse aberto. Aí essas fotos circularam do nada,
e foi muito difícil, pois violaram a privacidade dela, que estava nua, ainda no
IML. Eles não podem fazer isso”, afirmou.
Danos morais
Após o constrangimento em ver essas imagens, a família da dançarina procurou ajuda de advogados para saber como proceder.
Após o constrangimento em ver essas imagens, a família da dançarina procurou ajuda de advogados para saber como proceder.
“Realmente as fotos eram muito
chocantes e, apesar da vítima não ter mais conhecimento do que estava
acontecendo, essas imagens abalaram os familiares ainda mais. Por isso, vamos entrar
com uma ação por danos morais decorrente dessa exposição indevida”, disse o
advogado Paulo César Gonçalves da Silva.
O G1 entrou em
contato com o IML de Nova Iguaçu,
mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
A gente não queria que as pessoas
vissem como ela estava e até pedimos para que o caixão não fosse aberto. Aí
essas fotos circularam do nada, e foi muito difícil"
Valsirlândia Lopes Sena, irmã
de Amanda Bueno
Amanda, que na verdade se chamava
Cícera Alves de Sena, foi morta no último dia 16 de abril na casa em que morava
com o noivo, Milton Severiano Vieira, o Miltinho da Van, de 32 anos, na região
da Posse, em Nova Iguaçu.
Câmeras de segurança registraram o momento em que Miltinho pega Amanda
pelo pescoço, bate com a cabeça dela no chão e dá tiros contra a noiva.
As imagens também mostram a fuga do suspeito e o momento em que ele rouba um
carro. Ao ser preso, em 17 de abril, ele confessou o crime e segue cumprindo prisão preventiva.
'Ficha não caiu'
Valsirlândia, irmã de Amanda, diz que, pouco mais de um mês após a morte da dançarina, a família ainda não consegue acreditar no que aconteceu.
Valsirlândia, irmã de Amanda, diz que, pouco mais de um mês após a morte da dançarina, a família ainda não consegue acreditar no que aconteceu.
"A ficha ainda não caiu.
Pedimos a celebração de uma missa em memória dela, no dia 16, muita gente foi,
mas estava tudo estranho. Vira e mexe a minha mãe ainda pergunta se a 'nega'
ligou. Aí quando a gente relembra o que aconteceu, ela cai no choro",
disse.
A mãe de Amanda, Iraíldes Maria de
Jesus, segue muito abalada com o crime e foi levada por parentes para a Bahia
"para sair um pouco de casa".
"Ela ainda está inconformada,
a barra está bem difícil. Ela fica muito sozinha em casa e sempre que eu vou
visitá-la ela está chorando. É uma situação que não passa", diz a irmã de
Amanda.
Filha
Já sobre a filha da dançarina, que completou 12 anos no último dia 13 de maio, Valsirlândia diz que a menina fica "muito calada" e, às vezes, demonstra não ter noção do que aconteceu com Amanda.
Filha
Já sobre a filha da dançarina, que completou 12 anos no último dia 13 de maio, Valsirlândia diz que a menina fica "muito calada" e, às vezes, demonstra não ter noção do que aconteceu com Amanda.
"Ela parece não acreditar na
morte, é como se a mãe dela estivesse viajando e fosse voltar a qualquer
momento. Ela ainda é uma criança e não tem muita mentalidade. Quando o pai
morreu, há oito meses, minha sobrinha entrou em desespero. Mas agora, em
relação à mãe, parece que ela faz o possível para não acreditar", relata.
A irmã ressalta que, mesmo morando
no RJ há três anos, a dançarina sempre manteve uma relação muito próxima à
filha.
"Ela sempre esteve aqui, de
dois em dois meses, e ligava todo dia. A situação começou a mudar depois que
ela começou a namorar o Milton, pois ele não deixava mais ela falar com a gente
direito. Espero que ele pague pelo que fez", diz Valsirlândia.
Denúncia
A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público contra Milton no último dia 5. Entre as qualificações estão motivo fútil, crueldade e feminicídio.
A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público contra Milton no último dia 5. Entre as qualificações estão motivo fútil, crueldade e feminicídio.
O juiz Alexandre Guimarães Gavião
Pinto, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, ainda manteve a prisão preventiva de
Milton, alegando, que além de ter cometido o crime, o homem tentou fugir do
local do assassinato com um veículo que pertencia à vítima, configurando roubo
majorado.
A defesa da família de Amanda,
formada pelos advogados Paulo César e Jakelliny Nemura de Moura, se dispôs a
auxiliar o promotor responsável pelo caso na elaboração da acusação contra o
noivo.
"Nós estivemos lá no Rio, na
semana passada, para acompanhar o andamento do processo. Os parentes nos
pediram isso, pois eles querem garantir que a justiça seja feita", afirmou
Paulo César.
Para Jakelliny, o processo está
caminhando rapidamente. "O caso teve muita repercussão, até mesmo pela
crueldade, então houve uma atenção maior das pessoas que analisaram a situação
no âmbito judicial. Por isso, podemos dizer que ele já está com um tempo
recorde. Esperamos que a primeira audiência seja marcada em breve."
A ficha ainda não caiu. Vira e
mexe a minha mãe ainda pergunta se a 'nega' ligou"
Valsirlândia, irmã de Amanda
Bueno
Os advogados dizem trabalhar para
que Milton seja condenado a maior pena possível. "Queremos que ele tenha
uma pena bem alta, pois aí, quando houver a somatória, ele fique 30 anos
preso. Ele cometeu um crime classificado como feminicídio e esperamos que isso
também seja levado em conta", disse Paulo César.
O G1 tentou contato com o advogado de defesa de Milton, Hugo
Assumpção, mas as ligações não foram atendidas.
Morte da dançarina
Segundo a Polícia Civil, as imagens que registraram o homicídio mostram que Miltinho bateu a cabeça de Amanda 11 vezes em uma pedra do jardim e deu 10 coronhadas na cabeça dela. Em seguida, entrou em casa, vestiu o colete à prova de balas e se armou com um revólver, três pistolas e uma espingarda calibre 12. Ao passar pelo corpo, deu tiros com a pistola e com a espingarda no rosto da vítima.
Segundo a Polícia Civil, as imagens que registraram o homicídio mostram que Miltinho bateu a cabeça de Amanda 11 vezes em uma pedra do jardim e deu 10 coronhadas na cabeça dela. Em seguida, entrou em casa, vestiu o colete à prova de balas e se armou com um revólver, três pistolas e uma espingarda calibre 12. Ao passar pelo corpo, deu tiros com a pistola e com a espingarda no rosto da vítima.
Após a morte, Miltinho saiu,
rendeu dois homens e roubou um carro, mas foi preso logo depois do crime, ao
capotar durante fuga da polícia. Quatro armas, incluindo uma escopeta
semelhante à que aparece no vídeo, foram encontradas no veículo.
Para o delegado Fábio Cardoso,
Divisão de Homicídios da Baixada, o crime pode ter sido motivado por ciúmes.
Miltinho teria almoçado com uma ex-namorada que, no dia do crime, ligou para
Amanda para provocá-la. A ligação teria gerado uma briga, e o noivo saiu de
casa. Mais tarde, ele teria voltado cambaleando.
Preso, Miltinho admitiu o assassinato. O advogado que o defende disse que ele alegou ter sofrido um "surto" e que está arrependido do crime. Em depoimento, no entanto, ele se reservou o direito de ficar calado, segundo o delegado Fábio Raboso, responsável pelas investigações.
Preso, Miltinho admitiu o assassinato. O advogado que o defende disse que ele alegou ter sofrido um "surto" e que está arrependido do crime. Em depoimento, no entanto, ele se reservou o direito de ficar calado, segundo o delegado Fábio Raboso, responsável pelas investigações.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!