Como fala não ocorreu durante a
votação de um projeto de lei, tecnicamente não é um boicote ou obstrução, mas é
a primeira vez durante o mandato do republicano que os democratas bloqueiam o
Senado
Um senador democrata começou um
discurso irritado contra as “ações inconstitucionais” do presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, no final da noite de segunda-feira (31) e mais de 18
horas depois ainda não terminou. Para manter a vez da fala, Cory Booker nem
sequer pode ir ao banheiro. Sua resistência lembrou a famosa cena do filme de
1939, de Frank Capra, “A Mulher Faz o Homem”. O discurso maratonista de Booker
não impede que o Partido Republicano, majoritário no Senado, realize votações,
mas é inspirador para os democratas, cuja oposição ao governo é até agora
bastante morna. “Levanto-me esta noite porque sinceramente acredito que nosso
país está em crise”, disse o legislador por Nova Jersey no início do discurso.
“Estes não são tempos normais nos Estados Unidos”, acrescentou Booker, de 55
anos, com a voz embargada.
Este ex-candidato presidencial
tomou a palavra na Câmara Alta às 19h locais (20h no horário de Brasília) de
segunda-feira e continua discursando nesta terça-feira. Por horas e horas,
atacou as políticas radicais de cortes de gastos de Trump, que levaram seu
principal assessor, Elon Musk, o homem mais rico do mundo, a eliminar programas
governamentais sem o consentimento do Congresso. Além disso, estima que Trump
coloca em perigo a própria democracia americana ao acumular cada vez mais
poder. “Americanos de todas as origens passam por dificuldades desnecessárias”,
queixou-se. E algumas instituições “que são únicas em nosso país” são atacadas
“de maneira imprudente, e eu diria até inconstitucional”, afirmou. “Em apenas
71 dias, o presidente dos Estados Unidos causou muitos danos à segurança dos
americanos, à estabilidade financeira e às bases da nossa democracia”,
argumentou.
Como seu discurso não ocorreu
durante a votação de um projeto de lei, tecnicamente não é um boicote ou
obstrução. Mas é a primeira vez durante o mandato de Trump que os democratas
bloqueiam de alguma forma o Senado. Os congressistas democratas, em minoria tanto
no Senado quanto na Câmara dos Representantes, buscam uma forma de combater os
esforços de Trump para reduzir o tamanho do governo, aumentar as deportações de
migrantes e desmontar grande parte das normas políticas do país. “Só quero te
agradecer por manter a vigília por este país a noite toda”, disse o senador
Raphael Warnock a Booker no plenário.
Cory Booker passou horas
criticando as políticas do presidente, mas também recitou poesia, falou de
esportes e respondeu perguntas de seus colegas. Na mais recente parte de seu
enorme discurso, Booker fala do medo de que Trump desmonte a seguridade social.
“Eu lhes digo que vou lutar por” esse tema, assegurou Booker. Também pediu aos
congressistas que se unam para bloquear algumas das decisões mais agressivas de
Trump.
“Este não é um momento
partidário, é um momento moral (…) Não é um momento de esquerda ou direita, é
um momento de certo ou errado”, acrescentou. “Como podem concordar em cortar
800 bilhões de dólares de Medicaid apenas para cortes de impostos (…) que vão
desproporcionalmente para os mais ricos?”, perguntou aos republicanos sobre o
seguro de saúde oferecido a milhões de americanos de baixa renda. Se forem
conservadores cristãos, como podem “fazer mal aos fracos para beneficiar os
ricos e poderosos?”, lançou. “Todos temos que nos levantar e dizer ‘Não’.”
Com informações da AFP
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