Pelo quarto dia consecutivo, milhares de pessoas tomaram as ruas da Turquia em protesto contra a prisão de Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e principal opositor do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Segundo estimativas da oposição,
a manifestação deste sábado (22) foi a maior até agora, reunindo mais de meio
milhão de participantes. O protesto terminou em confrontos com a polícia, que
tentou dispersar os manifestantes com gás lacrimogêneo, balas de borracha,
spray de pimenta e granadas de efeito moral.
Entre as palavras de ordem
gritadas pelos manifestantes estavam frases como “Os ditadores são covardes!” e
“O AKP (partido governista) não vai nos calar!”. Faixas com essas mensagens
foram erguidas no centro de Istambul, onde milhares avançaram em marcha contra
o governo.
“Assim como as pessoas saíram às
ruas para apoiar Erdogan durante a tentativa de golpe de Estado em 15 de julho
de 2016, estamos agora nas ruas para apoiar Imamoglu. Não somos inimigos do
Estado, mas o que está acontecendo é ilegal”, declarou a manifestante Aykut
Cenk.
O líder do oposicionista Partido
Republicano do Povo (CHP), ao qual Imamoglu pertence, também participou dos atos
e prometeu que a população “defenderá a democracia”, convocando apoiadores a
irem até o tribunal onde o prefeito prestava depoimento.
Acusações e defesa
Detido na última quarta-feira
(19), Imamoglu depôs por cinco horas na sexta-feira e, neste sábado, foi levado
ao tribunal para prestar novos esclarecimentos. Ele é acusado de corrupção,
recebimento de propina, manipulação de licitações municipais e ligações com
organizações terroristas. O prefeito nega todas as acusações e classifica o
caso como “perseguição política”.
“Perguntar ao prefeito de 16
milhões de istambulenses se ele viajou ilegalmente ao exterior é imoral,
intencional e orquestrado pelas mais altas instâncias”, declarou Imamoglu ao
juiz, reafirmando sua inocência.
Enquanto isso, seus advogados
usaram as redes sociais para incentivar os apoiadores a continuarem os
protestos contra o que chamam de “ataque à democracia”. Em uma postagem,
Imamoglu afirmou:
“Peço ao meu povo: com seu apoio,
primeiro vamos impedir este golpe de Estado e, depois, vamos tirar do poder
aqueles que nos fizeram passar por isso.”
Erdogan acusa opositores de
incitar o caos
O presidente Recep Tayyip Erdogan
criticou as declarações de Imamoglu e acusou seus seguidores de tentar “criar
um ambiente de caos” no país.
“Usam o terror nas ruas contra a vontade
nacional. Estão tentando espalhar a desordem pelas cidades. Mas nossas cidades
não vão se render à corrupção e à injustiça”, afirmou Erdogan.
O governo informou que mais de
cem manifestantes já foram detidos e alertou que “os dias de tomar as ruas e
desafiar a vontade nacional com organizações esquerdistas e vândalos acabaram”.
Com informações da AFP e Europa Press.
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