PGR posicionou o deputado como parte do ‘núcleo crucial’ de uma suposta organização criminosa que estaria arquitetando uma tentativa de golpe de Estado
A defesa do deputado Alexandre
Ramagem, apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), sustenta que ele se
desligou do governo de Jair Bolsonaro em março de 2022, antes do que a
Procuradoria-Geral da República (PGR) classifica como uma “radicalização” dos
atos golpistas. Ramagem, que figura entre os 34 denunciados, nega qualquer
participação e afirma que estava focado em sua campanha para deputado federal.
Os advogados de Ramagem enfatizam que ele já não fazia parte do governo quando,
segundo a PGR, o discurso de Bolsonaro se tornou mais extremista. Em um
documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa argumenta que o
deputado não esteve presente nos eventos citados nas denúncias, pois estava
totalmente dedicado à sua candidatura.
“A narrativa apresentada na
denúncia demonstra claramente uma radicalização de falas e atos a partir do ano
de 2022, mais precisamente a partir de julho de 2022, momento em que Alexandre
Ramagem Rodrigues não mais integrava o Governo Federal, já tendo sua atenção há
meses voltada à disputa eleitoral que se avizinhava”, diz a manifestação.
A PGR posicionou Ramagem como
parte do “núcleo crucial” de uma suposta organização criminosa, que também
inclui o ex-presidente Bolsonaro e outros ex-ministros. A defesa contesta essa
inclusão, afirmando que os eventos mencionados pela PGR ocorreram após a saída
de Ramagem do governo, que a partir de 2022 mostrava “um cenário de absoluto
recrudescimento, tanto de pronunciamentos públicos, como de atos concretos que
teriam sido praticados pelos envolvidos” e alegam que Ramagem “não tomou parte
de quaisquer desses fatos, já que, a partir de março de 2022, afastou-se do
Governo Federal com um propósito muito claro, cuidar do planejamento de sua
campanha eleitoral”.
Além disso, os advogados
ressaltam que os documentos apreendidos com Ramagem, que criticam as urnas
eletrônicas, apenas reiteram as declarações públicas já feitas por Bolsonaro.
“Por mais censurável possa ser a interpretação do conteúdo do arquivo, trata-se
de mera reiteração daquilo que, segundo a própria denúncia, o então Presidente
da República já vinha afirmando publicamente”.
JP
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