Líder dos conservadores, Friedrich Merz. EFE/HANNIBAL HANSCHKE Friedrich Merz, candidato da União Democrata Cristã, conquistou 28,5% dos votos e ganhou o pleito legislativo; AfD, da extrema-direita, ficou em segundo lugar, com 20,8%
Os conservadores alemães venceram
as eleições legislativas no último domingo (23), marcadas por uma votação recorde
da extrema direita, um pleito crucial para a Europa, que enfrenta a
incerteza diante da fratura com os Estados Unidos de Donald Trump. O líder dos
conservadores, Friedrich Merz, assumiu o compromisso de iniciar nesta
segunda-feira (24) as difíceis negociações para formar uma coalizão de governo,
com o alerta de que o “o mundo não está nos esperando”.
Ele fez uma advertência sobre o
risco de paralisação em Berlim, no momento em que Trump abala a ordem
internacional, a economia alemã está em recessão e a sociedade está dividida
após uma campanha que polarizou o país. Após a vitória nas eleições de domingo,
Merz declarou que uma Europa Unida deve fortalecer sua própria defesa e que não
tem “ilusões com o que virá dos Estados Unidos”.
Os partidos conservadores CDU/CSU
superaram os social-democratas (SPD) do chanceler Olaf Scholz e os Verdes,
enquanto a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita e com
uma plataforma anti-imigração, registrou uma votação recorde de mais de 20%.
Apesar da intensa campanha, dominada por temas migratórios, Merz precisará se
aproximar de seus rivais nas eleições para formar o governo.
Confira o resultado
preliminar:
- 1º – CDU-CSU: 28,6%
- 2º – AfD: 20,8%
- 3º – SPD: 16,4%
- 4º – Verdes: 11,6%
- 5º – Esquerda: 8,8%
- 6º – BSW: 4,97%
- 7º – FDP: 4,3%
- Outros: 4,5%
O SPD participará nas negociações
sem Scholz, que assumiu a responsabilidade por uma “derrota amarga”. Seu
popular ministro da Defesa, Boris Pistorius, deverá ter um papel mais ativo.
Merz, um advogado de 69 anos, defendeu o tom duro adotado na campanha, mas
explicou em um tom conciliador que “agora devemos conversar entre nós”.
“Devemos formar um governo
estável o mais rápido possível, com uma boa e estável maioria”, disse. Ele
disse que espera ter o governo formado até meados de abril. Merz também precisará
estabelecer uma comunicação com Trump, que provocou inquietação na Ucrânia e
entre os apoiadores europeus de Kiev com sua aproximação do presidente russo,
Vladimir Putin.
Trump chamou a vitória dos
conservadores de “um grande dia para a Alemanha e para os Estados Unidos”. O
secretário-geral da Otan, Mark Rutte, parabenizou Merz por sua vitória e
afirmou estar ansioso para trabalhar com ele “neste momento crucial para nossa
segurança compartilhada”. “É vital que a Europa dê um passo à frente nos gastos
com defesa e sua liderança será fundamental”, declarou na rede social X. O
presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, parabenizou Merz e disse que espera
trabalhar com ele para “fortalecer a Europa”.
Para Reinhardt Schumacher, que
foi votar em Duisburgo, no oeste industrial da Alemanha, a ascensão da AfD “é
um sinal de alerta. Algo tem que mudar”. Este aposentado de 64 anos se
recusa a votar neste partido, que considera “radical demais”, mas ressaltou que
não se deve “ignorar” as motivações de seus eleitores. O partido anti-imigração
e pró-Rússia conseguiu impor seus temas durante a campanha, que aconteceu em um
clima tenso, marcado por vários ataques fatais executados nas últimas semanas
por estrangeiros no país.
Merz e líderes de outros grandes
partidos prometeram deixar a AfD de fora do governo, atrás de um “muro de
proteção, de cooperação”. A campanha alemã foi influenciada pelas ordens
executivas e declarações do presidente dos Estados Unidos, assim como pela
interferência de seu entorno a favor da extrema direita.
O vice-presidente americano, JD
Vance, e o bilionário Elon Musk, assessor de Trump, apoiaram a AfD e aumentaram
a visibilidade do partido de extrema direita. As eleições antecipadas de
domingo ocorreram na véspera do terceiro aniversário da invasão russa à
Ucrânia, que provocou um choque na Alemanha. O conflito acabou com o
fornecimento de gás russo e o país abrigou mais de um milhão de ucranianos.
*Com informações da AFP
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