Ator estava internado na Clínica São Vicente em função do agravamento de
um câncer de próstata
Rio - O ator Ney Latorraca morreu aos 80 anos, na manhã desta
quinta-feira (26), em decorrência de uma sepse pulmonar. O veterano estava
internado desde o dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente da Gávea, na Zona
Sul do Rio, em função do agravamento de um câncer de próstata.
A informação foi confirmada, em nota, pela unidade de saúde. "A
Clínica São Vicente lamenta profundamente a morte do paciente Antonio Ney
Latorraca na manhã desta quinta-feira e se solidariza com a família e amigos
por essa irreparável perda. O hospital também informa que não tem
autorização da família para divulgar mais detalhes", diz o
comunicado.
Ney foi diagnosticado com câncer na próstata em 2019 e passou por
cirurgia. A doença, no entanto, voltou em agosto deste ano, com
metástase. O artista deixa o marido, o ator Edi Botelho, com o qual era
casado há 30 anos. Ainda não há informações sobre o velório e enterro do
veterano.
Trajetória profissional
Filho de artistas, o cantor e crooner de boates Alfredo e da corista
Tomaza, Antônio Ney Latorraca iniciou a trajetória profissional no
teatro. Aos 19 anos, interpretou Pluft, o Fantasminha e, pouco tempo
depois, em São Paulo, passou em um teste para o elenco da peça
"Reportagem de um Tempo Mau", dirigida por Plínio Marcos, no Teatro
Arena. Contudo, o espetáculo foi censurado pelo governo militar.
A estreia do artista na televisão aconteceu nas novelas "Beto
Rockfeller" (1968) e "Super Plá" (1969), na TV Tupi. Ele também
teve uma passagem pela Record.
Natural de Santos, em São Paulo, Ney começou a trabalhar na TV Globo
em "Escalada" (1975) e integrou outros folhetins como "O
Grito" (1975), "Estúpido Cupido" (1976), "Sem Lenço, sem
Documento" (1977), "Dancin' Days" (1978), "Cabocla"
(1979), "Coração Alado" (1980) - em que interpretou com Vera Fischer
a primeira cena de estupro em uma novela das oito -, "Elas por Elas"
(1982) e "Um Sonho a Mais" (1985), como a travesti Anabela. Nessa
trama, inclusive, ele deu vida a seis personagens.
Em 1990, o ator foi para o SBT e fez parte da novela
"Brasileiras e Brasileiros". No ano seguinte, retornou à TV Globo e
brilhou em "Vamp" como o Conde Vladimir Polanski (Vlad). Ainda
na emissora, o veterano trabalhou em "Éramos Seis" (1994),
"Zazá" (1997), "O Cravo e a Rosa" (2000), "O
Beijo do Vampiro" (2002), "Da Cor do Pecado" (2004),
"Negócio da China" (2008), "Meu Pedacinho de Chão" (2014) e
"Novo Mundo" (2017).
Ney também fez participações em minisséries e especiais como
"Rabo de Saia" (1984), "Anarquistas, Graças a Deus" (1984),
como o italiano Ernesto Gattai, "Você Decide" (1999),
"Brava Gente" (2001), "SOS Emergência" (2010) e "A
Grande Família" (2011), além de humorísticos como "TV
Pirata" (1988), em que encarnava o memorável Barbosa, "Os
Trapalhões" (1991) e "Tá no Ar: a TV na TV" (2018).
No cinema, atuou em 23 filmes, como "Audácia: A Fúria dos
Desejos" (1969), "Sedução" (1974), "Anchieta, José do
Brasil" (1976), "Ópera do Malandro" (1985), "Carlota
Joaquina, Princesa do Brazil" (1995), "O Diabo a Quatro (2004),
"Irma Vap - O Retorno" (2006) e "O Gerente" (2011).
Já no teatro, estrelou 13 peças. Ao lado de Marco Nanini, ficou
11 anos em cartaz com o espetáculo "O Mistério da Irma Vap", com
direção de Marília Pêra. A comédia entrou para o Guinness Book como a peça
com o mesmo elenco por mais tempo em cartaz.
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