Agentes tentavam burlar o sistema
de monitoramento, obstruindo o equipamento ou até mesmo deixando de utilizá-lo
Rio - A Polícia Militar prometeu
reforçar e aprimorar o uso das câmeras corporais após as investigações do
esquema de extorsão que levou à prisão
de 22 agentes na Baixada Fluminense. O grupo foi acusado de
extorquir pelo menos 54 comerciantes em Nova Iguaçu. As investigações revelaram
que os policiais tentavam burlar o sistema de monitoramento, seja obstruindo as
câmeras ou até mesmo deixando de utilizá-las durante o serviço para encobrir o
'Tour da propina'.
A Polícia Militar anunciou que um novo sistema será implementado: um
alerta será emitido sempre que houver tentativa de tampar ou remover a câmera
corporal. De acordo com a corporação, apesar das tentativas de driblar o uso
das câmeras, as imagens capturadas foram essenciais para expor a conduta
inadequada dos agentes.
Conversas
interceptadas pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo
Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) revelam que os policiais traçavam
estratégias para evitar que as extorsões fossem registradas pelas câmeras. Em
uma das gravações divulgadas pela TV Globo, um sargento confessa: “Por isso que
eu estou usando câmera. Eu não estou cometendo nenhum crime. O dia que eu
cometer um crime, eu não vou usar câmera. Que idiotice”. O diálogo, captado
pela própria câmera corporal do policial, expõe o descuido e o planejamento
para burlar o sistema.
Além disso, as investigações
mostraram a confusão entre os comerciantes extorquidos, que por vezes não
sabiam qual grupo de policiais devia ser pago. Em uma das situações
registradas, uma vítima disse ter pago a outro policial, ao que o agente
respondeu que o dinheiro deveria ter sido entregue a ele.
A apuração teve início após uma denúncia anônima de que militares do 20º BPM
(Mesquita) estariam recolhendo propina de uma loja de reciclagens no bairro
Miguel Couto. Em seguida, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar passou a
monitorar o grupo e constatou que outros comerciantes também eram extorquidos.
A Corregedoria apurou que o pagamento era feito sempre às sextas-feiras.
Segundo a denúncia, os agentes paravam a viatura nas lojas, alguém se
aproximava e entregava o dinheiro ou um dos PMs descia do carro e entrava no
estabelecimento. Em geral, os alvos eram locais de reciclagem e ferros-velhos,
além de lojas de construção e distribuidores de gás.
A investigação apontou, ainda, que além do dinheiro, os policiais recolheram engradados
de cerveja em depósitos e frutas em um hortifruti.
Ao concordar com o pedido de
prisão formulado pela Corregedoria da PM, o MPRJ destacou o comportamento dos
denunciados, que seguiam com a prática de vários crimes durante o serviço e em
plena via pública, transformando o trabalho em uma verdadeira caçada ao
'arrego'.
O Dia
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!