O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta que no Brasil, 12,2 milhões de crianças e adolescentes vivem sem acesso adequado ao esgotamento sanitário e 2,1 milhões sem acesso à água potável. Essa realidade expõe os jovens a riscos severos, comprometendo sua saúde e afetando seu desenvolvimento físico, educacional e social.
Para conscientizar sobre o
problema, o Unicef lança uma campanha no contexto do Dia das Crianças, em 12 de
outubro, com a participação do Ratinho do Castelo Rá-Tim-Bum.
A iniciativa visa arrecadar
fundos para projetos que promovam o acesso a água, saneamento e higiene para
meninos e meninas.
As informações sobre o acesso à
água e esgoto foram extraídas do Censo Demográfico de 2022, realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As carências, que estão
concentradas principalmente em áreas vulneráveis, aumentam a desigualdade
social e agravam a situação de vulnerabilidade dessas crianças e adolescentes,
resultando em consequências a longo prazo, como impactos na saúde e baixo
desempenho escolar.
Os desafios no acesso à água e
saneamento são mais agudos no semiárido nordestino e na região amazônica. De
acordo com os dados, quase 70% das crianças e adolescentes com acesso
inadequado a esgotamento sanitário pertencem a grupos étnicos negros ou pardos.
A situação é ainda mais crítica
entre a população indígena, onde 25% das crianças e adolescentes não têm acesso
adequado à água e 48% vivem sem esgotamento sanitário.
Esses números corroboram os dados
divulgados pelo IBGE na última sexta-feira (4), que revelam que mais de um
milhão de indígenas, incluindo crianças e adultos, vivem em condições precárias
de saneamento.
Lidia Carvalho, coordenadora de
marketing do Unicef, enfatiza que o acesso precário ou inexistente à água e ao
saneamento tem impactos não apenas no presente, mas também no futuro das
crianças e adolescentes, gerando problemas que prejudicam seu desenvolvimento,
aumentando o risco de doenças, e contribuindo para o abandono ou atraso
escolar, além de acentuar as desigualdades.
Rodrigo Resende, Oficial de Água,
Saneamento e Higiene do Unicef no Brasil, destaca que o acesso seguro à água e
ao saneamento é um direito humano, reconhecido pelas Nações Unidas desde 2010.
Ele ressalta a importância de prover e fortalecer políticas públicas voltadas
para esse acesso seguro, como um fator fundamental para avançar rumo aos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, garantindo que ninguém fique para
trás.
Globalmente, estima-se que até
2040 cerca de 600 milhões de crianças viverão em áreas com extrema escassez de
água, de acordo com o Unicef. O estudo aponta para os impactos na saúde e na
sobrevivência infantil, revelando que as mudanças climáticas, o aumento da
demanda por água e a má gestão dos recursos hídricos são os principais fatores que
intensificam essa crise.
Para chamar a atenção para os
desafios enfrentados diariamente por meninas e meninos em regiões com acesso
limitado ou inexistente à água potável e saneamento, o Unicef se une ao icônico
Ratinho do programa Castelo Rá-Tim-Bum. A ação, criada pela agência VML Brasil,
recria uma das cenas memoráveis do programa, em que o personagem toma banho
cantando sua famosa música. Porém, ao abrir o chuveiro, ele se depara com a
dura realidade da falta de água. A audiência será convidada a fazer doações
para as iniciativas do Unicef no Brasil, voltadas a escolas e comunidades
vulneráveis. A cada doação, os participantes contribuirão para desbloquear um
novo clipe do personagem.
Para a campanha, o Unicef conta
com o apoio do Instituto Claro, Huggies e Grupo Profarma.
Gazeta Brasil
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