A plataforma só é acessível por
meio de redes privadas virtuais (VPNs) e carrega o conteúdo de forma
intermitente com uma das operadoras, tornando imagens, vídeos e links
inacessíveis.
Maduro impôs essa suspensão em 8
de agosto como parte de sua campanha contra redes sociais e plataformas de
mensagens, acusando-as de conduzir “campanhas de ódio” que, segundo ele, apoiam
uma tentativa de “golpe de Estado” após sua controversa reeleição em 28 de
julho.
“¡Fora X por #10Días de Venezuela! Em
nosso país há Constituição, Lei, Instituições e Estado. 10 dias para que
apresentem seus documentos. Que acabem os planos nas redes para semear
violência, ódio e atacar a #Venezuela do exterior. O #PovoVenezuelano merece
respeito”, escreveu o ditador no X no dia 8 de agosto.
Além disso, nesta segunda-feira,
o ditador declarou publicamente: “¡Fora Elon Musk e fora X da América Latina!”,
chamando o proprietário da plataforma de “neofascista” e acusando-o de
orquestrar ataques contra a Venezuela.
A suspensão temporária, que pode
se tornar definitiva de acordo com sugestões da Conatel, o órgão regulador de telecomunicações,
ainda não foi oficialmente estendida. Quando consultado, o Ministério da
Comunicação e Informação também não forneceu clareza sobre o assunto.
Os bloqueios às redes sociais são
um golpe significativo na Venezuela, onde o acesso a informações independentes
e a meios críticos já enfrenta censura e autocensura nos meios tradicionais.
As redes sociais, como o X,
tornaram-se canais vitais para a disseminação de mensagens da oposição,
liderada por María Corina Machado e seu candidato Edmundo González Urrutia, que
reivindicam a vitória nas eleições de 28 de julho.
O jornalista e ativista Melanio
Escobar, da ONG Redes Ayudas, dedicada à promoção da liberdade de expressão,
argumentou que essas ações de censura apenas beneficiam o Governo de Maduro,
permitindo-lhe manipular a narrativa e deixar a população “no escuro”.
Declarações do ministro da
Comunicação, Freddy Ñáñez, indicaram que o governo venezuelano espera que os
representantes do X no país apresentem documentação formal sobre suas
operações. Isso incluiria a designação de um representante responsável conforme
as leis venezuelanas.
“Estamos ainda esperando que eles se
responsabilizem”, disse o ministro, 12 dias após o presidente anunciar a
suspensão temporária da rede social, que, segundo o governo, conta com
2.700.000 usuários registrados no país, o que não significa que essa quantidade
represente o número de pessoas.
Ñáñez acrescentou que, enquanto o
bloqueio permanecer, a população pode viver sem o X, sugerindo que a rede
social está infestada por “fantasmas digitais” ou bots e minimizando sua
relevância em relação a outras plataformas com maior número de perfis
registrados na Venezuela, como Facebook, TikTok e Instagram.
“O que vai acontecer (dado o veto ao X) é que
novas redes sociais vão começar a surgir”, previu Ñáñez em entrevista ao meio
digital La Iguana, destacando o poder e alcance de plataformas criadas na
China.
O governo venezuelano também está
debatendo uma nova lei no Parlamento para regular as redes sociais, o que levou
muitas instituições estatais, incluindo a petrolera PDVSA e a televisão pública
VTV, assim como o próprio Maduro, a migrar para outros canais como Telegram
desde 8 de agosto.
Essa disputa entre o governo e a
plataforma X destaca as tensões latentes no manejo da informação e a luta pelo
controle narrativo na Venezuela.
Gazeta Brasil
(Com informações de AFP e EFE)
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