Mercosul inicia reuniões no Paraguai com ingresso da Bolívia e ausência de Milei | Rio das Ostras Jornal

Mercosul inicia reuniões no Paraguai com ingresso da Bolívia e ausência de Milei

Além do chefe de Estado anfitrião, Santiago Peña, são 
esperados os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva; Luis Lacalle Pou, 
do Uruguai; e Luis Arce, da Bolívia. Antonio Lacerda/EFE

A 64ª cúpula do Mercosul foi precedida por uma reunião ministerial neste domingo (7) 

Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, se reúne neste domingo (7) em Assunção após negociações com os Emirados Árabes Unidos e conclui os trabalhos na segunda-feira (8) com uma cúpula de chefes de Estado marcada pela ausência do argentino Javier Milei e a entrada da Bolívia como membro pleno. A 64ª cúpula do Mercosul, precedida por uma reunião ministerial neste domingo (7), ocorre em meio à pressão do Uruguai por um acordo com a China e um tratado há décadas negociado com a União Europeia (UE). Espera-se também a assinatura de acordos de coprodução cinematográfica e audiovisual e de gestão de risco de catástrofes, além de uma declaração sobre o combate ao crime organizado transnacional. Além do chefe de Estado anfitrião, Santiago Peña, estarão presentes os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva; Luis Lacalle Pou, do Uruguai; e Luis Arce, da Bolívia.

Arce não poderia faltar à reunião, apesar da instabilidade na política interna, pois precisa formalizar o ingresso de seu país ao bloco, após a promulgação da lei de adesão na sexta-feira. A entrada da Bolívia na união aduaneira após nove anos de trâmites “nos torna um eixo articulador na região”, celebrou Arce. Em 26 de junho, tropas com tanques sitiaram a sede do Executivo em La Paz, o que o presidente denunciou como uma tentativa de golpe de Estado, uma versão rejeitada pelo ultraliberal Milei, cujo posicionamento ofendeu o governo boliviano.

A cúpula também coincide com um recente embate entre Milei e Lula, depois que o argentino acusou o brasileiro de ser um “esquerdista” com “ego inflamado”. Após os insultos, Milei anunciou que não participaria daquele que seria seu primeiro encontro do Mercosul desde que assumiu o cargo em dezembro, optando por comparecer a um fórum conservador neste fim de semana em Santa Catarina. “Não estamos buscando um bloco ideológico, mas a integração como objetivo”, respondeu de forma evasiva o chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez, a uma pergunta sobre o assunto.

“Agora o problema são eles”

Pelas regras do Mercosul, seus membros são obrigados a negociar coletivamente qualquer acordo comercial que envolva preferências tarifárias com países ou grupos de países fora do bloco. Nas reuniões preparatórias em Assunção, uma primeira rodada de negociações com os Emirados Árabes Unidos foi concluída e “existe um grande potencial de expansão do comércio entre ambas as partes”, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai. O Mercosul também retomará as negociações sobre um acordo comercial com a União Europeia que se arrasta há mais de 20 anos, após o término das eleições no continente europeu.

Lula afirmou em junho na Itália que “agora os problemas são eles”, referindo-se à renovação da Comissão Europeia e às eleições legislativas na França. Se adotado, o tratado permitiria às potências agrícolas da região exportar carne, açúcar, arroz, mel ou soja para a Europa, enquanto a UE exportaria automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos, entre outros. O acordo, no entanto, enfrenta resistência de alguns países europeus, principalmente da França, que teme a entrada maciça de produtos agrícolas sul-americanos.

Já o Uruguai busca impulsionar um diálogo de livre comércio com a China, uma missão difícil, já que o Paraguai não tem relações com o país asiático devido ao reconhecimento de Taiwan, e os dois maiores membros do bloco, Argentina e Brasil, não estão convencidos de sua viabilidade. O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Além desses, são membros plenos a Venezuela, cuja entrada foi aprovada em 2006, mas está suspensa desde 2017 por “ruptura da ordem democrática”, e agora a Bolívia.

Por Jovem Pan

Publicado por Carolina Ferreira

*Com informações da AFP

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