Em um novo capítulo das fortes tensões internas do MAS, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales (2006-2019), classificou neste domingo como “show” o levante militar ocorrido em 26 de junho em La Paz e considerou que foi um “golpe” à economia boliviana, com consequências como o aumento do dólar e do euro no mercado paralelo e uma perda de credibilidade externa.
Em seu programa dominical na
rádio cocalera Kawsachun Coca, Morales afirmou que as investigações
demonstrarão se o ocorrido foi um “golpe”, um “autogolpe” ou um “contragolpe”.
No entanto, ele expressou estar
“convencido” de que foi “um show montado” entre o presidente do país, Luis
Arce, do qual está distanciado, e o destituído comandante do Exército, Juan
José Zuñiga, que liderou a tomada militar da sede presidencial em La Paz.
O também líder do governista
Movimento ao Socialismo (MAS) lembrou que ele foi “o primeiro a denunciar” o
movimento irregular de tropas e a convocar uma greve indefinida “contra o
golpe”, embora tenha mudado de opinião ao ver como os acontecimentos se desenrolaram.
Morales criticou, por exemplo,
que o ministro de Governo (Interior), Eduardo del Castillo, tenha se aproximado
para bater no vidro do tanque onde Zuñiga estava e também questionou que até o
momento “nenhum militar” envolvido no levante tenha sido expulso.
“A nível internacional, somos
motivo de chacota, que tipo de golpe é este?”, lamentou.
“Que o povo julgue se é golpe ou autogolpe,
mas o verdadeiro golpe foi contra a economia. Como os preços subiram, o dólar
subiu”, acrescentou.
O ex-mandatário perguntou se “com
este show resolveram” o problema da falta de dólares ou de combustíveis e
considerou que, pelo contrário, a situação econômica “piorou”.
Morales comentou sobre algumas
notícias publicadas em meios de comunicação internacionais e locais sobre a
alta do dólar e do euro no mercado informal, o agravamento da “crise econômica”
na Bolívia, a elevação do risco país e a “má imagem” que ficou para a nação, sobretudo
perante organismos econômicos que concedem créditos externos.
“Com este show armado entre Arce
e Zuñiga, destruíram o país”, sentenciou Morales e opinou que aqueles que
sugeriram “esta forma de agir afundaram Lucho e o Governo”.
Militares comandados pelo agora
destituído comandante do Exército tomaram, em 26 de junho, a sede presidencial
de La Paz por algumas horas, o que foi classificado pelo governo de Luis Arce
como uma “tentativa de golpe de Estado”.
Depois que Arce destituiu a alta
cúpula militar no mesmo dia, Zuñiga e as tropas se retiraram, o ex-comandante
foi detido e agora está preso preventivamente em uma prisão no centro do país.
Durante sua detenção, Juan José
Zuñiga acusou Arce de ter ordenado a ação militar para “aumentar sua
popularidade”.
A oposição e o ex-presidente
Morales concordaram separadamente que foi um “autogolpe”, enquanto o governo de
Arce insistiu que impediu uma “tentativa de golpe de Estado”.
(Com informações da EFE)
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