Instituição nasceu em 1900 idealizada por Oswaldo Cruz
No início do ano de 1900, a
cidade do Rio de Janeiro enfrentava uma epidemia de febre amarela e peste
bubônica. Para conter o avanço destas doenças, há exatos 122 anos, em 25 de
maio daquele ano, o governo inaugurou o Instituto Soroterápico Federal. Começava
ali a história da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em 1908, o Instituto Soroterápico
recebeu o nome de Oswaldo Cruz, em homenagem ao bacteriologista que foi o
primeiro diretor científico do Instituto e que depois assumiu a direção-geral
da instituição. A transformação do instituto em fundação, reunindo diversas
unidades de pesquisas científicas e de produção de remédios e vacinas, ocorreu
em 1970, quando um decreto estabeleceu a criação da Fundação Instituto Oswaldo
Cruz.
Nos primeiros anos, os cientistas
desenvolviam soros e vacinas em um pequeno prédio que ficava na fazenda de
Manguinhos. Um local que na época era considerado bucólico, mas que hoje fica
ao lado da Avenida Brasil, a principal via de acesso ao centro do Rio de
Janeiro, por onde passam cerca de 250 mil veículos por dia.
A historiadora Simone Kropf, da
Casa de Oswldo Cruz, unidade responsável pela preservação da história da
Fiocruz, conta que no início do século passado a fazenda onde funcionava o
Instituto Soroterápico era um local amplo e Oswaldo Cruz decidiu construir um
castelo para se transformar em um símbolo da ciência. “O Castelo [Mourisco] é
uma marca da instituição e da saúde pública brasileira. Ele é muito mais do que
uma construção imponente. É um castelo vivo que está aberto para a sociedade”.
O Castelo Mourisco foi inaugurado
em 1918. A construção tem 50 metros (m) de altura e uma arquitetura que mistura
estilos, com um toque inglês nas duas torres e inspiração árabe nas paredes e
janelas além de mosaicos franceses e azulejos portugueses.
Ao longo do tempo, a fundação
cresceu e se expandiu. Ela está presente nas cinco regiões do Brasil, com
núcleos em dez estados, além do Distrito Federal, e ainda tem parcerias com
instituições científicas de 50 países e com organizações internacionais, como a
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Atualmente, cerca de 5 mil pessoas
trabalham na Fiocruz. A funcionária Silvia Motta, de 61 anos, entrou na
instituição quando tinha 23 anos de idade. Hoje, 38 anos depois, ela dirige a
creche da fundação e não consegue imaginar sua vida longe da Fiocruz.
“Trabalhando na fundação eu me sinto
fazendo parte do desenvolvimento do sistema brasileiro de saúde. Eu cuido dos
filhos e filhas de pesquisadores que criam vacinas e remédios que são
distribuídos para todo o país. O trabalho da creche ajuda quem está
desenvolvendo uma pesquisa a se concentrar melhor no estudo, porque sabe que o
filho está sendo bem tratado".
Este orgulho que Silvia tem de
trabalhar na Fiocruz pode ser explicado em números. A fundação é a maior
produtora mundial da vacina contra a febre amarela. A instituição também produz
vacinas contra diversas doenças, como sarampo, caxumba, rubéola, poliomielite e
covid-19, entre outras. Só no ano passado, o complexo tecnológico da fundação
entregou 233 milhões de doses de vacinas ao Programa Nacional de Imunização, do
Ministério da Saúde.
Expansão
Nos próximos anos, o complexo de
produção de vacinas de Bio-Manguinhos vai ganhar uma nova fábrica que está
sendo construída em um terreno de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Diretor do Instituto de
Biotecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Maurício Zuma - Tânia
Rêgo /Agência Brasil
O diretor de Bio-Manguinhos,
Mauricio Zuma, diz que este novo complexo vai ser o maior da América Latina e
um dos mais modernos do mundo.
No local, poderão ser fabricados
120 milhões de frascos de vacinas por ano, o que vai aumentar a autonomia do
Brasil no setor.
“Vamos incorporar novas vacinas e
diminuir os custos com a importação. O complexo vai permitir colocar em
práticas novos projetos que estão sendo desenvolvidos pela Fiocruz que visam
combater as doenças consideradas negligenciadas, que atingem normalmente a
população mais pobre.”
Além das vacinas, a Fiocruz
também fabrica remédios. A produção é realizada no laboratório de
Farmanguinhos, sediado no Rio de Janeiro e que é o maior fornecedor de
medicamentos ao governo federal. Ele tem capacidade para produzir mais de 2,5
bilhões de comprimidos em um ano.
A coordenadora de Desenvolvimento
Tecnológico de Farmanguinhos, Alessandra Esteves diz que o laboratório é
estratégico para o Ministério da Saúde. A produção nacional serve para atender
à demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) e ainda impulsiona a economia.
“É muito importante o governo
dominar a tecnologia e a produção dos medicamentos. Além da soberania nacional,
este processo também ajuda a criar empregos. O trabalho de Farmanguinhos é
fundamental para o bem-estar da população e também para o desenvolvimento
econômico do país.”
A produção nacional de
medicamentos e de vacinas só é possível graças ao trabalho dos pesquisadores da
Fiocruz. Todos os anos, cerca 800 artigos científicos são produzidos pela
instituição. Estes estudos ajudam a enfrentar doenças como aids, malária,
tuberculose, hanseníase, sarampo e meningites.
A diretora do Instituto Oswaldo
Cruz, Tânia Araújo, diz que estas pesquisas permitem a criação de novos
remédios e vacinas, como uma que está sendo testada para combater a
esquistossomose e a fasciolose. “Ao longo da história, tivemos diversas
conquistas como a erradicação da varíola e a descoberta da doença de Chagas. O
investimento permanente em pesquisa permite que a fundação continue oferecendo
medicamentos modernos e de qualidade para a população.”
Assista na TV Brasil
Formação profissional
A presidente da Fiocruz, Nísia
Trindade - Tomaz Silva/Agência Brasil
A Fiocruz também atua na área de
formação profissional. Atualmente, a instituição oferece 48 cursos de mestrado
e de doutorado e 31 de residência nas áreas médicas de enfermagem e
multiprofissional. A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da
Fiocruz, Cristiani Machado, diz que a ideia de formar novos profissionais
surgiu com o próprio Oswaldo Cruz.
“Ele acreditava que apenas
produzir remédios e vacinas não seria suficiente para melhorar a saúde da
população. Na visão de Oswaldo Cruz, era preciso preparar os cientistas do
futuro e por isso ele decidiu que a instituição também seria um centro de
ensino.”
A presidente da Fiocruz, Nísia
Trindade, diz que o futuro do Brasil está relacionado com o futuro da fundação.
“Esta pandemia mostrou que é fundamental investir de forma continua em ciência,
tecnologia e educação. Por este motivo é muito importante o trabalho que a
Fiocruz realiza de forma integrada para beneficiar a sociedade.”
TV Brasil - Rio de Janeiro
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