A tensão aumentou nesta terça-feira (19) em Israel e nos territórios palestinos após os primeiros ataques aéreos israelenses em vários meses contra a Faixa de Gaza, em represália ao lançamento de um foguete a partir do enclave palestino.
Durante a manhã, a Força Aérea israelense bombardeou um suposto depósito de armas do Hamas, o grupo islamita armado que está no poder em Gaza, após o lançamento de um foguete a partir deste território de 2,3 milhões de habitantes. Até o momento, nenhum grupo reivindicou o disparo.
O Hamas afirmou ter usado sua
defesa antiaérea para responder aos ataques, que não provocaram baixas, segundo
testemunhas e fontes das forças de segurança em Gaza.
As sirenes de alerta foram
ouvidas na segunda-feira à noite no sul de Israel, quando um foguete foi
disparado a partir do território palestino, no primeiro incidente do tipo desde
janeiro.
O artefato foi interceptado pelo
sistema de defesa aérea Cúpula de Ferro, informaram as Forças Armadas
israelenses em um comunicado.
A nota informou ainda que cinco
pessoas foram detidas em operações de "contraterrorismo" na
Cisjordânia ocupada, um território separado de Gaza.
As autoridades do Estado hebreu
iniciaram as operações após os recentes ataques em Israel, incluindo dois que
foram executados em Tel Aviv por jovens palestinos da Cisjordânia.
Os ataques em Israel deixaram 14
mortos desde 22 de março, ao mesmo tempo que 23 palestinos morreram em
incidentes ou operações israelenses na Cisjordânia, um território palestino
ocupado desde 1967 por Israel.
- Marcha em Jerusalém -
Em Jerusalém, cenário de tensões
desde sexta-feira, coincidindo com a Páscoa judaica (Pessach) e com as grandes
concentrações durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, organizações da
direita nacionalista israelense planejam uma grande marcha pela Cidade Antiga.
A manifestação não foi autorizada
pela polícia, segundo a força de segurança, levando em consideração o momento
de tensão na Esplanada das Mesquitas e seus arredores. A esplanada é o terceiro
local mais sagrado do Islã, assim como o mais sagrado do judaísmo, com o nome
de "Monte do Templo".
Mais de 150 palestinos ficaram
feridos em confrontos com as forças israelenses na sexta-feira e no domingo na
Esplanada das Mesquitas de de Jerusalém, que recebe diariamente dezenas de
milhares de fiéis muçulmanos durante o Ramadã. O local também é visitado por
judeus em momentos pontuais.
Mas a presença de judeus durante
io Ramadã e, sobretudo, a intervenção das forças policiais israelenses nos
locais sagrados muçulmanos provocaram uma onda de revolta entre alguns
palestinos, e também no restante da região.
A Esplanada das Mesquitas
"continuará sendo puramente islâmica", destacou o Hamas, que no ano
passado disparou foguetes contra Israel após vários dias de tensão em
Jerusalém.
- Escalada em Gaza? -
Fontes das forças de segurança e
analistas israelenses repetiram nas últimas semanas que o Hamas, que observou
com satisfação os recentes ataques em Israel, não deseja uma guerra este ano. E
citam duas razões principais.
Em primeiro lugar, as capacidades
militares do movimento foram afetadas pela guerra de maio de 2021.
E em segundo lugar, o risco de
que, em caso de conflito, o novo governo israelense suspenda as milhares de permissões
de trabalho concedidas nos últimos meses aos moradores de Gaza, um território
sob bloqueio israelense e que registra taxa de desemprego de 50%.
A Jihad Islâmica, principal grupo
islamita armado palestino depois do Hamas, mas que ao contrário deste não
administra a Faixa de Gaza, ameaçou na segunda-feira com uma nova escalada
militar.
"Não podemos seguir em
silêncio sobre o que está acontecendo em Jerusalém e na Cisjordânia
ocupada", disse Ziad al Nakhaleh, líder do movimento, que - segundo o
serviço de inteligência israelense - tem milhares de combatentes e foguetes em
Gaza.
O porta-voz do Departamento de
Estado americano, Ned Price, disse que o governo dos Estados Unidos está
"profundamente preocupado" com as tensões e intensificou os contatos
na região para tentar acalmar o cenário.
AFP
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