Dinheiro em espécie também foi encontrado na casa
de Maurício DemétrioPolícia Civil / Divulgação
Segundo os
promotores do Gaeco, Maurício Demétrio mantinha uma vida de luxo fora dos seus
padrões
Rio - O
Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) revelou em coletiva sobre a
Operação Carta de Corso, nesta quarta-feira, que o grupo comandado pelo delegado Maurício Demétrio recebeu
mais de R$ 1 milhão em propinas de lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis.
Segundo os promotores, o grupo recebeu cerca de R$ 40 mil mensais de março de
2018 a março deste ano.
A Operação Carta de Corso foi deflagrada na manhã desta quarta-feira e prendeu,
além do delegado, outros quatro policiais civis, dois comerciantes e um
advogado. A movimentação do grupo começou a ser investigada pela Corregedoria
da Polícia Civil no primeiro semestre de 2020.
"Essa é apenas a ponta do Iceberg de uma investigação de apenas umas
localidades que eles fiscalizavam. Lá, semanalmente, eles arrecadavam R$ 250 de
cada lojista. A partir de algumas desavenças de lojistas que se recusavam a
pagar, foi instaurada uma investigação começou o depoimento desses lojistas lá
na delegacia de Petrópolis", comentou o promotor de justiça do Gaeco,
Diogo Erthal.
De acordo com o promotor, a partir das denúncias, Demétrio iniciou uma caça aos
próprios investigadores que buscavam provas para prender integrantes da
organização. Uma dessas ações, em março desse ano, resultou na operação Raposa
no Galinheiro, que com provas forjadas pelo próprio investigado resultou na
prisão do delegado Marcelo Machado.
Segundo os promotores do Gaeco, Maurício mantinha uma vida de luxo fora dos
seus padrões. Um dos imóveis alugado por temporada pelo delegado custava R$ 40
mensais. Na casa de alto padrão, que fica no condomínio Porto Belíssimo Resort,
em Mangaratiba, na Zona Oeste, foram apreendidos R$ 240 mil em espécie, três
carros de luxo, dezenas de relógios e armas que seriam do delegado.
"Uma vida
completamente incompatível com os ganhos lícitos conhecidos. O dinheiro em
espécie encontrado na casa dele. traço claro se organização criminosa, pois o
dinheiro não pode passar pela rede bancária tradicional. Foram identificadas já
algumas manobras de lavagem. Ele já está respondendo pelo crime de organização
criminosa, uma série incontável de compulsões, três obstruções de
Justiça", disse Bruno Gangone, promotor coordenador do Gaeco.
"Hoje além
dos mandados das casas desses mandantes também cumprimos mandados na atual
delegacia em que ele atua como titular, onde foram encontrados restos de
documentos de contabilidade e de divisão de valores, além de alguns
procedimentos da antiga delegacia onde nasceu essa organização foram subtraídos
por ele para essa nova delegacia", completou ele.
Também na
residência foram encontrados 13 aparelhos de celular que seriam usados pelo
delegado. De acordo com os promotores, mesmo preso, Demétrio teria tentado
quebrar alguns desses aparelhos para obstruir a possível obtenção de provas dos
crimes cometidos pela organização que ele chefiava.
Segundo os
promotores, a acusação do delegado preso de que estaria sendo perseguido pelo
Gaeco seria uma estratégia usada por ele para confundir a imprensa.
"Hoje a tentativa dele, mais uma vez, é de inverter essa situação. Ele
menciona o nome de um colega que atuou na segunda fase dessa operação (Raposa
no Galinheiro Fase 2), e que ele, mais uma vez tentando coagir testemunhas,
deflagrou nova operação, cuja intenção não era de apreender o material, mas sim
de conduzir as testemunhas que haviam deposto contra ele à DRCPIM para serem
coagidas por ordem dele", explicou Erthal.
POR LUCAS
CARDOSO
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