Automação vai aos poucos substituindo servidores.
PIXABAY
Pesquisa da
Escola Nacional de Administração Pública analisou as atividades mais propensas
a serem substituídas por máquinas
A tecnologia pode suprir a aposentadoria de 53,6 mil servidores públicos federais que deverão se aposentar em 2030. A estimativa é de uma pesquisa da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), que analisou as atividades mais propensas a serem substituídas por máquinas.
Realizado por
Leonardo Monasterio, coordenador-geral de Ciências de Dados da Enap, e por
Willian Adamczyk e Adelar Fochezatto, da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, o estudo comparou a probabilidade de automação dos cerca de
520 mil servidores federais e cruzou os dados com a expectativa de
aposentadorias até a década de 2050.
Segundo a Enap,
a tendência de automação aumenta com o tempo. Em 2040, 68,2 mil servidores que
se aposentarão poderão ter as atividades substituídas por máquinas. Em 2050, o
total chegará a 92,3 mil.
Em 2020, a
proporção de cargos vagos por aposentadoria que poderiam ser extintos ou
substituídos por serviços digitais alcançou 27%. No ano passado, 13.916
servidores se aposentaram, dos quais 3.774 ocupavam cargos com grande potencial
de serem automatizados ou terceirizados, conforme o Painel Estatístico de
Pessoal do Ministério da Economia.
Ocupações em
risco
Das 389
ocupações públicas distintas, o estudo identificou 96 mais suscetíveis à
automação, que englobam 104.670 servidores federais. Os maiores contingentes
são assistente administrativo (73.208 servidores), auxiliar de escritório
(8.022) e datilógrafo (4.559).
Outras
ocupações com maiores chances de automação são técnico de sistemas
audiovisuais, assistente e operador de mídias, cenotécnico, técnico em
programação visual e gráfica, armador de estrutura de concreto armado,
pedreiro, pintor de obras e carpinteiro.
Com 13,42 anos
de tempo de estudo e remuneração média de R$ 5.683, essas funções têm menor
média salarial e escolaridade abaixo da média do serviço público federal. O
estudo também analisou ocupações extintas ou terceirizadas em reformas de 2018
e 2019, como motorista, trabalhador agropecuário em geral e auxiliar de
biblioteca.
Atividades
preservadas
As funções com
menor risco de automação exigem escolaridade mais alta e especialização.
Atividades relacionadas ao cuidado com o ser humano também têm mais chances de
continuarem a ser executadas por humanos. O estudo recomenda o desenvolvimento
de competências digitais e habilidade de gerenciamento, artísticas e de
relacionamento pessoal para diminuir o ritmo de automação.
As principais
ocupações nessa categoria são pesquisador (em qualquer área da ciência), perito
criminal, biólogo, gerente de serviços de saúde e psicólogo clínico. As funções
mais complexas e com menor chance de serem substituídas têm remuneração média
de R$ 15.182 e escolaridade média de 15,9 anos.
A lista também engloba engenheiros, economistas, sociólogos, geógrafos e
antropólogos. Ainda, há profissionais de gestão e comunicação como gerentes de
produção, relações públicas, publicitários e redatores.
Gênero
A pesquisa
advertiu para o risco de o processo de automação aumentar a desigualdade de
gênero no serviço público. Das 232 mil mulheres, 48,1 mil estão em ocupações de
alta propensão à automação (20,7%). Para os homens, esse número corresponde de
56,6 mil de um total de 290 mil (19,5%).
Dessa forma, a
automação tem mais impacto sobre ocupações com maior presença feminina.
Costureiras, auxiliares de escritório e de biblioteca são exemplos de ocupações
com alta propensão à automação compostas por maioria de mulheres.
Metodologia
O estudo analisou
os servidores civis ativos, de acordo com seu vínculo principal, que
trabalhavam 40 horas semanais ou mais em dezembro de 2017. Com esse filtro,
foram analisadas as informações de 521.701 servidores de um total de 627.284
pessoas que compõem o serviço público federal.
Além dos dados
do Sistema Integrado de Administração de Pessoal (Siape) de 2017, a pesquisa
baseou-se na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO-2002) e na Relação Anual
de Informações Sociais (RAIS), de responsabilidade do Ministério da Economia.
Da Agência Brasil
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!