"Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina".Adriano Machado/ REUTERS 19.08.2020 |
Fala do
presidente ocorreu após apoiadora pedir para ele não permitir "esse
negócio de vacina", afirmando ser perigoso
O presidente
Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (31) que ninguém pode ser obrigado a
tomar vacina, em resposta a uma apoiadora que aparentemente pediu que o governo
federal proiba a vacinação
contra a covid-19, em meio a uma corrida global por um tratamento para
a doença causada pelo novo coronavírus.
"Ninguém
pode obrigar ninguém a tomar vacina", disse Bolsonaro na entrada do
Palácio da Alvorada no início da noite, em resposta a uma apoiadora que lhe
pediu para não permitir "esse negócio de vacina", afirmando ser
perigoso, de acordo com vídeo publicado nas redes sociais.
No início do
mês, ao assinar medida provisória que abriu
crédito orçamentário de R$ 1,9 bilhão para a compra de 100 milhões de doses e
posterior produção local da possível vacina contra covid-19 desenvolvida pelo
laboratório britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford, Bolsonaro afirmou
que a vacinação resolveria o problema provocado pela pandemia.
Mais cedo, o
ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, visitou a Fiocruz
(Fundação Oswaldo Cruz) no Rio de Janeiro para acompanhar o cronograma de
entrega da vacina. Inicialmente, a Fiocruz será responsável pela finalização
das doses a partir de insumos importados, e depois será encarregada da produção
nacional.
A previsão do
governo é de que as primeiras doses sejam distribuídas a partir do início de
2021. Simultaneamente, o governo de São Paulo trabalha no desenvolvimento de
uma outra vacina com a empresa Sinovac Biotech, que também tem previsão de
distribuição no começo do próximo ano.
A presidente da
Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que a fundação está conversando com a
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para acelerar o processo,
dado que o Brasil é o segundo país mais afetado do mundo pela pandemia, com
mais de 3,9 milhões de casos confirmados e mais de 121 mil mortes.
"A Fiocruz
está mobilizando todos seus recursos tecnológicos e industriais em prol do
acesso da população à vacina no menor tempo possível. Estamos conversando com a
Anvisa e parceiros tecnológicos com o intuito de reduzir os prazos de produção,
registro e distribuição da vacina", disse a presidente da Fiocruz, segundo
comunicado do Ministério da Saúde.
Apesar da
promessa do governo de iniciar a produção local da vacina a partir de abril de
2021, especialistas ouvidos pela Reuters disseram que dificilmente o cronograma
será cumprido, citando dificuldades de um processo complexo de transferência de
tecnologia.
Segundo o
ministério, o governo vai assinar nesta semana um acordo de encomenda
tecnológica com a AstraZeneca, após as partes terem firmado memorando de
entendimento no mês passado.
Por Reuters
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