Julgamento aconteceu na noite desta terça-feira (9), mas foi adiado. José Cruz/Agência Brasil |
O ministro
Alexandre de Moraes, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pediu vista nos
processos que apuram a responsabilidade da chapa do presidente da República,
Jair Bolsonaro, na época filiado ao PSL, e seu então candidado a
vice-presidente, Hamilton Mourão, nas eleições de 2018, por um ataque numa rede
social que teria beneficiado suas campanhas na época.
Alexandre de
Moraes, que seria o penúltimo a votar no processo, pediu vista para tomar
conhecimento mais aprofundado do caso e avaliar o voto do ministro Edson
Fachin, que foi contrário ao do relator do caso, ministro Og Fernandes.
Com isto, o
julgamento é adiado pela segunda vez, já que em 2019 o ministro Edson Fachin
havia pedido vista, e em decorrência da pandemia o julgamento acabou
acontecendo só sete meses depois.
Fachin defende
que a Polícia Federal faça uma investigação mais aprofundada, com perícia
especializada para apurar melhor as acusações, que até então era investigada
pela Policia Civil da Bahia, atendendo a um pedido dos advogados dos partidos
políticos que protocolaram a ação no TSE.
Já o relator do
caso, ministro Og Fernandes, havia destacado a ausência de provas no caso, já
que não foi possível fazer perícia para apurar a invasão e também, havia
afastado a possibilidade de cassação do registro ou do diploma da chapa, por
ter sido um fato de menor gravidade.
"A invasão
ao perfil em rede social perpetrada por menos de 24 horas não teve gravidade
capaz de causar ofensa à normalidade e à legitimidade do pleito que possa
repercutir em outras áreas do Direito, como a civil e a penal", afirmou
Fernandes.
Os advogados dos
partidos que moveram a ação entendem que as provas já apresentadas comprovam
que a chapa vitoriosa de Bolsonaro cometeu crime.
“As provas apresentadas nos autos comprovam o ilícito praticado pelo então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro contra o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”. Foram apresentadas provas de que, no mínimo, os Investigados buscaram auferir benefício eleitoral com o episódio, inclusive por meio da propagação de fake news, conduta que lhes é contumaz e, sabidamente, é praticada desde antes das eleições gerais de 2018", afirmou o advogado Rafael Mota, que representa a coligação formada pelos partidos Rede e PV.
“As provas apresentadas nos autos comprovam o ilícito praticado pelo então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro contra o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”. Foram apresentadas provas de que, no mínimo, os Investigados buscaram auferir benefício eleitoral com o episódio, inclusive por meio da propagação de fake news, conduta que lhes é contumaz e, sabidamente, é praticada desde antes das eleições gerais de 2018", afirmou o advogado Rafael Mota, que representa a coligação formada pelos partidos Rede e PV.
Participaram do
julgamento os ministros Og Fernandes, relator do caso, Luís Salomão, Luis
Roberto Barroso, Carlos Velosso, Tarcísio Vieira, Edson Fachin e Alexandre de
Moraes, de Renato Bril, vice-procurador geral eleitoral, além da advogada de
defesa da coligação de Bolsonaro, Karina Kufa, e dos advogado das coligações
que entraram com a ação André Maimoni e Rafael Mota.
Entenda o caso
As duas ações
foram protocoladas na época pelos partidos da coligação formada pela Rede
Sustentabilidade e PV (Partido Verde), da então candidata Marina Silva, e uma
outra na associação do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e o PCB (Partido
Comunista Brasileiro) , do então candidato Guilherme Boulos.Na ação eles
apontavam abuso eleitoral e pediam a cassação do mandato dos representantes da
chapa vitoriosa no pleito.
Segundo o
processo, os partidos alegaram que, "durante a campanha, em setembro de
2018, o grupo virtual “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, que reunia mais de
2,7 milhões de pessoas, sofreu ataque de hackers que alteraram o conteúdo da
página. As interferências atingiram o visual e até mesmo o nome da página,
modificado para “Mulheres COM Bolsonaro #17”, que também passou a compartilhar
mensagens de apoio aos então candidatos e conteúdos ofensivos, bem como excluir
participantes que o criticavam".
A ação afirmava
ainda que "Jair Bolsonaro teria publicado em seu perfil oficial no Twitter
a mensagem “Obrigado pela consideração, mulheres de todo o Brasil!”,
acompanhada de foto da página modificada do grupo, o que sinalizaria forte
elemento da provável participação do então candidato no episódio ou, no mínimo,
de sua ciência".
Outras ações
As outras ações
incluem a análise de irregularidades na contratação do serviço de disparos em
massa de mensagens pelo aplicativo WhatsApp durante a campanha eleitoral, a
colocação de outdoors em pelo menos 33 municípios de 13 estados e uma outra por
uso indevido de meios de comunicação.
Márcio Neves,
do R7
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