Prédio da Microsoft em Vancouver, Canadá. Foto: Matthew Manuel/Unsplash |
Os comentários
de Smith foram feitos dias depois que a Microsoft e os gigantes da
tecnologia IBM e Amazon divulgaram suas limitações para vender a tecnologia de
reconhecimento facial após os recentes protestos antirracismo. Na ocasião,
Smith parou de falar antes de revelar se a empresa negociaria com outras
agências federais.
“Atualmente,
não fornecemos tecnologia de reconhecimento facial a nenhuma agência federal e
certamente não a forneceremos em nenhum cenário que leve a preconceitos contra
as pessoas”, disse Smith.
“Não
permitiremos que nossa tecnologia seja usada de maneira que ponha em risco os
direitos fundamentais das pessoas. Mas é preciso dizer que há muito mais do que
a aplicação da lei envolvida.”
Regulamentação
do reconhecimento facial
Smith pediu aos legisladores que desenvolvam regulamentos federais para ferramentas de reconhecimento facial. Seu apelo aumentou a crescente pressão das chamadas “big techs” no Congresso norte-americano para substituir a colcha de retalhos das legislações estaduais e locais por uma lei nacional que cubra a questão em todas as instâncias.
Smith pediu aos legisladores que desenvolvam regulamentos federais para ferramentas de reconhecimento facial. Seu apelo aumentou a crescente pressão das chamadas “big techs” no Congresso norte-americano para substituir a colcha de retalhos das legislações estaduais e locais por uma lei nacional que cubra a questão em todas as instâncias.
“Precisamos
começar a resolver esse problema, entendê-lo melhor e ir além de uma conversa
binária de simplesmente permitir ou proibir", afirmou Smith.
O presidente da
Microsoft vem pedindo essa regulamentação há anos. A empresa esteve envolvida
na aprovação de uma lei estadual em Washington que regula o uso e teste da
tecnologia de reconhecimento facial, assinada pelo governador Jay Inslee em
março.
Entre as
principais preocupações com a tecnologia de reconhecimento facial está o fato
de que, em alguns casos, ela identifica erroneamente pessoas de cor e mulheres.
Mais recentemente, os temores de discriminação racial e uso policial da
tecnologia para vigilância ganharam nova urgência em meio a manifestações
nacionais sobre justiça racial e brutalidade policial.
Smith sugeriu
que a lei aprovada no estado de Washington poderia fornecer um plano para a
legislação federal.
“Essa lei diz
que não se pode oferecer tecnologia de reconhecimento facial a menos que o
serviço seja disponibilizado para testes”, explicou, acrescentando que essa
regra incentiva as empresas a eliminar preconceitos em sua tecnologia.
Segundo ele, a
lei do estado de Washington (onde fica a sede da empresa, em Seattle) também
exige que a polícia obtenha aprovação de um tribunal para usar a tecnologia, e
que o governo não pode usá-la em situações nas quais os cidadãos estão
exercendo seus direitos incluídos na Primeira Emenda da constituição, como
fazer protestos.
Após o anúncio
da Microsoft de que não venderá a tecnologia às forças policiais, o presidente
Donald Trump retweetou um post pedindo que a Microsoft fosse proibida de
participar de contratos federais.
Smith disse que
não falou com o presidente Trump sobre o tweet, mas espera que isso não afete
seu compromisso com o governo federal – Smith já aconselhou a Casa Branca em
outras questões, como a reabertura da economia.
“Foi um
tweet", disse Smith. “Estamos focados em fazer a coisa certa todos os
dias, e fazer a coisa certa quando se trata de reabrir a economia, a coisa
certa quando se trata de apoiar o departamento de defesa, a coisa certa quando
se trata de reconhecimento facial. Sempre queremos manter um nível construtivo
de conversa”.
A batalha
antitruste das big techs
O executivo também abordou outro assunto importante no mundo das big techs: a investigação antitruste atualmente em curso em outras empresas, incluindo Apple, Amazon e Google.
O executivo também abordou outro assunto importante no mundo das big techs: a investigação antitruste atualmente em curso em outras empresas, incluindo Apple, Amazon e Google.
De acordo com
Smith, as barreiras à entrada de empresas menores de tecnologia são ainda
maiores do que eram há duas décadas, quando liderou os esforços da Microsoft
para resolver suas próprias controvérsias antitruste.
“Se você olhar
para o setor hoje, cada vez mais verá lojas de aplicativos que criaram muros
mais altos e portões muito mais fortes para acessar outros aplicativos do que
qualquer coisa que existia no setor há 20 anos”, afirmou.
“(Outras
plataformas) impõem requisitos que cada vez mais dizem que há apenas uma
maneira de acessar nossa plataforma e passar pelo portão que nós mesmos
criamos. Em alguns casos, é uma questão de preço muito alto ou um tipo de
pedágio. Em alguns casos, 30% de toda a sua receita tem que ir para o pedágio”.
O presidente da
Microsoft afirmou que os legisladores nos Estados Unidos e em outros lugares
devem pensar em regulamentos para lojas de aplicativos, considerando as regras
para o desenvolvimento de aplicativos para certas plataformas e os custos para
isso.
Clare Duffy, do CNN Brasil Business, em Nova York
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