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Hospital foi construído por solicitantes de asilo. Abraham Pineda/Reuters - 8.5.2020 |
Em meio à pandemia do novo coronavírus, em que países estão com fronteiras fechadas e sem receber imigrantes, turistas e estrangeiros, um hospital foi construído em uma das fronteiras mais inesperadas: a divisa entre os Estados Unidos e o México.
A instalação é
vista com um símbolo de solidariedade para os quase 2.000 migrantes que estão
presos na cidade mexicana de Matamoros.
Em maio, a
organização internacional Global Response Management (GRM) montou um hospital
móvel para atender migrantes com sintomas de coronavírus na cidade, onde se
estima que entre 1.500 e 2.000 pessoas estão aguardando atendimento das
autoridades de imigração dos Estados Unidos.
A unidade, que
atualmente tem cerca de 20 vagas, está localizada a poucos metros do
acampamento que abriga famílias da América Central, México e outras
nacionalidades retornadas pelo programa "Permanecer no México".
O programa foi
imposto há mais de um ano pelo governo dos Estados Unidos e obriga que pessoas
e famílias de imigrantes e solicitantes de asilo aguardem em território
mexicano até o julgamento e decisão sobre o pedido de entrada no país.
Medo dos
vizinhos
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Hospital tem 100 leitos para pacientes de covid-19. Abraham Pineda/EFE - 8.5.2020 |
A pressão na
fronteira e na relação entre os países aumentou no final de março, quando Donald
Trump ordenou que a entrada de todos os solicitantes de asilo no país fosse
negada por conta do coronavírus. O México tem 35 mil casos e mais de
3.400 mil mortes, enquanto os EUA são o epicentro global da doença, com mais de
1,3 milhão de casos e 78 mil mortos.
O risco para a
população migrante é alto, já que o grupo foi isolado a poucos metros do Rio
Grande (que divide os dois países) e vive em condições precárias de saneamento.
Matamoros é a
cidade com mais infecções por coronavírus no estado mexicano de Tamaulipas e
atualmente, segundo a contagem oficial, tem mais de 180 casos e 12 mortes.
Além disso, a
cidade vizinha de Brownsville, no Texas, tem cerca de 170 infectados e uma
morte.
“Sim, nos dá
medo. O problema não é aqui no acampamento, aqui não tem [infectados], mas pode
vir alguém de lá [Brownsville] ou daqui [Matamoros] e nos contagie”, disse o
hondurenho Marvin Zelaya, que se dedica a desinfetar os espaços comuns ocupados
pelas pessoas acampadas.
Isolamento e
testes
Joanna
Mackenzie, responsável pelo treinamento de pessoal e gerenciamento de recursos
da GRM, diz que o hospital possui suprimentos e recursos humanos, médicos e de
enfermagem para atender os infectados pelo coronavírus.
A área foi
delimitada para impedir que pacientes em potencial interajam com o resto da
comunidade e que migrantes infectados sejam isolados e fiquem sob observação.
Se alguém
apresentar sintomas mais graves, será admitido na unidade que foi construída
com a própria ajuda dosrequerentes de asilo.
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Acampamento de Matamoros está lotado. Cristobal Herrera / EFE - 27.2.2020 |
No interior,
camas e ventiladores foram colocados, enquanto no exterior estão os
equipamentos de proteção para profissionais de saúde e banheiros para os
usuários do centro médico.
Até o momento,
foram aplicados cerca de 100 testes para coronavírus e todos foram negativos.
Mas o risco é
latente devido às circunstâncias que cercam o campo, criadas como resultado do
retorno forçado das famílias.
"Estamos
tentando impedir o máximo possível. Mas há pessoas que dizem que o (cornavírus)
é inventado", disse Marvin Zelaya enquanto continuava limpando os espaços
onde os migrantes lavam as mãos.
Tranquilidade
no caos
Algumas semanas
atrás, o campo estava cercado pelo Instituto Nacional de Migração (INM) e pelas
autoridades municipais.
Hoje,
trabalhadores da Secretaria de Saúde de Matamoros monitoram os acessos, medem a
temperatura corporal e dão gel antibacteriano e máscaras faciais.
O trabalho
municipal aliviou um pouco a difícil situação dos migrantes, uma vez que a
maioria deles tinha participado de organizações civis locais e internacionais,
como a Cruz Vermelha ou os Médicos Sem Fronteiras.
"(Esse
apoio) nos incentivou um pouco, desde o começo com essa migração. Tínhamos medo
de que ficassem um pouco isolados, porque as autoridades de saúde não conseguem
lidar com isso", afirmou o presidente da organização Ajudando-os a Ter
Sucesso, Gladys Edith Cañas Aguilar.
A crise da
saúde aprofunda a situação frágil dos migrantes, que devem esperar até pelo
menos junho para serem atendidos por um tribunal dos EUA, que vai determinar se
eles têm futuro ou não nos Estados Unidos, explicou o ativista.
A espera é
longa, porque muitos migrantes perderam os empregos temporários devido à
pandemia e o México ordenou a interrupção de atividades não essenciais até pelo
menos 30 de maio.
"Fiquei
sem emprego e sem salário. No início, reduziram nosso salário para 60%, mas as
coisas ficaram complicadas, os clientes não vieram e nos suspenderam. Eu tive
que iniciar um negócio de doces e vender água fresca", disse o
guatemalteco Joel Vicente García, que até uma semana atrás trabalhava em um
restaurante.
Da EFE, com
R7
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