Presidente
reafirmou não interferir na corporação após diretor-geral, Rolando Souza,
convidar Carlos Henrique Oliveira para ser diretor-executivo do órgão
Bolsonaro disse
que não é investigado pela PF.Pedro Ladeira/Folhapress - 05.05.2020
O presidente
Jair Bolsonaro confirmou, nesta terça-feira (5), a saída do superintendente da
PF (Polícia Federal) no Rio de Janeiro, Carlos Henrique Oliveira, para assumir
o comando da direção executiva da corporação, segundo cargo mais alto no
escalão da PF (assista ao vídeo abaixo).
"Está
saindo de lá [superintendência do Rio] para ser diretor-executivo a convite do
atual diretor-geral. Não interferi em nada. Se ele fosse desafeto meu, se eu
tivesse ingerência na PF, não iria para lá", disse a jornalistas, na saída
do Palácio do Alvorada, em Brasília.
O presidente,
mais uma vez, falou sobre as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de
que Bolsonaro estaria interferindo na autonomia da PF e que a troca de
superintendente na PF do Rio de Janeiro poderia ter motivações
familiares.
"Não tem
nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal. Nem eu, nem meus filhos,
zero", afirmou.
Hoje, Bolsonaro
sequer ouviu as perguntas da imprensa que o aguardava na porta do Alvorada.
Mais que isso, o presidente mandou dois jornalistas "calarem a boca".
Para um deles, depois disparar um "cala a boca", emendou: "Não
te perguntei nada".
Na segunda-feira
(4), o governo publicou a nomeação do novo diretor-geral da PF, Rolando
Alexandre de Souza, em edição extra do DOU (Diário Oficial da União). Souza é
considerado o "braço-direito" de Alexandre Ramagem, diretor da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), então predileto de Bolsonaro para a
cadeira.
A posse de Souza foi realizada em cerimônia fechada, na
presença de outros ministros, menos de 1 hora depois da publicação do nome para
o comando da PF. A prática não é comum. Pelo contrário, jornalistas e
autoridades são convidados para cerimônias de posse de membros nomeados pelo
governo.
Com a chegada do novo diretor-executivo da PF, o
ex-superintendente da PF em São Paulo, Disney Rossetti, que ocupava a função,
deixa o cargo. Já chefia da superintendência no Rio de Janeiro passa a ficar
vaga, dando espaço para que Rolando Souza indique alguém para o posto.
Troca
polêmica
A troca no
comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro, estado que é base política do presidente
Jair Bolsonaro e de seus filhos, foi um dos motivos de divergência que
resultaram na saída do então ministro da Justiça Sérgio Moro, fator combinado
com a troca do diretor-geral da instituição, sem uma justificativa por parte do
presidente da República.
Essa
insistência na troca foi apontada por Moro como uma interferência política na
Polícia Federal e virou alvo de um processo na Justiça para investigar a ação.
Com a saída de
Moro, Bolsonaro conseguiu fazer a troca no comando da instituição, nomeando
inicialmente Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, que foi impedido de
tomar posse pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Giuliana
Saringer, do R7
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