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Segundo
investigação, aparelho sumido desde a morte do marido de Flordelis foi
conectado a chip em nome de Yvelise de Oliveira, casada com Arolde de Oliveira-
que não é investigado. Senador diz que ele e mulher se sentem 'caluniados'.
A Delegacia de
Homicídios de Niterói e São Gonçalo, da Polícia Civil do Rio de Janeiro,
intimou Yvelise de Oliveira a prestar esclarecimentos sobre o telefone celular
do pastor Anderson do Carmo. Ela é mulher do senador Arolde de Oliveira (PSD),
que não é investigado.
O aparelho
desapareceu dias após a morte
do pastor, em 16 de junho de 2019. Anderson do Carmo, marido da
deputada federal Flordelis (PSD), foi assassinado com vários tiros na garagem
da casa da família, em Pendotiba, Niterói, Região Metropolitana do Rio.
De acordo com
as investigações, após a morte, o aparelho da vítima foi conectado a um chip em
nome de Yvelise e utilizado no wi-fi da casa do senador Arolde, na Barra da
Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
Na análise dos
dados técnicos, segundo fontes ouvidas pelo G1, a equipe da
delegada Bárbara Lomba também descobriu que, horas depois de ser utilizado no
Rio, o aparelho foi levado para Brasília.
Na capital
federal, o celular teria sido conectado, ainda segundo as investigações, a um
wi-fi de outro endereço residencial, antes de desaparecer em definitivo.
Yvelise deve
prestar depoimento nos próximos dias, e a polícia pretende esclarecer de que
forma o aparelho foi parar no endereço onde ela reside com o senador e qual o
motivo do acesso aos dados com um chip em seu nome.
Nas eleições de
2018, Arolde de Oliveira se elegeu senador com mais de 2 milhões de votos. O
político tinha uma relação bem próxima ao casal Anderson e Flordelis. Além ser
exercer um papel de liderança no PSD, Arolde também é fundador do Grupo MK,
gravadora gospel dos discos da deputada. Yvelise é presidente da empresa.
Antes do final
de 2019, os investigadores tiveram acesso ao histórico de conversas e arquivos
do celular. A Delegacia de Homicídios tenta descobrir o paradeiro exato do
aparelho, desvendando por quais mãos ele passou até ser, de fato, inutilizado.
No fim de 2019,
as configurações do aparelho foram restauradas e, com isso, a polícia teve
acesso a informações como troca de mensagens, agendas e documentos particulares
da vítima.
O conteúdo do
aparelho diz respeito a questão familiares, já que as desavenças entre parentes
são tratadas como uma das linhas de investigação para o crime.
Ao longo das
investigações, a polícia descobriu que o telefone celular do pastor foi
utilizado horas depois de sua morte. Pelo menos, duas mensagens foram
repassadas do aparelho. A equipe de reportagem teve acesso ao conteúdo
encaminhado a grupos de amigos.
As mensagens
foram repassadas às 9h e às 10h07 de 16 de junho de 2019. Anderson foi
assassinado na madrugada do mesmo dia, ou seja, horas antes.
Após a
publicação da reportagem, em redes sociais, o senador Arolde de Oliveira
publicou uma declaração em que diz que ele e sua mulher estão "sem
chão" e se "sentindo caluniados e difamados".
Enteado e
filho do pastor presos
O enteado do
pastor e filho de Flordelis Flávio dos Santos e o filho adotivo do casal Lucas
dos Santos foram denunciados pelo crime e estão presos. Os dois respondem por
crime de homicídio qualificado.
O inquérito foi
desmembrado, e a polícia deu início à segunda fase da investigação para
identificar a participação de possíveis coautores no crime.
Várias
pessoas acessavam celular
Ao menos três
depoimentos diferentes ligam Flordelis ao aparelho celular do pastor.
A deputada
sempre sustentou que o aparelho desapareceu depois do crime e que ela não teve
contato com o celular. Michele, uma das irmãs de Anderson, disse para a polícia
que, no dia do crime, estava no quarto de Flordelis e observou quando a
namorada de Daniel, único filho biológico do casal, entregou para a deputada um
celular pequeno e cinza. Segundo o depoimento, Michelle tem absoluta certeza
que esse seria o telefone do pastor.
Daniel
confirmou para a polícia a versão de Michele. O rapaz disse ainda que viu o
celular na cena do crime, junto com a carteira de Anderson e o controle remoto
do portão da garagem.
O filho de
Anderson contou que pegou o telefone no chão para ligar para a família de sua
namorada, Emanuela.
Segundo o
depoimento, Daniel estava com o aparelho quando foi para o hospital para onde o
pai foi levado. Ele teria dado o celular para Emanuela assim que os dois
voltaram para a casa. Em seguida, ela repassou o aparelho para a pastora
Gleice, uma amiga da família. Segundo Daniel, depois disso ele não viu mais o
telefone do pai.
De acordo com o
depoimento do vereador de São Gonçalo Wagner Andrade Pimenta, conhecido como
Misael, outro filho adotivo de Flordelis e Anderson, a deputada federal pegou o
telefone do marido no mesmo dia de seu enterro.
Misael contou
que no dia do assassinato, por volta das 19h30, ele estava na igreja Ministério
Flordelis, em São Gonçalo, quando foi procurado pelo motorista da mãe, Márcio
da Costa Paulo, conhecido como Buba. O motorista disse que estava com o
telefone de Anderson do Carmo.
No dia seguinte,
logo depois do enterro, por volta de 12h30, Misael perguntou a Buba sobre o
telefone. A resposta do motorista foi que Flordelis tinha acabado de pedir o
celular e ele teria entregado. Em outra parte do depoimento de Misael, o filho
da deputada do PSD diz acreditar que Flordelis foi a mentora intelectual da
morte do marido, o pastor Anderson.
'Nós
quebramos o celular do Niel'
À polícia,
Misael contou ainda que durante uma reunião no quarto da mãe, dias após a
morte, ela teria escrito em um caderno os dizeres: “Nós quebramos o celular do
Niel e jogamos na ponte Rio-Niterói”.
Niel era o
apelido de Anderson na família. Em depoimento, o vereador afirma ainda que o
caderno passou pelas mãos de sua esposa, Luana, e de Daniel dos Santos, seu
irmão.
Em nota, a
Polícia Civil informou que o caso está sob sigilo.
A assessoria da
deputada Flordelis informou que ela não comenta a investigação da polícia no
caso.
Por Leslie Leitão e Marco Antônio Martins, TV
Globo e G1 Rio
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