© Dida
Sampaio/Estadão - 24/1/2019 O líder do governo
na Câmara,
major Vitor Hugo (PSL-GO).
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BRASÍLIA - Diante do clima tenso entre o presidente Jair
Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), usou o grupo
de WhatsApp do partido para criticar a chamada “velha
política”, logo após visitar o presidente.
“Nosso
presidente está certo e também convicto de suas atitudes”, escreveu o deputado.
“As práticas do passado não nos levaram ao caminho em que queremos estar. Todos
nós, em particular do PSL, somos agentes para ajudar a mudar a situação em que
nos encontramos”, escreveu. “Temos a possibilidade de escolher de que lado
estar... somos todos a nova política.”
Vitor Hugo
encaminhou duas mensagens com referência a supostas negociações de cargos nos
governos Michel Temer e Dilma Rousseff em
troca do apoio do Congresso pela aprovação da reforma como exemplos de “velha
política”.
A discussão no
grupo ao longo do dia foi intensa. Deputados reclamaram que só o DEM tem espaço
na Esplanada e protestaram pela falta de proximidade com o governo. A
manifestação do líder do governo na Câmara é mais um capítulo da turbulenta
relação que Executivo e Legislativo estão passando depois que Maia cobrou um
maior empenho do governo para a aprovação da reforma da Previdência.
Irritado com
ataques de bolsonaristas nas redes sociais, Maia disse ao Estado que
o governo é um “deserto de ideias”. O presidente rebateu dizendo que o perdoava
“pela situação pessoal que vive” – numa referência a prisão do padrasto da
mulher de Maia, o ex-ministro Moreira Franco.
No fim da
tarde, Vitor Hugo voltou a publicar no grupo. Desta vez em um tom mais
apaziguador, com referência à importância de Maia para a aprovação da reforma
da Previdência. “O apoio do Maia é importante para a aprovação da Nova
Previdência e também do pacote de lei anticrime. Ele mesmo tem sinalizado que
cabe ao governo montar sua base e queremos crer que o PSL é pedra fundamental
nesse processo”, afirmou.
Ele contou que
esteve reunido ao longo da semana com Maia e que também conversou com o
ministro da Justiça, Sérgio Moro. “Nesse momento tenso, precisamos buscar
pontes.”
Deputado de
primeiro mandato, mas com experiência técnica na Câmara, Vitor Hugo tem
trabalhado para vencer a falta de vivência política para exercer a função de
líder do governo. Ele convocou uma reunião da bancada para esta segunda. A
reportagem tentou contato com o deputado mas não teve retorno.
Já o líder do
PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), criticou a articulação política do governo
e afirmou que “é um grande equívoco continuar fazendo essa diferença entre nova
e velha política”. Ao Estadão/Broadcast, Waldir avaliou que Bolsonaro e o presidente da Câmara estão numa “acirrada
disputada pelo nada” e devem manter a calma.
“O governo não
precisa de oposição nesse momento. As ações de algumas pessoas do Executivo e
do Parlamento criam um tsunami maior do que qualquer pessoa. É necessário
amadurecimento”, afirmou.
Na semana
passada, as declarações do líder do partido de Bolsonaro na Casa de que a
proposta de Previdência dos militares é um “abacaxi” já haviam ecoado mal no
governo, e neste domingo Waldir voltou a subir o tom contra o governo. "Se
o governo quer aprovar a (reforma) da Previdência temos que dialogar mais,
reduzir essa zona de atrito, de discussões pela imprensa e pelas redes sociais.
Esse mundo virtual é extremamente sadio, ajudou a mudar o Congresso, mas agora
está sendo péssimo. Em alguns segundos uma publicação (na internet) derruba a
bolsa de valores e reduz credibilidade do País quando dois chefes de poderes
estão numa acirrada disputa pelo nada", disse Waldir.
As ações do
Rodrigo e do presidente, essa troca de farpas não é algo importantes para o
país. As pessoas estão morrendo por falta de emprego, segurança e saúde. Nós
temos que mudar a pauta parlamento. Coloquem suas divergências de lado",
sugeriu. Waldir também questionou a quem interessa o conflito entre Maia e
Bolsonaro neste momento e disse que espera que os dois se encontrem nos
próximos dias para resolver as divergências.
Camilla
Turtelli e Julia Lindner
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