O total de
candidatos aptos do PSL cresceu 113,8% entre as eleições de 2014 e 2018,
apontam dados do TSE. Já o PT, que era o partido com mais candidatos há quatro
anos, oscilou 1,8% e caiu para a terceira colocação.
O número de
candidatos do PSL passou de 680 nas eleições de 2014 para 1.454 neste ano, uma
alta de 113,8%, apontam dados do Tribunal Superior Eleitoral. Com o aumento, o
partido se tornou a sigla com mais candidatos nas eleições de 2018.
Em 2014, o
posto era ocupado pelo PT. Em 2018, porém, o partido teve uma alta de apenas
1,8% no número de candidatos, de 1.217 para 1.239, e passou a ocupar o terceiro
lugar.
Foram
considerados apenas os candidatos aptos em ambas as eleições. Isso quer dizer
que aqueles com candidaturas indeferidas ou que renunciaram não foram
contabilizados, já que não participaram efetivamente dos pleitos.
Segundo o
cientista político Rudá Ricci, presidente do Instituto Cultiva, dois movimentos
explicam a ascensão do PSL:
"Como o
[Jair] Bolsonaro [candidato à Presidência pelo partido] não tinha aliança
partidária, ele tinha que aumentar o máximo possível para ter cabos eleitorais
profissionalizados. Além disso, aumentou o número de candidatos evangélicos e
da bancada da bala, da segurança pública", diz o cientista político Rudá
Ricci.
"Embora
estejam espalhadas, pessoas que são policiais ou estão ligadas ao equipamento
de segurança pública estão mais alinhadas à direita ou a partidos que facilitem
a vida delas como candidatos", afirma.
Ainda segundo
Ricci, o PSL também está muito atrelado ao movimento antipetista em alta no
país. "Como ele [Bolsonaro] tem uma projeção pública fácil, esse tipo de
exposição ajuda. Em uma campanha milionária e curta como a que estamos tendo, a
projeção pública do líder ajuda os candidatos que falam 'sou do partido do
Bolsonaro' ou 'sou do partido do Lula'", diz.
Outros partidos
tradicionais, como o MDB e o PSDB, apresentaram queda. O MDB teve uma
diminuição de 5,8% no total de candidatos. Já o índice de baixa do PSDB foi de
8,6%.
De acordo com
Ricci, o motivo desse movimento partidário está muito atrelado ao governo
Temer. "Ele fez o PT aumentar a sua popularidade e fez o PSDB e o MDB
perderem", afirma. "Temos muitas pesquisas, inclusive uma encomendada
pelo Renan Calheiros, que revelava que, cada vez que ele aparecia com o Temer,
o índice de rejeição dele aumentava, e, a cada vez que aparecia com Lula,
diminuía. Por isso que ele foi paulatinamente se aproximando do Lula."
O efeito
cascata
O PSB, que era
o segundo partido com mais candidatos há quatro anos, caiu para a 13ª posição
nestas eleições.
Número de
candidatos do PT oscilou, e partido caiu da 1ª para
a 3ª colocação; já a alta do PSL o levou ao
topo — Foto: Igor Estrella/G1
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Em 2014, a
sigla participou da corrida presidencial com Eduardo Campos, o que pode ter
alavancado o número de candidaturas para outros cargos. O candidato,
porém, morreu
em um acidente aéreo em plena campanha. Em 2018, o partido não
apresentou candidato próprio para presidente da República.
O efeito
inverso pode ter acontecido com o PSL. Em 2014, a sigla não tinha candidato
para a residência. Já neste ano, concorre com Jair Bolsonaro.
A cientista
política e pesquisadora do Centro de Política e Economia do Setor Público da
FGV/SP Lara Mesquita afirma que candidatos a presidente precisam de uma
campanha estruturada que abranja todo o território nacional, mas diz que não
existem pesquisas que permitam fazer a ligação categórica entre o número total
de candidatos e a existência de um candidato concorrendo à Presidência.
Ela estabelece
também uma possível ligação com os candidatos a governo estadual. "Os
partidos que apresentam candidatos a presidente têm um número maior de
candidatos ao governo que os partidos que não têm", diz Mesquita.
O PSL, por
exemplo, só tinha dois candidatos a governos estaduais em 2014 (Araken e Paulo
Roberto, candidatos a governador e vice no Rio Grande do Norte). Neste ano, são
23 candidatos a governador e vice aptos até o momento. "Lançar mais
candidatos ao governo está relacionado a ter mais candidatos ao proporcional",
diz.
"Quanto
mais candidato, mais gente está fazendo campanha, pedindo voto. No material do
candidato a deputado, normalmente vem junto o [candidato ao] governo [do
estado] e menção ao candidato a presidente, e isso faz com que a campanha tenha
uma penetração maior", diz Lara Mesquista, da FGV/SP.
Ela destaca
também a importância do efeito da cláusula de desempenho. "Só vai ter
acesso aos recursos públicos nas eleições de 2020 quem tiver o desempenho de
1,5% nas eleições de 2018, 2% em 2022, 2,5% 2026 e 3,6% em 2030, quando
estabiliza. Ou seja, os partidos que tiverem esses mínimos de votos válidos em
um terço dos estados vão ter acesso aos recursos públicos, fundo partidário e
tempo de TV nas eleições de 2020. Quanto mais candidatos os partidos lançarem,
mesmo que seja uma votação muito pequena, pode contribuir para o partido ter o
mínimo necessário", diz.
Esse pode ser
um dos motivos por trás da alta do número de candidatos. Em 2014, eram 21.978
candidatos aptos; neste ano, são 27.284.
Partidos
'renovados'
Entre as altas,
chama a atenção também a presença de partidos novatos, como o PROS, que foi
fundado em 2010 e teve um dos maiores aumentos (155,2%). Partidos que tiveram
trocas recentes de nomes, como Patriota (ex-PEN), Avante (ex-PT do B) e Podemos
(ex-PTN), também se destacam nas altas.
Em ambas as
eleições, o PCO e o PCB são os partidos com menos candidatos. Apesar disso, o
PCO teve um aumento significativo no total de candidatos: passou de 33 aptos em
2014 para 115 em 2018.
*Estagiária,
sob supervisão de Vitor Sorano
Por Clara Velasco e Gabriela Sarmento*, G1
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