Segundo a
denúncia, ao iniciar mandato, ex-prefeito de São Paulo pediu R$ 2,6 milhões ao
ex-presidente da UTC. Assessoria de Haddad demonstrou surpresa com denúncia no
período eleitoral.
O Ministério
Público de São Paulo denunciou o ex-prefeito de São Paulo e candidato a
vice-presidente Fernando Haddad (PT) por corrupção passiva, lavagem de dinheiro
e formação de quadrilha por suspeita de pedir R$ 2,6 milhões à construtora UTC
Engenharia para pagamento de dívidas de campanha.
Em nota, a
assessoria de Haddad demonstrou “surpresa” com a denúncia em período eleitoral,
afirmando que o delator do caso, o ex-presidente da UTC teve delações negadas
pela Justiça (veja mais abaixo).
Segundo a
denúncia, o pedido de recursos ao ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa, entre
abril e maio de 2013, foi feito por meio do então tesoureiro nacional do PT,
João Vaccari Neto, que pretendia obter inicialmente R$ 3 milhões para o
pagamento de trabalhos feitos à campanha por uma gráfica que pertencia ao
ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, conhecido como “Chicão”.
O promotor
Marcelo Mendroni, autor da denúncia, diz que Vaccari Neto “representava e
falava em nome de Fernando Haddad”.
O MP argumenta
que houve um encontro pessoal do presidente da UTC com Haddad, conforme consta
na agenda dele, após assumir a Prefeitura de São Paulo, em fevereiro de 2013. O
documento aponta ainda que Ricardo Pessoa possuía uma “contabilidade paralela”
relativa “a propinas pagas em decorrência de contratos de obras da UTC com a
Petrobras, como “dívida a saldar em pagamentos indevidos de propinas” de R$ 5
milhões.
O promotor, que
integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem
de Dinheiro e de Recuperação de Ativos, diz que houve uma negociação direta
para o pagamento da dívida da campanha com a gráfica entre a UTC e o diretor
financeiro da gráfica, reduzindo o valor para R$ 2,6 milhões.
A distribuição
do dinheiro ocorreu, ainda segundo a denúncia, através de um esquema montado
pela UTC por “contratos de prestação de serviço fictícios ou superfaturados”,
de forma que os valores voltavam para a construtora e eram repassados a contas
de caixa 2 junto ao doleiro Alberto Youssef, um dos delatores de esquemas de
desvios de recursos públicos na Petrobras e no governo federal no âmbito da
operação Lava Jato, investigada pela Polícia Federal e o Ministério Público
Federal.
Os pagamentos
foram feitos através de Youssef de forma dissimulada para a gráfica de Chicão,
afirma o MP: parte foi levada, em espécie, na garagem do escritório dele aos
sábados pela manhã e parte transferida a contas bancárias por empresas e
pessoas interpostas com o objetivo de dissimular a origem do dinheiro.
Para o
promotor, Haddad foi beneficiado “indiretamente” do pagamento e da dissimulação
do dinheiro, e o PT, ‘diretamente”. “Ele foi beneficiário final do pagamento da
dívida”, disse o promotor.
Além de Haddad,
também foram denunciados o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-deputado
Francisco Carlos de Souza, o ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa, o doleiro
Alberto Youssef e o então diretor financeiro da construtora, Walmir Pinheiro
Santana.
Defesas de
Haddad e Vaccari contestam
Em nota, a
assessoria de imprensa de Haddad disse que “surpreende que, no período
eleitoral, uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer
prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo,
contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando
Haddad”.
Segundo a
defesa de Haddad, “é notório que o empresário já teve sua delação rejeitada em
quase uma dezena de casos e que ele conta suas histórias de acordo com seus
interesses. Também é de conhecimento público que, na condição de prefeito,
Haddad contrariou, no segundo mês de seu mandato, o principal interesse da UTC
de Ricardo Pessoa na cidade: a obra confessadamente superfaturada do túnel da
avenida Roberto Marinho”.
A defesa de
Vaccari informou o que o delator fala "não procede". "O Sr.
Vaccari jamais fez essa solicitação. Isso é somente palavra de delator, sem
qualquer comprovação, pois não retrata a verdade. Até porque o Sr. Vaccari
nunca foi tesoureiro de campanha de quem quer que seja, ele foi tesoureiro do
partido", declarou o advogado Luiz Flávio D´Urso.
Por G1SP
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