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© Fornecido
por AFP Protesto de petroleiros
em São Paulo, em 30 de maio de 2018.
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Enquanto os
petroleiros de Brasil suspendiam nesta quinta-feira sua greve ameaçados por
elevadas multas, o governo de Michel Temer calculava uma forma de pagar as
concessões dadas aos caminhoneiros para pôr fim ao movimento de massa que
paralisou o país.
Embora a greve
de 72 horas iniciada na quarta-feira pelos trabalhadores petroleiros prometesse
abrir uma novo frente de batalha contra Temer, a Federação Unificada de
Petroleiros (FUP) recomendou na manhã desta quinta-feira que o movimento
recuasse, depois que a justiça elevou para 2 milhões de reais multas aos
sindicatos que participassem dessa convocatória considerada ilegal.
"A greve
foi encerrada em mais de 95% das unidades", confirmou à tarde a Petrobras
em um comunicado, assegurando que não houve impacto na produção nem risco de
desabastecimento.
A greve pedia,
entre outras coisas, a demissão do presidente da empresa, Pedro Parente, e
também o fim de sua política de preços, que desde 2016 faz ajustes diários,
considerando as cotações do mercado internacional, contribuindo para o aumento
dos preços dos combustíveis.
Com pouco
impacto concreto, a mobilização dos trabalhadores petroleiros aconteceu em meio
à crise do governo após a greve dos caminhoneiros, que só começou a ser
desbloqueada na terça-feira, depois de nove dias de estradas fechadas.
Com
caminhoneiros parados nas estradas e se recusando a entregar carregamentos,
cidades inteiras ficaram sem gasolina e sem alimentos frescos por mais de uma
semana. Aeroportos também enfrentaram dificuldade com o abastecer seus aviões.
Tudo isso fez que as refinarias ficassem cheias de combustível, minando os
efeitos da paralisação dos petroleiros.
- "Graças
a Deus" -
A freve dos
caminhoneiros, que pegou todo mundo de surpresa, enfraqueceu ainda mais o
governo Temer, que precisou pedir ajuda às Forças Armadas e acabou tendo que
ceder às exigências de redução do preço do diesel.
"Graças a
Deus, nós estamos encerrando essa greve dos caminhoneiros por uma atitude minha
que, muitas e muitas vezes, tem sido criticada, o diálogo", disse Temer
nesta quinta-feira em um ato em um templo da Assembleia de Deus.
"Acho que
fui chamado no dia de hoje (...) iluminado por Deus", afirmou.
- Pagar as
contas -
Com o retorno à
normalidade no país, o governo Temer precisa agora dar um jeito de pagar os 9,6
bilhões de reais dos subsídios prometidos aos caminhoneiros para aliviar os
gastos do diesel.
As medidas
publicadas na quinta-feira incluíam corte de incentivos para as empresas
exportadoras, cortes de apoio à indústria química e cortes em programas sociais
de saúde e educação.
Todos esses
cortes serão feitos sem que o governo tenha anunciado medidas para evitar
futuros confrontos, já que o desconto do diesel prometido aos caminhoneiros
durará somente 60 dias.
Os petroleiros
disseram que a suspensão da greve era uma retirada temporária e uma
advertência, na medida que pretendem parar indefinidamente em meados de junho.
Temer se
encontra agora entre a hostilidade cada vez maior da opinião pública e seu
desejo de manter os mercados satisfeitos com suas políticas de austeridade e
reformas liberais para recuperar a economia.
A autonomia de
preços da Petrobras, garantida desde 2016, foi apresentada como uma
medida-chave para fazer a Petrobras crescer, depois de ter estado no centro de
escândalos de corrupção.
Pressionado,
Temer chegou a sugerir nesta semana que poderia reconsiderar essa política, mas
na quarta-feira enviou uma nota para tranquilizar os investidores ressaltando
que seu governo a manterá.
AFP

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